Petrobras tem “alívio”, Vale aprova dividendo e é cortada; Usiminas e OGPar também no radar

Noticiário desta quarta-feira é movimentado, com destaque para consideração da CVM sobre Usiminas, produção da OGPar e noticiário agitado para Vale e Petrobras

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Esta quarta-feira já se inicia movimentada para os mercados com destaque mais uma vez para a expectativa para o balanço da Petrobras, além do relatório da Agência Internacional de Energia, além de um noticiário movimentado para a Vale e os dados de produção da OGPar. Confira as principais notícias da manhã a seguir: 

Usiminas
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) decidiu nesta terça-feira que a operação de compra da participação da Previ na Usiminas (USIM5) pela Ternium disparou a obrigação de oferta pública de aquisição das ações da siderúrgica brasileira.

Segundo comunicado da Usiminas ao mercado, a decisão da Superintendência de Registros da CVM, passível de recurso, ocorreu em resposta a um pedido de esclarecimento pela Nippon Steel sobre a necessidade ou não de realização de uma OPA.

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Entre os principais minoritários da Usiminas está a rival CSN, que tem cerca de 14 por cento das ações ordinárias e 20,7 por cento das preferenciais da maior produtora de aços planos do país.

A Ternium anunciou em outubro a compra de ações ordinárias do fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, Previ, na Usiminas, em uma operação de 616,7 milhões de reais e que envolveu 51,5 milhões de papéis.

Na ocasião, a Ternium pagou 12 reais por ação da Usiminas detida pela Previ, o que correspondia a um prêmio de 82 por cento sobre o preço dos papéis um dia antes do anúncio.

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A ação ordinária da Usiminas encerrou esta terça-feira cotada a 16,80 reais, com valorização de 2,44 por cento. As preferenciais fecharam a 4,91 reais, a 1,66 real.

Petrobras
Mais uma vez, o destaque fica para a expectativa para o balanço da Petrobras (PETR3;PETR4), que deve ser divulgado na próxima semana. E, segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo, às vésperas da reunião do conselho de administração que, finalmente, poderá pôr um fim à novela do atraso na divulgação do balanço financeiro de 2014, a diretoria Financeira da Petrobras corre contra o tempo para conseguir unanimidade na aprovação dos números que serão apresentados. O diretor Financeiro da petroleira, Ivan Monteiro, tem se reunido previamente com os conselheiros para detalhar o trabalho feito para chegar aos números que devem ser divulgados, segundo fontes ouvidas pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

Após esclarecimento pedido pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a Petrobras  voltou a dizer que, “em função dos desdobramentos da Operação Lava-Jato, está realizando as análises necessárias para o fechamento e divulgação das demonstrações contábeis do terceiro e do quarto trimestres de 2014 revisadas pelos auditores externos, e que essas análises poderão resultar no reconhecimento de perdas a serem refletidas nos resultados”.

Além disso, a estatal reforçou o comunicado de ontem e disse que “as demonstrações contábeis serão apreciadas pelo Conselho de Administração da Companhia no dia 22 de abril e a Petrobras espera divulgá-las ao mercado após a decisão do Conselho”.

O pedido da CVM ocorre após matéria do jornal Valor Econômico afirmar que a companhia deverá usar dois tipos de ajustes em seu balanço. Segundo a publicação “a Petrobras deve fazer dois tipos de ajuste no balanço que a administração da estatal pretende aprovar e publicar dia 22 […] Estimativas apuradas pelo Valor indicam um intervalo de R$ 14 bilhões a R$ 28 bilhões de impacto total”.

Destaque ainda para o relatório mensal da AIE (Agência Internacional de Energia), divulgado nesta quarta-feira. Segundo o relatório, a Petrobras conseguiu algum alívio financeiro recentemente com o aumento do dinheiro em caixa. “Continuando a lidar com os problemas jurídicos, a Petrobras viu algum alívio recentemente quando conseguiu aumentar os fundos tão necessários”, diz o relatório. A agência nota, no entanto, que os desafios da empresa continuam com a necessidade de divulgar balanço ou a estatal terá de quitar US$ 60 bilhões em títulos de dívida que vencem adiante.

