Opções à crise passam por velhos instrumentos da política monetária

Tradicional emissão de moeda é um dos mecanismos a ser utilizado pela equipe comandada por Ben Bernanke

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – O duro golpe aplicado pelo Congresso norte-americano na última segunda-feira (29), ao rejeitar o pacote “anti-crise”, põe à prova os interlocutores de política econômica dos EUA.

Sem a ajuda de até US$ 700 bilhões, o Federal Reserve vê seu horizonte de alternativas se restringindo. Em mãos, a tarefa de dar liquidez ao setor financeiro. A solução, uma das mais triviais possíveis, recorrente nos manuais de macroeconomia – a emissão de moeda.

Antes mesmo do pacote para socorrer o sistema financeiro, o Fed já promovia uma política monetária expansionista, como as quantias bilionárias injetadas no mercado e a expansão das linhas de swap com outros bancos centrais.

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Em conjunto, o Tesouro norte-americano vem aplicando uma série de medidas para financiar o gasto do Banco Central, ambos dispostos em utilizar todos os artifícios para conter as mazelas.

Crise de confiança

Muito mais que salvar as instituições financeiras, o Fed quer atrair confiança ao sistema financeiro, demonstrar para os participantes do mercado que este é um ambiente amistoso e com risco reduzido.

Em entrevista ao jornal The New York Times, Laurence H. Meyer, vice-diretor da Macroeconomic Advisers, lembra, no entanto, que “as medidas de liquidez são um paliativo”, sem conseguir isoladamente conter o risco sistêmico.

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“Essas tentativas pouco ou nada contribuíram para aumentar a confiança nos mercados financeiros”, alerta a reportagem. Prova disto são os Treasuries de três meses norte-americanos, que alcançaram rendimento de apenas 0,29%, indicando uma fuga em massa até aos títulos de renda fixa.

A desconfiança é tanta que os bancos apelam à linha emergencial de crédito dos bancos centrais, restringindo o crédito interbancário, uma das principais vias para as instituições financeiras capitalizarem recursos.

Todas as esperanças concentradas no plano

Apesar de rejeitado, as autoridades norte-americanas depositam grande esperança que nesta semana o plano “anti-crise” seja colocado mais um vez em pauta, e que um esforço conjunto entre os legisladores do Congresso e o Governo resulte na aprovação do projeto.

Como disse Henry Paulson, depois de rejeitado o projeto, “precisamos reapresentar algo que funcione”. Enquanto aguarda, Paulson garante que o Tesouro está usando todos os dispositivos para enfrentar a crise, ao mesmo tempo em que já lançou o alerta – “a nossa caixa de ferramenta é substancial, mas insuficiente.