Fala de presidente do Fed ofusca ajuste fiscal e Ibovespa opera em queda

Índice tem mais uma baixa mesmo com a melhora no cenário político depois da aprovação da MP 665 no Congresso; dólar comercial tem valorização

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa opera em baixa nesta quinta-feira (7). Com a aprovação da Medida Provisória 665, que prevê alterações no acesso ao seguro-desemprego, o quadro fica mais tranquilo no front político, mas peso do exterior após fala da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, alertando sobre os preços altos nos mercados acionários, traz pressão vendedora. Entre os indicadores, destaque para a ata do Copom (Comitê de Política Monetária), vista como mais agressiva pelo mercado. 

Às 15h40 (horário de Brasília), o benchmark da Bolsa brasileira registrava perdas de 0,51%, a 56.811 pontos, enquanto o dólar comercial virava novamente para uma queda de 0,59%, a R$ 3,0280 na compra e a R$ 3,0285 na venda. No mercado de juros futuros, a ata do Copom fazia com que os DIs tanto de prazo mais curto como de mais longo subissem. O DI para janeiro de 2016 tinha alta de 0,08 ponto percentual, a 13,78% e o DI para janeiro de 2020 subia 0,05 p.p., a 13,00%. 

O analista da Leme Investimentos, João Pedro Brugger, afirma que além de Yellen, o discurso de Dennis Lockhart, do Federal Reserve de Atlanta, também trazia impacto negativo aos mercados. Lockhart disse que continua esperançoso de que o banco central dos EUA eleve as taxas de juros nos próximos meses. “Em se tratando de aumentar os juros, todas as [próximas] reuniões estão no jogo, inclusive a de junho”, afirmou. Apesar disso, para Brugger, a Bovespa continua a dar sinais de força depois do ajuste fiscal e com a recuperação das principais blue chips nos últimos tempos. 

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Como uma previsão, os índices norte-americanos acabavam de virar para alta, enquanto investidores esperam pelo relatório de emprego que sairá amanhã. Hoje saíram os pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos, que foram para 265 mil na semana passada, ante 262 mil na semana anterior. As expectativas eram de que fossem registrados 280 mil novos pedidos. 

Além disso, em relatório divulgado ao mercado, a equipe de análise da Guide Investimentos afirma que chama a atenção no exterior a alta nos juros dos títulos soberanos da Europa, e dos EUA — movimentos que têm contribuído para a queda dos mercados acionários. 

Banco Central mais hawkish
Na ata do Copom, o documento fala que informações sugerem certa persistência da inflação e que, no curto prazo, o aumento geral de preços reflete o realinhamento dos preços administrados como o de combustíveis, tarifas de energia e de transportes. O Banco Central também mudou a avaliação de que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) convergiria para a meta em 2016 para “final de 2016”. 

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Segundo o Goldman Sachs, a ata do Copom sugere claramente que um maior aperto monetário é necessário para levar a inflação para a meta no fim de 2016. Na análise do banco, menções tidas como mais hawkish (agressivas) sugerem que o comitê está determinado a realizar um novo aumento da taxa básica de juros da ordem de 0,5 ponto percentual. 

Já para João Pedro Brugger, da Leme, embora a ata venha realmente com alguns sinais de linguagem mais agressivos, a próxima elevação deve vir em 0,25 p.p., o que, na sua visão, já é exagerado. “A economia está fraca e o mercado está dando uma chance para o [ministro da Fazenda Joaquim] Levy”, explica. 

Petrobras, Vale e Eletrobras são destaque
Das ações de Petrobras (PETR3PETR4), Vale (VALE3VALE5) e Eletrobras (ELET3ELET6), as únicas que ameaçam uma recuperação neste começo de tarde são os papéis preferenciais da petroleira. As três empresas ameaçaram um pregão positivo pela manhão, mas viraram para forte queda, ofuscando o que poderia ser um otimismo dos investidores após aprovação na Câmara de parte do ajuste fiscal proposto pelo governo. 

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Também entre as maiores quedas aparecem os papéis das siderúrgicas, que vinham subindo forte nos últimos dias em meio à euforia do mercado vivida no mês de abril e nos primeiros dois pregões de maio. No setor caem todos os papéis: CSN (CSNA3), Usiminas (USIM5), Gerdau (GGBR4) e Gerdau Metalúrgica (GOAU4). Ontem, CSN e Gerdau soltaram seus balanços do primeiro trimestre. A Usiminas reportou seus números no final do mês passado.  

Por outro lado, a Ultrapar (UGPA3) subia depois de soltar seu resultado ontem à noite, divulgando mais uma vez números sólidos e reforçando a resiliência do seu negócio, comentou a Guide Investimentos. A empresa registrou receita líquida de R$ 17,4 bilhões, crescimento de 9% na comparação anual, apesar da desaceleração econômica. O Credit Suisse também viu os números com bons olhos, destacando o forte crescimento do Ebitda e lucro líquido, de 7% e 3% acima do que esperavam, respectivamente. 

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

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Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 USIM5 USIMINAS PNA ED 6,50 -6,74
 ELET6 ELETROBRAS PNB EJ 9,91 -6,51
 CSNA3 SID NACIONAL ON 8,49 -6,19
 OIBR4 OI PN 5,75 -5,74
 ELET3 ELETROBRAS ON 8,19 -5,43

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 POMO4 MARCOPOLO PN N2 3,00 +4,90
 LREN3 LOJAS RENNER ON 108,70 +4,02
 HYPE3 HYPERMARCAS ON 21,32 +3,50
 GFSA3 GAFISA ON 2,84 +2,53
 MRFG3 MARFRIG ON 4,61 +2,44
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Ásia segue perdas em Wall Street
As bolsas asiáticas fecharam em queda nesta quinta-feira, seguindo as perdas em Wall Street. O índice japonês Nikkei caiu 1,2% em seu primeiro dia de operações na semana. Os mercados financeiros do Japão ficaram fechados da segunda até a quarta-feira devido a feriados públicos.

O índice de Xangai recuou 2,75% por temores de novas medidas de reguladores para reduzir a alavancagem nas negociações com ações, ampliando as perdas até agora na semana para mais de 6 por cento.

“Mais algumas quedas assim e parte dos milhões de investidores de varejo que recentemente correram ao mercado podem começar a se perguntar se realmente é uma maneira garantida de ter retornos de 30 a 40 por cento todo ano ou não”, escreveram analistas do Rabobank em nota.

Os índices norte-americanos fecharam em queda na quarta-feira após a chair do Federal Reserve, Janet Yellen, alertar sobre altos preços no mercado acionário, somando-se à ansiedade sobre o futuro da taxa de juros.

Enquanto isso, na Europa, o dia também é de queda. Além de repercutir a fala de Yellen, as bolsas por lá ficam de olho nas eleições do Reino Unido, em que o partido trabalhista desafia continuidade do governo de David
Cameron.

A Grécia também segue no radar. O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, disse nesta quinta-feira que não levantaria a possibilidade de a Grécia deixar a zona do euro, em parte ao menos devido ao efeito que isso teria sobre os mercados financeiros.

Questionado durante um debate no Parlamento Europeu sobre a possibilidade de saída da Grécia, ele respondeu: “se eu dissesse que isso é uma opção, o que vocês acham que aconteceria nos mercados financeiros?”

(Com Reuters)

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