Petrobras cai mais de 3%, Marcopolo dispara 12% com ANTT e Gol despenca 7%

Ainda ficaram no radar dos investidores as ações da CSN, que fecharam com fortes ganhos após a divulgação de seus resultados para o quarto trimestre de 2014

Paula Barra

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SÃO PAULO – O dia foi de estabilidade para a Bolsa, com o Ibovespa fechando próximo à estabilidade, com leve perda de 0,05%, a 48.880 pontos. O motivo da virada foram as ações da Petrobras, que após chegarem a subir quase 4% fecharam com queda de mais de 3% com informações de que o ministro da Fazenda Joaquim Levy não irá mais autorizar operação que daria cerca de R$ 9 bilhões à companhia.

Na ponta negativa ainda estiveram as ações da Gol, que sofreram hoje o segundo corte de recomendação em dois dias. Entre os destaques positivos estiveram as ações da CSN, que dispararam em meio à divulgação de seus resultados para o quarto trimestre de 2014. A CSN informou que lucrou R$ 66,992 milhões no quarto trimestre, invertendo prejuízo de R$ 250,388 milhões registrado no trimestre imediatamente anterior.

No topo dos ganhos do Ibovespa fecharam as ações da Marcopolo, após a ANTT publicar hoje minuta da resolução que regulamentará o modelo de autorização das linhas interestaduais e internacionais de transporte rodoviário.

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Confira abaixo os principais destaques desta sessão:

Petrobras (PETR3, R$ 8,28, -2,24%; PETR4, R$ 8,50, -3,30%)
As ações da Petrobras fecharam em queda com notícia de que Joaquim Levy não vai mais autorizar operação em que a Petrobras emitiria títulos lastreados no crédito de cerca de R$ 9 bilhões que a companhia tem junto à União e à Eletrobras, segundo uma fonte do governo que pediu anonimato porque a decisão não é pública. 

Levy teria “abandonado” Petrobras para garantir manutenção do rating do Brasil

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Segundo fontes, Levy “abandonando” a Petrobras pode ter sido como um “deal breaker” na manutenção do grau de investimento soberano em detrimento da estatal. Levy não quer usar o Tesouro para socorrer estatais diante do rebaixamento da nota brasileira, lembrando que a Standard & Poor’s e Fitch Ratings estavam em Brasília. “Ou seja, o governo teve que escolher entre salvar o grau de investimento da Petrobras ou o próprio”, comentou a fonte. 

Em consequência, mais um corte na nota da Petrobras será inevitável. “Isso é um baita sinal de que a perda do grau de investimento da Petrobras é iminente”, disse a fonte, citando ainda o rebaixamento de ratings pela Fitch nesta quinta-feira de empresas expostas à Petrobras. A revisão veio por a agência enxergar risco de que a companhia não honre seus contratos. A Fitch cortou hoje os ratings da Shahin e da Queiroz Galvão Óleo e Gás. 

Marcopolo (POMO4, R$ 2,32, +12,08%)
As ações da Marcopolo dispararam hoje com investidores na expectativa de abertura de audiência pública para a regulamentação do modelo de autorização das linhas interestaduais de transporte rodoviário. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) publicou hoje minuta da resolução que regulamentará o modelo de autorização das linhas interestaduais e internacionais de transporte rodoviário, que vinha sendo aguardada pelo mercado por conta de seu impacto em empresas como a fabricante de carrocerias de ônibus Marcopolo. A minuta da resolução publicada nesta quinta prevê o enquadramento das empresas de transporte em quatro perfis, de acordo com a capacidade operacional, e dos ônibus em três tipos, de acordo com indicadores técnicos. 

Linhas de até 150 quilômetros poderão ser operadas pelas empresas com ônibus de menor potência, de 210 cavalos, e motor dianteiro ou traseiro. As linhas de 151 a 500 quilômetros poderão ser operadas pelos ônibus tipo B, com 300 CV, e as acima de 801 quilômetros somente pelo tipo C, com 340 CV, ambos com motor necessariamente traseiro.

