Economia e política: por que os EUA intervieram no mercado de Petróleo?

Se a intervenção era uma necessidade, por que ela não ocorreu quando os preços da commodity atingiram seus picos?

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SÃO PAULO – Os investidores foram pegos de surpresa nesta quinta-feira (23) pelo anúncio de que 28 países – liderados pelos EUA – decidiram intervir no mercado global de petróleo com a oferta total de 60 milhões de barris, o que gerou uma dramática e imediata queda dos preços.

Mas, além da surpresa, o que incomodou os mercados foi o momento estranho para a adoção de uma medida tão forte. Se a intervenção era uma necessidade, por que ela não ocorreu quando os preços da commodity atingiram seus picos?

No caso do petróleo tipo Brent, referência para o mercado europeu, esse momento poderia ter sido entre o final de março e o começo de abril, quando as cotações mantiveram-se na faixa entre US$ 120 e US$ 130 por barril. Nas últimas semanas, os preços já recuavam para um patamar próximo de US$ 115.

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Estímulo
Um dos motivos talvez seja a demora para a costura de um acordo entre os membros da IEA (Agência Internacional de Energia). Será apenas a terceira vez em que os países do grupo decidem agir de modo coordenado e liberar suas reservas, estimadas em 1,6 bilhão de barris, apenas para o uso em emergências.

Também não se pode esquecer que a queda não foi suficiente para trazer os preços ao nível de meados de 2010 – abaixo dos US$ 100. Em um ano, a alta ainda beira os 40% – mesmo com a queda desta sessão.

Mas os Estados Unidos poderiam ter decidido agir sozinhos, uma vez que metade da oferta definida pela IEA sairá de suas reservas estratégias.

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Com tantos problemas no cenário econômico global, o que os países europeus e os EUA menos precisam é da persistência de pressões inflacionárias por conta de energia e, dada a dependência da economia global do petróleo, a solução parece fazer sentido.

Se não é possível ampliar os gastos públicos – por conta da delicada situação fiscal -, nem realizar novos estímulos monetários, promover a redução dos preços de petróleo pode estimular a economia por ter um efeito ao longo de toda a cadeia produtiva – transportes, alimentos, energia.

Político ou econômico?
Outra hipótese é que a medida seja uma demonstração de força política, por conta das dificuldades enfrentadas pelas forças que buscam a saída de Muammar Ghadaffi do poder na Líbia.

Longe de uma solução, a estimativa da IEA é que o conflito tenha drenado cerca de 132 milhões de barris dos mercados até o mês de maio.

Também pode ser encarado como uma resposta à falta de acordo da Opep (Organização dos países exportadores de petróleo) sobre a elevação de sua produção, a fim de compensar o hiato deixado pelo Líbia.