A Petrobras ocupa boa parte do trecho dedicado ao Brasil do relatório mensal da AIE. A agência reconhece que a estatal conseguiu melhorar a situação do caixa com o início da venda de ativos. “Como parte do plano de desinvestimento, a Petrobras vendeu grande parte dos ativos de produção na Argentina estimados em US$ 101 milhões”, diz o relatório. Os ativos negociados pela Petrobras ficam na província de Santa Cruz.

“Uma boia de salvação adicional para a Petrobras veio na forma de um empréstimo de US$ 3,5 bilhões do Banco de Desenvolvimento da China, um negócio assinado como parte de um acordo de cooperação de dois anos entre as duas entidades”, diz o relatório da AIE. “Os recursos chegam à Petrobras em um período em que a investigação sobre a corrupção eliminou o acesso ao mercado internacional de dívida e a empresa precisa de dinheiro para continuar as operações”.

Mesmo com esse alívio no caixa da empresa, a agência ainda tem prognóstico pessimista para a companhia brasileira. “A Petrobras irá enfrentar um período difícil pela frente: a empresa mais pesadamente endividada do mundo tem até o fim de abril para publicar o balanço auditado do ano ou haverá o risco acelerado de pagamento de mais de US$ 60 bilhões em títulos”. A necessidade de pagamento da dívida pode surgir caso a estatal não publique balanço, o que manteria fechado o acesso aos mercados.

Não bastassem os problemas administrativos e financeiros, a agência chama atenção para as dificuldades operacionais. A AIE nota que a produção da plataforma P-58 foi interrompida para manutenção preventiva apenas um ano após o início dos trabalhos. O desligamento dessa instalação afetará a produção total do Brasil neste ano e ainda não está claro quando a P-58 poderá voltar a funcionar, diz o relatório.

Sobre a questão do plano de desinvestimentos da companhia, o jornal Valor Econômico destacou que os blocos de exploração de petróleo que a Petrobras decidiu colocar à venda incluem reservas do pré-sal. A venda dos blocos pode corresponder a 30% do valor total do programa – que planeja desinvestimentos de US$ 13,7 bilhões entre 2015 e 2016 – chegando a cerca de US$ 4 bilhões. De acordo com o Valor, a empresa decidiu colocar blocos de boa qualidade no pacote para torná-lo mais atrativo aos investidores. 

Ainda no noticiário da companhia, a empresa assinou nesta terça-feira com a estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) um convênio para impulsionar a exploração de gás natural em três áreas na região sulina de Tarija, na Bolívia. O documento foi assinado pelo representante da Petrobras na Bolívia, Erick Portela, e o presidente da YPFB, Guillermo Achá, em um ato na cidade de Tarija. 

Vale
A Vale (VALE3VALE5) informou que  seu Conselho de Administração aprovou o pagamento da primeira parcela de remuneração mínima aos acionistas em 2015, no valor bruto de R$ 3,1 bilhões, o que corresponde a R$ 0,601760991 por ação ordinária ou preferencial em circulação. Com isso, as ações da mineradora passam a ser negociadas na forma ex-juros sobre capital próprio já nesta quarta-feira.

De acordo com a companhia, o agamento será efetuado a partir do dia 30 de abril de 2015. Os detentores de ADRs (American Depositary Receipts) e HDRs (Hong Kong Depositary Receipts) receberão o pagamento em 7 e 12 de maio de 2015, respectivamente

Na sessão de ontem, as ações preferenciais da Vale subiram 5,03%, cotadas a R$ 15,88, ficando entre os maiores ganhos do dia. Já os papéis ordinários, avançaram 2,80%, para R$ 18,75.

Ainda em destaque, a Vale foi enquadrada a benefício fiscal para ampliar terminal no Pará. As renúncias fiscais estimadas com enquadramento do projeto S11D, no Pará, ao Reidi são de R$
118,9 milhões, segundo portaria da Secretaria de Portos publicada no Diário Oficial. O projeto com valor estimado de R$ 4,85 bi é para ampliação do terminal marítimo de Ponta da Madeira, abrangendo a construção do Píer IV e ampliação de área para elevar capacidade de embarque de minério de 150 Mtpa p/ 230 Mtpa.