Na divulgação do resultado do último trimestre de 2014, a Marcopolo disse que a indefinição sobre os termos e condições do modelo de autorização das linhas interestaduais tem impactado o mercado de ônibus no início de 2015.

Vale (VALE3, R$ 18,86, 0,00%; VALE5, R$ 16,30, -0,18%)
As ações da Vale fecharam estáveis depois de subirem mais de 3% nesta manhã. No radar, a companhia teve recomendação rebaixada pelo Bank of America Merrill Lynch. O banco cortou as ações da mineradora de neutra para underperform (desempenho abaixo da média).

CSN (CSNA3, R$ 5,35, +7,06%)
Entre as empresas que divulgaram balanços entre a noite de ontem e nesta manhã, a CSN informou que lucrou R$ 66,992 milhões no quarto trimestre, invertendo prejuízo de R$ 250,388 milhões registrado no trimestre imediatamente anterior, principalmente devido ao maior lucro bruto e melhor resultado financeiro. Segundo a XP Investimentos, o resultado surpreendeu positivamente, apontando que apesar do cenário macroeconômico desafiador, principalmente no mercado doméstico, a alta do dólar frente ao real deve influenciar positivamente a empresa. Além do balanço, a siderúrgica anunciou ontem o pagamento de dividendos aos seus acionistas no montante de R$ 275 milhões, correspondentes a R$ 0,20263 por ação. 

JBS (JBSS3, R$ 12,87, -1,61%)
Apesar do resultado ter sido considerado bom por analistas, as ações da JBS fecharam em queda nesta quinta-feira. A maior produtora global de carnes teve lucro líquido de R$ 618,8 milhões no quarto trimestre, valor mais do que quatro vezes superior ao do mesmo período de 2013, embora a JBS Mercosul, principal unidade da companhia, tenha tido piora no desempenho operacional em meio a um aumento dos preços do boi gordo. Segundo a Planner Corretora, o resultado foi expressivo puxado pelo crescimento em todas suas unidades de negócios e pelo incremento na sua geração de caixa com correspondente aumento da rentabilidade e de margem. 

Pesa sobre a companhia a notícia caso de gripe aviária no Arkansas, que ameaça exportações de frango dos Estados Unidos. O Conselho de Exportações de Aves e Ovos dos EUA disse esperar que 30 a 40 novos países imponham restrições para a compra de aves e ovos do país, em um mercado de exportação que totaliza US$ 5,7 bilhões anuais. Ontem, as ações da JBS já caíram 3,4%. A JBS tem exposição ao mercado americano pela Pilgrim’s Pride, uma divisão da brasileira. 

BR Malls (BRML3, R$ 15,57, +1,30%)
A BR Malls divulgou resultado sólido no quarto trimestre, comentou a Guide Investimentos. A receita líquida da companhia totalizou R$ 404,2 milhões, crescimento de 7,5% na comparação anual; se excluir as vendas de participação realizadas nos últimos 12 meses, a receita líquida teria crescido 10,3%. Segundo a corretora, o número evidência a resiliência e a proteção contra a inflação do resultado da companhia. Além disso, ficou marginalmente acima das projeções do mercado de R$ 401,4 milhões.  

Gol (GOLL4, R$ 8,70, -6,85%)
As ações da Gol fecharam em queda hoje em meio ao segundo corte de recomendação em dois dias. Depois de ter sido cortada ontem pelo Bank of America Merrill Lynch, hoje a companhia foi rebaixada pelo Santander de compra para manutenção. Segundo os analistas, o rebaixamento reflete postura mais cautelosa baseada na depreciação de 18% do real em 2015 e a expectativa de alguma fraqueza na rentabilidade do primeiro semestre deste ano, apesar da racionalização da capacidade. 

Randon (RAPT4, R$ 3,60, +4,96%)
A companhia encerrou o quarto trimestre com queda de 17,3% no lucro líquido consolidado, para R$ 39,6 milhões. A receita líquida recuou 16%, para R$ 911,5 milhões, enquanto o Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) caiu 11,6%, para R$ 103,4 milhões. 

