Bolsa a 60 mil pontos e dólar a R$ 3,00; veja o que pensam os analistas sobre este rali

Mercado se pergunta sobre até onde essa alta do Ibovespa e apreciação do câmbio continuará

Paula Barra

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SÃO PAULO – Em meio às notícias impressionantes sobre a Operação Lava Jato apertando o cerco à presidente Dilma Rousseff e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o apetite por risco foi tão grande que a Bolsa faz uma alta de 19% em 5 pregões – indo para a melhor semana desde 2008. Contudo, a pergunta que povoa a cabeça de todos os investidores agora é: até onde vai esse rali da Lava Jato se realmente chegarmos a um impeachment? 

Praticamente todos os analistas consultados pelo InfoMoney para saber previsões para o Ibovespa e para o dólar apontam para a dificuldade em realizar projeções concretas diante da volatilidade do mercado atualmente. Para Eduardo Laudares, analista da Bozano Investimentos, se Lula for preso, o cenário vai se inverter totalmente em relação ao que tínhamos no ano passado, mesmo que não seja vista nenhuma melhora na parte dos fundamentos macroeconômicos. “Pode haver uma correção mais tarde, pode continuar subindo, mas é muita variável solta para alguém dizer que sabe para onde vai a Bolsa e o dólar”. 

Contudo, há quem se arrisque a fazer projeções, e elas são bastante animadoras para quem quer entrar comprado na Bovespa e vendido em dólar. Confira:

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Leme Investimentos: Ibovespa a 60.000 pontos e dólar perto de R$ 3,00
O mais otimista de todos é João Pedro Brugger, economista da Leme Investimentos. Para ele, o Ibovespa ainda tem mais 12 mil pontos para subir se toda esta pressão que a Polícia Federal está fazendo no governo resultar em um impeachment ou cassação de Dilma. Entretanto, ele pede cautela: “depende muito do movimento de transição política para o novo governo. Mas no melhor dos cenários, fazendo uma política econômica mais ortodoxa, a confiança voltaria e o dólar buscaria os R$ 3,00. O objetivo da Bolsa é 60 mil se tudo continuar, mas estamos no início das investigações no alto escalão do governo ainda”, avalia.

Pesquisa XP Investimentos: Ibovespa entre 50 e 55 mil pontos e dólar entre R$ 3,50 e R$ 4,00
Em pesquisa realizada junto a mais de 30 investidores institucionais, a XP Investimentos mostra que a grande maioria acredita que em um cenário de mudança governamental vai haver uma alta da Bolsa até o patamar de 50 a 55 mil pontos enquanto o dólar ficará entre R$ 3,50 e R$ 4,00.

Na avaliação de Celson Plácido, estrategista-chefe da XP, estas previsões e o movimento atual do mercado mostram como os investidores veem agora uma possibilidade maior de mudança. “Mesmo sem o impeachment, o PT acabou. Lula não vai vir como candidato e a Dilma não vai se esforçar para eleger alguém. Ela provavelmente vai deixar a política”, afirma. Segundo ele, o cenário atual pode até favorecer a aprovação de medidas impopulares como a Reforma da Previdência, já que ela é a primeira presidente sem legado depois de Collor. “O Fernando Henrique Cardoso estabilizou a economia e trouxe o real. O Lula tirou milhões da pobreza. E a Dilma? Dois rebaixamentos de rating? Dois anos seguidos de recessão, inflação alta e aumento do desemprego? Então ela pode pressionar para aprovar a reforma para ter pelo menos uma marca positiva a deixar após dois mandatos”, explica. 

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Wagner Investimentos: câmbio a R$ 3,60
Para o diretor de câmbio da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, o dólar teria espaço para cair até R$ 3,60 com novos fatos sobre a Lava Jato, estendendo para – no máximo – uma queda até R$ 3,50, com uma mudança de governo. Para ele, no entanto, boa parte desse movimento já foi precificado pelo mercado, não tendo mais tanto espaço para Bolsa subir e o dólar cair, principalmente quando olha-se para o cenário externo, com o risco global baixo, depois de ativos de risco já terem andado bastante lá fora, enquanto não há sinais de reversão dos preços das commodities.

“Acho que o mercado já fez uma bela antecipação de mudança de governo, com os agentes já considerando um impeachment. Isso aconteceu muito mais cedo do que se imaginava, lembrando que há duas semanas essa probabilidade estava praticamente morta”, disse. Em relatório divulgado hoje, a Arko disse que o impeachment passou de pouco provável para “chance real”, embora ainda seja cedo para descartar PT como player em 2018.

Para Faria Júnior, o mercado está chegando num ponto ‘limite do câmbio’, mas que está mais para estabilização depois disso. “Não acho que subiria tão rápido novamente, sendo difícil voltar para a casa dos R$ 4,00. Estamos tendo uma reavaliação do risco-País, o que tem contribuído para trazer mais dinheiro para cá, e o que pode fazer com que o dólar caía para os 3,60”, disse.

Quantitas: há uma precificação parcial 
O diretor da gestora Quantitas, Rogério Braga, vê uma precificação apenas parcial de mudança de governo quando olha-se para a curva de juros. “O limite para curva de juros está bem longe, vai ceder muito mais”, disse em entrevista à Bloomberg. 

Para ele, ainda não há informações suficientes para esse cenário ser 100% precificado. “O que existe hoje é apenas uma precificação parcial, relevante, mas parcial”, comentou. 

Nomura: Lava Jato permite compressão da curva de juros
Já a corretora japonesa Nomura disse hoje que os desdobramentos da Lava Jato permitem uma compressão da curva de juros, fixando novo alvo para curva de juros janeiro 2021 com janeiro 2017 de 20 pontos base. 

Recomendação sugerida ocorre após curva atingir alvo fixado anteriormente de 67 pontos base, o que levou o banco a realizar lucros em posição aberta quando diferencial era de 144 pontos base. 

“Cenário de impeachment ganhou ‘momentum’ positivo na dinâmica de preços dos ativos locais. Com isso, decidimos fechar posição no lucro que registramos até o momento, mas acreditamos que, com potenciais consequências políticas dos últimos desdobramentos da Lava Jato, há espaço para compressão adicional da curva de juros”, disse a corretora, em relatório. 

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