Por fim, a Vale e a Bradespar (BRAP4) tiveram suas recomendações cortadas de overweight (exposição acima da média do mercado) para neutra pelo JPMorgan. De acordo com o analista Rodolfo Angele, a mudança segue a queda dos preços de minério de ferro, que devem ficar entre US$ 50 a US$ 59 a tonelada até 2017. 

“Esperamos um fluxo de caixa livre negativo de US$ 4,5 bilhões este ano considerando o pagamento de dividendos; a companhia pode vender mais ativos tais como os navios Valemax, e também pode se alavancar ou abster-se do pagamento da segunda parcela de dividendos este ano”, informa o relatório.

Light
A concessionária fluminense de energia Light (LIGT3) afirmou nesta terça-feira que desconhece “supostas irregularidades” da companhia investigadas pela Operação Zelotes da Polícia Federal.

Em resposta a uma reportagem veiculada pelo jornal “O Globo”, que afirma que a empresa é citada em processos de quase 1 bilhão de reais, a Light enviou comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) afirmando que “sempre agiu e agirá na forma da lei”.

A operação foi deflagrada para desarticular organizações criminosas que atuavam no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), manipulando o trâmite de processos e o resultado de julgamentos, gerando prejuízos bilionários à União.

Também nesta terça-feira a JBS negou envolvimento com as irregularidades investigadas pela Operação Zelotes, em resposta à reportagem do jornal.

JBS
A JBS (JBSS3) disse que não há qualquer envolvimento da companhia com as irregularidades investigadas pela Operação Zelotes, da Polícia Federal, em resposta a reportagem do jornal O Globo sob o título “Zelotes: JBS e BRF aparecem nas gravações”.

A Operação Zelotes foi deflagrada para desarticular organizações criminosas que atuavam no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), manipulando o trâmite de processos e o resultado de julgamentos, gerando prejuízos bilionários à União.

Segundo a Polícia Federal, disse a JBS, a companhia aparece em uma conversa gravada entre Paulo Borges e o membro do Carf Jorge Victor Rodrigues, mas a empresa destacou que não conhece Borges e nunca autorizou ninguém a negociar qualquer assunto em nome da Companhia.

“Além disso, a JBS assevera que não tem qualquer contato com esse conselheiro (Sr. Jorge Victor Rodrigues), que na própria notícia admite nunca ter tido contato com qualquer representante da JBS”, afirmou o diretor de Relações com Investidores da empresa, Jeremiah Alphonsus O’Callaghan, no esclarecimento.

Além disso, destacou a empresa, a gravação da Polícia Federal objeto da notícia foi realizada em setembro de 2014, sendo que nela Paulo Borges refere-se a um processo que já havia sido encerrado em 2011. Ou seja, “seria impossível a JBS se beneficiar de algo que já estava encerrado, conforme a própria reportagem informa”.

Embraer
A Embraer (EMBR3) e a sueca Saab esperam concluir ainda no primeiro semestre deste ano uma modelagem de negócio que possa viabilizar a criação de um pólo exportador de aeronaves de combate no Brasil a partir de 2023, afirmou nessa terça-feira o presidente da Embraer Defesa e Segurança, Jackson Schneider. Segundo ele, há um potencial de negócios para os dois países que justificaria a possibilidade de criação dessa base exportadora no Brasil.

“Existem conceitos que são comuns; nós temos venda mais ativa no âmbito da América Latina e em alguns países da África e a Suécia, por sua vez, tem facilidade de venda na comunidade européia e países já clientes do (caça) Grippen”, disse o executivo da Embraer a jornalistas durante a feira de equipamentos militares Laad, no Rio de Janeiro.

“O modelo de negócio em si estamos definindo o seu desenho final. Devemos ter algo pronto até o fim do primeiro semestre. A ideia é explorar a força das duas empresas de forma mais ativa e que ambas possam comercializar e produzir o Grippen”, disse Schneider.