Sabesp (SBSP3, R$ 17,00, +5,66%)
Em menos de duas semanas, o sistema Cantareira já recebeu mais da metade do volume de chuvas da média histórica para março, chegando a 14% de sua capacidade nesta quinta-feira (12). Segundo dados da Sabesp, o volume no mês já está em 131,5 mm, ante uma média de 178,0 mm para os 31 dias. Em 12 de fevereiro, há exatamente um mês, os reservatórios estavam em 6,7%, ou seja, menos que a metade do patamar atual. 

B2W (BTOW3, R$ 20,99, +7,70%)
As ações da B2W fecharam com fortes altas antes da divulgação dos resultados do quarto trimestre. A companhia irá reportar os números após o fechamento deste pregão.  

Educacionais
As ações das educacionais fecharam com ganhos hoje apesar das incertezas que ainda rondam o setor. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, um novo sistema unificado limitará a quantidade de vagas de financiamento do Fies (programa de financiamento estudantil). A mudança deve ocorrer já a partir do segundo semestre deste ano. O critério de vagas deverá ser definido, principalmente, pelo orçamento disponível. Segundo a Guide Investimentos, a percepção  de risco no setor segue elevada e as ações devem seguir voláteis apesar de atrativas. Hoje, as ações da Kroton (KROT3, R$ 10,05, +5,57%), Estácio (ESTC3, R$ 15,99, +0,82%), Anima (ANIM3, R$ 16,00, +2,24%) e Ser Educacional (SEER3, R$ 10,75, +3,86%) sobem na Bolsa.  

Eternit (ETER3, R$ 2,97, +3,85%)
A Eternit encerrou o quarto trimestre com lucro líquido de R$ 23,2 milhões, queda de 8,1% na comparação anual. A receita líquida consolidada atingiu R$ 263,6 milhões, 4,1% superior ao quarto trimestre de 2013. 

Além disso, a empresa aprovou ontem o pagamento de dividendos no valor total de R$ 11,9 milhões a partir do dia 31 de março. A companhia informou por meio de comunicado que o montante é correspondente à R$ 0,067 por ação. Farão jus ao pagamento os acionistas com posição nos papéis em 23 de março, ficando como data ex-dividendos o dia 24 de março. No mesmo dia, ainda serão pagos os juros sobre capital próprio no montante de R$ 5,9 milhões, correspondentes à R$ 0,033 por ação.

SLC Agrícola (SLCE3, R$ 14,60, +3,40%)
As ações da SLC fecharam com ganhos após balanço do quarto trimestre. Segundo a Planner Corretora, do ponto de vista operacional, os ganhos de 2014 se materializaram com destaque para o crescimento de 27% da receita líquida e de 37% do Ebitda ajustado, sensibilizado pelo incremento de 22% na área plantada na safra 2013/2014 para 344 mil hectares, frente a safra anterior, e pelo aumento de produtividade com a melhora de eficiência operacional.

Braskem (BRKM5, R$ 10,35, -6,17%)
Após desabarem 19,78% ontem, as ações da Braskem voltaram a operar com fortes quedas nesta quinta, depois que vieram a público declarações dadas pelo doleiro Alberto Youssef durante a delação premiada feita no âmbito da Operação Lava Jato, de que a petroquímica teria se beneficiado do esquema de corrupção na Petrobras.

Durante a tarde de ontem, a companhia negou as acusações mas não foi suficiente para barrar a derrocada das ações na Bolsa. Segundo a XP Investimentos, aliado a isso, os problemas da Odebrecht (controladora da Braskem) também na Lava Jato devem manter uma pressão sobre as ações da companhia, pelo mesmo problema da Petrobras (que atualmente tem uma posição financeira de R$ 2,5 bilhões na Braskem), possibilidade de desinvestimentos por parte da Odebrecht.