Euro à beira de um colapso? Buffett e Soros criticam crise fiscal europeia

Megainvestidores avaliam que é preciso usar recursos de ajuda à países isolados para reforçar sistema bancário de toda a região

Anderson Figo

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SÃO PAULO – A hipótese de um colapso do euro está longe de ser algo impensável, destacou nesta quinta-feira (24) o megainvestidor Warren Buffett, em entrevista à CNBC. A visão de Buffett reflete o mais novo capítulo na crise fiscal europeia, que voltou ao radar do mercado nesta semana, após ter sido ofuscada pelos conflitos no norte da África e no Oriente Médio, bem como a crise nuclear no Japão.

Desta vez, os olhos se voltam para a economia portuguesa. Com a dívida soberana comprometendo boa parte do PIB (Produto Interno Bruto) de Portugal, o parlamento do país tentou sem sucesso nesta semana aprovar um plano de ajuste para estabilizar a economia.

O veto do projeto custou a renúncia do primeiro-ministro português, José Sócrates, fazendo com que os riscos fiscais aumentassem, disse nesta quinta-feira Douglas Renwick, diretor da Fitch, após a agência de classificação de risco rebaixar os ratings de longo prazo em moeda local e estrangeira de Portugal, sendo que as notas também foram colocadas em revisão negativa. A nota de curto prazo também foi cortada.

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Assim, diante desse agravamento da situação fiscal no país, parece cada vez mais concreto que Portugal possa ser a terceira economia da Zona do Euro a recorrer ao FMI (Fundo Monetário Internacional). Isso aumenta a preocupação do mercado, uma vez que a economia portuguesa tem importância maior em relação às demais que precisaram desse tipo de ajuda – Irlanda e Grécia.

“Você não pode ter três ou quatro ou cinco países que estão em ‘corrida livre’ sobre outras economias. Isso não irá funcionar ao longo do tempo. Eles têm que colocar suas autoridades fiscais em razoável harmonia”, destacou Buffett. Apesar disso, o megainvestidor afirmou que terão “muitos esforços” para preservar o euro, mesmo reforçando sua tese de que as economias periféricas da região deverão encontrar uma maneira de resolver seus próprios problemas fiscais.

Atenção ao sistema bancário
Outro megainvestidor tido como lenda no mercado de hedge funds, George Soros acredita que a solução para crise fiscal na Europa é a utilizar os recursos atualmente destinados a resgatar países isolados da região para fortalecer o sistema bancário do Velho Continente como um todo.

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Soros destacou em nota nesta quinta-feira que se a Europa não assumir o controle de seus bancos ela terá “algo pior que uma década perdida”. O executivo afirmou ainda que a utilização dos recursos do EFSF (Fundo Europeu de Estabilidade Financeira) no setor bancário da Zona do Euro ajudaria a restabelecer a confiança sobre a Europa.

Na ótica de Soros, as dívidas soberanas das economias periféricas do Velho Continente deverão ser convertidas em “Eurobonds” para ajudar os países a sairem da crise. Além disso, Soros também criticou a Alemanha, maior economia da Zona do Euro, por não assumir a responsabilidade de ajudar a região, limitando-se a apenas contribuir no resgate de nações falidas como forma de proteger seu próprio sistema bancário.