O Brasil acertou no ano passado a compra de 36 caças Grippen da Saab em uma licitação avaliada em cerca de 5,4 bilhões de dólares. O primeiro avião de combate deve ser entregue em 2018 e a primeira parte da encomenda deve ser concluída a partir de 2023. A Saab já teria, de acordo com Schneider, parceiras nesse modelo de exportação que vem sendo definido com o Brasil em outros seis países. “Temos um potencial, mas o difícil é fazer uma perspectiva em termos de números”, frisou ele.

Presente a uma solenidade de assinatura de contrato entre Saab e Embraer de cooperação tecnológica, o Ministro da Defesa, Jaques Wagner afirmou que espera que no futuro o mundo possa conhecer um caça sueco-brasileiro. “A Embraer vai ter muito a contribuir com a Saab (…) espero que suecos e brasileiros possam se olhar como parceiros”, disse Wagner.

Cyrela
A incorporadora Cyrela Brazil Realty (CYRE3) teve queda de 53,3% nas vendas contratadas do primeiro trimestre sobre o mesmo período do ano passado, para R$ 723 milhões, informou a companhia nesta terça-feira. Já os lançamentos da empresa recuaram 75,8% no período, para R$ 463 milhões. Os dados incluem os parceiros da companhia.

Segundo a Cyrela, no primeiro trimestre o foco foi no lançamento de novas fases de empreendimentos já lançados, que representaram 57% do valor geral de vendas (VGV) total lançado no período.

A Cyrela lançou 9 produtos no trimestre, dos quais 3 na cidade de São Paulo, 1 em Belém e 5 no Rio de Janeiro. A empresa informou que manteve estratégia de foco em venda de estoques, mas essa comercialização apresentou recuo de 9,6 por cento sobre as vendas de estoques do primeiro trimestre de 2014, a 577 milhões de reais.

Brasil Pharma
A Brasil Pharma (BPHA3) prestou esclarecimentos sobre matéria do Estadão, que destacou que o BTG Pactual pode conceder mais um aporte à empresa. A Brasil Pharma informou que existe apenas o compromisso da diretoria executiva da Companhia de entregar, no curto prazo, ao conselho de administração da companhia estudo para equacionar a estrutura de capital, não havendo portanto, até a presente data, formalização sobre o assunto abordado pelo Ofício que embase e/ou justifique qualquer manifestação.

BR Properties
A WTorre irá aderir à OPA da BR Properties (BRPR3) mesmo se o preço proposto por ação for mantido em R$ 12, segundo informações do Valor Econômico. “Vamos acompanhar o BTG Pactual. Acreditamos que o preço será mais alto, mas vamos aderir de qualquer forma”, disse o controlador da empresa, Walter Torre. 

OGPar
A Óleo e Gás Participações (OGXP3), comunicou ao mercado que a produção de óleo do mês de março de 2015 alcançou um total de 433.417 barris, dos quais 335.320 de barris refletem a produção do Campo de Tubarão Martelo e 98.097 de barris pertencem à produção do Campo de Tubarão Azul.

E, após fechar novo acordo na semana passada com os credores que injetaram recursos na companhia em meio à recuperação judicial, a OGPar (ex-OGX), petroleira fundada por Eike Batista, tem pela frente um desafio, do qual depende a continuidade das suas atividades. A afirmação é do próprio presidente da empresa, Paulo Narcélio. Segundo o executivo, a empresa precisa fechar com urgência a negociação com os donos dos direitos de aluguel das plataformas em operação nos dois únicos campos em que produz, Tubarão Azul e Tubarão Martelo, ambas na Bacia de Campos. A ideia é devolvê-las e, assim, reduzir custos.

As conversas já começaram com os donos dos direitos da OSX-1, em Tubarão Azul, mas, no caso da OSX-3, de Tubarão Martelo, os donos estão brigando na Justiça com a petroleira.

Caso o acerto não seja fechado, o executivo diz que a falência é uma opção, apesar de a companhia “estar batalhando para evitá-la”. “Perseguimos o cenário necessário para salvar a companhia, que é ter sucesso na negociação com os donos das plataformas OSX-1 e OSX-3. É a única opção que nos daria a garantia hoje de não irmos à falência”, afirmou Narcélio.

Cemig
A Cemig (CMIG4) convocou assembleia para ratificar a ultrapassagem da meta de alavancagem.

(Com Reuters e Agência Estado) 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.