Como João Amoêdo conquistou patrimônio de R$ 425 milhões

Em evento nesta semana, o candidato do Novo comenta que começou a carreira como trainee de banco

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – João Amoêdo, candidato à presidência da república pelo Novo, chocou os eleitores brasileiros ao declarar patrimônio de R$ 425 milhões – metade aplicado em renda fixa.

Levando em conta apenas o valor aplicado em renda fixa (nada menos que R$ 217 milhões), o ex-executivo do setor bancário deve obter uma renda mensal superior a R$ 1 milhão, considerando um CDB conservador com rentabilidade de 100% do CDI.

Caso o candidato possua um CDB com rendimento de 120% do CDI, como os disponíveis na plataforma da XP Investimentos, Amoêdo teria um rendimento anual de quase R$ 16 milhões.

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Nesta semana, após questionamentos sobre sua carreira e até sua lucidez, por expor valores tão altos, apareceu em um vídeo comentando como chegou a ter tal quantia em bens e aplicações.

Diferentemente de uma parcela dos eleitores, Amoêdo considera “favorável” a diferença patrimonial que ostenta frente aos demais candidatos. “Trabalhei na iniciativa privada a vida toda”, diz.

“A gente vê pessoas que entraram para a política e da política saíram ricos. Eu estou fazendo o movimento contrário: comecei do zero como trainee em um banco, trabalhei bastante e construí esse patrimônio”, complementa.

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O candidato acrescentou, ainda, que agora pretende devolver um pouco disso ao país: “tenho dedicado os últimos 8 anos da minha vida ao Novo e pagando tudo isso do meu próprio bolso”. Em 2016, o Valor noticiou que Amoêdo desembolsou R$ 4,5 milhões para viabilizar o partido.

Neste vídeo, Amoêdo menciona rapidamente que iniciou a carreira como trainee de um banco. No site oficial da candidatura, o partido descreve com um pouco mais de detalhes esta trajetória.

Após completar as graduações de Engenharia Civil na UFRJ e Administração de Empresas na PUC-Rio, o então jovem profissional ingressou no programa de Trainee do Citibank, dentro do qual foi promovido a gerente 3 anos depois, aos 25. De partida, vale lembrar que grandes bancos tendem a pagar bônus de produtividade a seus funcionários, além do salário – e que estes valores crescem exponencialmente conforme a hierarquia.

Logo no ano seguinte, ingressou no BBA. Um tempo depois, tornou-se Diretor Executivo, e em 1999 assumiu a gestão da Fináustria, financeira do banco. O site do candidato credita à sua gestão a transformação da empresa, então deficitária, em uma operação lucrativa.

Como se sabe, a Fináustria foi comprada em 2002 por 3 vezes seu valor patrimonial (R$ 650 milhões) dentro do negócio de R$ 3,3 bilhões que transformou o BBA em uma empresa do Itaú. Neste negócio, é razoável intuir que Amoêdo fosse acionista relevante da empresa que presidia e tenha levantado parte importante de sua fortuna inicial.

Ainda segundo o site da candidatura, Amoêdo foi convidado a assumir a vice-presidência do Unibanco em 2004 e, um ano depois, deixou este cargo para se tornar membro do Conselho de Administração. No fim de 2008 foi que o Itaú e o Unibanco anunciaram a fusão que criaria o maior banco do hemisfério sul. “Em 2009, passou a fazer parte do conselho de administração do Itaú-BBA, cargo que ocupou até 2015”, complementa o site do candidato. Ele também foi membro do conselho de administração da empresa João Fortes Engenharia.

Vale lembrar que ganhar dinheiro não é o suficiente para construir – e manter – patrimônio milionário.

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A declaração patrimonial de Amoêdo demonstra que o candidato é altamente conservador em sua carteira de investimentos, aplicando mais da metade do que possui em renda fixa (as carteiras de todos os candidatos podem ser vistas aqui).

Outras parcelas relevantes estão em cotas de empresas e fundos de investimentos. Confira os bens discriminados:

Bem declarado Valor do bem Part %
Aplicação de renda fixa (CDB, RDB e outros) R$217.538.262,19 51,2%
Quotas ou quinhões de capital R$120.223.573,67 28,3%
Fundo de Longo Prazo e Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC) R$44.267.410,59 10,4%
APARTAMENTO R$16.478.874,02 3,9%
Fundos: Ações, Mútuos de Privatização, Invest. Empresas Emergentes, Invest.Participação e Invest. Índice Mercado R$11.063.444,34 2,6%
Casa R$6.456.171,49 1,5%
Embarcação R$4.127.245,00 1,0%
Jóia, quadro, objeto de arte, de coleção, antiguidade, etc. R$1.173.645,00 0,3%
TERRENO R$1.021.146,63 0,2%
Crédito decorrente de empréstimo R$780.000,00 0,2%
VEÍCULO AUTOMOTOR R$621.000,00 0,1%
SALA OU CONJUNTO R$504.800,00 0,1%
outros bens e direitos R$390.300,00 0,1%
Título de clube e assemelhado R$350.858,89 0,1%
Caderneta de poupança R$59.552,61 0,0%
Depósito bancário em conta corrente no País R$9.402,19 0,0%
Ações (inclusive as provenientes de linha telefônica) R$1.298,84 0,0%
TOTAL R$425.066.985,46 100,0%

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney