PL da Eletrobras: quem ganha e quem perde na bolsa com rejeição no Senado

Eletrobras ficou sem solução para o problema de déficit de geração das hidrelétricas, mas a Equatorial pode ter um efeito positivo no médio prazo

Paula Zogbi

Usina Hidrelétrica de Tucuruí *** Local Caption *** Comportas abertas da usina de Tucuruí

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SÃO PAULO – Desde 10 de julho, quando a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei que permitiria a privatização de 6 distribuidoras da Eletrobras, a ação da empresa na bolsa (ELET3) subiu 36%. A promessa era que a venda poderia ser capaz de resolver o problema do déficit de geração das hidrelétricas (GSF, na sigla em inglês), da ordem de R$ 8,8 bilhões.

Na última terça-feira (16), porém, o Senado rejeitou o mesmo PL por 34 votos a 18. O leilão de privatização da Amazonas, que estava marcado para o próximo dia 25 e era considerado estratégico para o setor, provavelmente será adiado.

Sem uma solução de governança para o déficit bilionário, a maior probabilidade é que a conta seja paga pelo consumidor final através do aumento das tarifas de energia. Analistas do setor apostam, ainda, em alto número de demissões nas distribuidoras, especialmente a própria Amazonas.

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“A notícia é negativa para a Eletrobras e para o setor elétrico, pois não haverá a aprovação de outras medidas como a solução para o déficit hidrológico, que paralisa o mercado de energia de curto prazo”, diz a XP Investimentos. 

Para o Bradesco BBI, é altamente improvável uma liquidação completa da distribuidora, embora esse parecesse o cenário “normal” em um caso como este. “Seria um risco muito grande devido ao impacto financeiro desconhecido na Eletrobras, no governo e, em última instância, na segurança no fornecimento de energia para a região”, diz Francisco Navarrete, analista do banco.

“Em um cenário pessimista, a empresa precisaria ser extinguida, com impactos negativos de R$14 bilhões no balanço da Eletrobras”, estimaram analistas do Brasil Plural em relatório. 

Mas pessimismo não é o clima do mercado neste momento. Nesta quarta, primeiro pregão após o revés no Senado, a ação da Eletrobras chegou a cair 12%, mas a reação foi rápida: já no início da tarde, o papel havia amenizado a queda para 2%

Equatorial

Segundo analistas do BTG Pactual, uma empresa ainda pode ver efeitos positivos no médio prazo com a decisão do Senado.

A Equatorial (EQTL3), cuja alta foi consideravelmente menor que a média do setor no último mês, era a mais provável vencedora do pleito pela compra da Amazonas, já que a Energisa não participaria do leilão. Sem essa transação, a companhia talvez não tenha de buscar injeção de capital – e essa necessidade pode ser a razão que tem feito a ação performar pior que o restante do setor.

Por ora, a empresa não sofre efeitos fortes referentes à notícia. No pregão desta quarta, o papel apresenta baixa tímida de 0,7%. 

Bolsonaro

Jair Bolsonaro, candidato de melhor desempenho nas pesquisas de intenção de voto para a presidência do país, pode reverter a decisão do Senado, de acordo com os analistas.

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Embora o candidato do PSL não tenha a intenção de privatizar setores estratégicos, como a geração de energia, a distribuição possivelmente está nos planos de privatização para seu eventual governo. Por isso, a análise mais aceita é a de que a privatização da Amazonas foi apenas adiada, e não cancelada completamente.

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney