Petrobras vira para queda com petróleo e faz Bolsa zerar ganhos; DIs longos sobem com risco político

Índice sinalizava recuperação tímida após susto com derrota do governo em comissão do Senado, mas virada do petróleo azeda mercado

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Após operar em alta durante toda a manhã, o Ibovespa virou para queda no começo da tarde desta quarta-feira (21), acompanhando o movimento do petróleo no mercado internacional e os principais índices acionários globais. Às 14h02 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira apresentava variação positiva de 0,08%, a 60.814 pontos. Mais cedo o índice chegou a sinalizar recuperação, superando os 61 mil pontos, após o trauma da derrota sofrida pelo governo na véspera em comissão do Senado, que rejeitou relatório referente à reforma trabalhista.

No mesmo horário, os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 caíam 2 pontos-base, a 9,02%, ao passo que os DIs com vencimento em janeiro de 2021 avançavam 4 pontos-base, a 10,15%. Já os contratos de dólar futuro com vencimento em julho deste ano subiam 0,12%, sinalizando cotação de R$ 3,339.

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Ontem, Ibovespa caiu 2,01%, fechando em 60.766 pontos, mínima do dia e menor fechamento desde 2 de janeiro deste ano. Com isso, a alta do índice em 2017 é de apenas 0,97% — entre março e maio, esse desempenho chegou a ser positivo em 15%. Neste pregão, os investidores acompanham a divulgação de fatos novos contra o presidente Michel Temer e mais um mergulho do petróleo mesmo após dados de estoque abaixo do esperado nos Estados Unidos. O mercado continua preocupado sobre o volume de produção da commodity. Do começo do ano para cá, os barris de petróleo já caíram cerca de 20%, no pior desempenho para o primeiro semestre desde 1997.

Confira ao que se atentar neste pregão:

Destaques da Bolsa

Do lado acionário, os papéis da Petrobras (PETR3; PETR4) viraram para queda, acompanhando o movimento do petróleo no mercado internacional, após divulgação de dados dos estoques nos EUA e em meio às especulações sobre a possibilidade de os países-membros da Opep acordarem um corte mais intenso nos preços. Os estoques da commodity diminuíram 2,45 milhões de barris na semana encerrada em 16 de junho, segundo dados divulgados pela EIA (Agência Internacional de Energia, na sigla em inglês). A mediada das estimativas da Bloomberg indicava queda de 1,01 milhão de barris. Na semana passada o indicador apontou para 1,66 milhão de barris de redução.

No radar da estatal, conforme destaca o jornal O Globo, a Petrobras está concentrando esforços nas negociações para fechar acordos com sete investidores que entraram com ações individuais na Justiça americana contra a estatal. Porém, apesar da disposição para o diálogo, a empresa ainda terá de lidar com uma ação coletiva (class action) na Corte Federal de Nova York, que está suspensa desde agosto do ano passado e que pode pesar sobre as contas da empresa. Segundo fontes ligadas à estatal ouvidas pelo jornal, não há chance de negociação com o escritório que coordena a ação, o Pomerantz.

As ações da Vale (VALE3; VALE5) sobem acompanhando os preços do minério de ferro. Nesta sessão, os contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian fecharam em alta de 0,46%, a 434 iuanes, enquanto o minério de ferro à vista negociado no porto de Qingdao, na China, subiu 0,66%, a US$ 56,82 a tonelada. Acompanham o movimento as ações da Bradespar (BRAP4) — holding que detém participação na mineradora –, assim com as siderúrgicas.

A fusão entre os grupos de ensino Kroton (KROT3) e Estácio (ESTC3) pode ser reprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), informa o Valor. A possibilidade de veto é real e discutida internamente na autoridade antitruste. De acordo com fontes ouvidas pelo jornal, somente a relatora do caso, Cristiane Alkmin, é a favor da fusão com restrições – a principal seria a venda da Anhanguera, instituição adquirida pela Kroton em 2014. Outro conselheiro, João Paulo de Resende, é totalmente contrário à transação e os demais integrantes do colegiado, Alexandre Cordeiro, Paulo Burnier e Gilvandro Araújo devem acompanhá-lo.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

C?d. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 VALE5 VALE PNA 24,80 +3,08 +17,34 450,54M
 VALE3 VALE ON 26,35 +2,49 +13,31 42,48M
 GOAU4 GERDAU MET PN 4,41 +2,08 -8,13 39,52M
 BRAP4 BRADESPAR PN 18,14 +1,91 +25,17 31,03M
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 19,16 +1,81 +16,55 64,33M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

C?d. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ESTC3 ESTACIO PARTON 14,69 -7,03 -5,41 80,70M
 KROT3 KROTON ON 13,35 -3,61 +1,54 133,77M
 SMLE3 SMILES ON 59,97 -3,54 +43,86 69,33M
 CPLE6 COPEL PNB 24,25 -2,30 -7,95 7,90M
 BRKM5 BRASKEM PNA 31,74 -1,67 -7,33 20,55M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Noticiário político
Michel Temer também segue em destaque em meio ao noticiário “policial” contra ele. O operador financeiro Lúcio Funaro afirmou, em depoimento à Polícia Federal, que o presidente orientou diretamente a distribuição de 20 milhões de reais em propinas para sua campanha à reeleição como vice-presidente da República, em 2014, e para a do ex-deputado Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo, em 2012. De acordo com Funaro, que está preso há um ano em Brasília, os 20 milhões que foram distribuídos entre a campanha de Temer e de Gabriel Chalita eram fruto de uma negociação na vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias (Vifug) da Caixa, uma das controladas pelo PMDB, para liberar recursos do fundo FI-FGTS para as empresas BRVIAS e LLX.

Além disso, o juiz Marcus Vinicius Reis Bastos, titular da 12ª Vara da Justiça Federal no Distrito Federal, rejeitou a queixa-crime do peemedebista contra Joesley Batista, dono da JBS, pelas supostas práticas de calúnia, injúria e difamação, informou a Justiça Federal em mensagem da sua assessoria de imprensa. A decisão menciona “ausência de justa causa para se instaurar a ação criminal, fato que impõe a rejeição da queixa-crime” Intento de Joesley é o de corroborar declarações que prestou ao MPF, segundo apontou o juiz na decisão. 

Vale destacar ainda que o STF (Supremo Tribunal Federal) deve decidir hoje sobre a validade dos acordos de delação da JBS firmados com o Ministério Público e também se o caso deve permanecer nas mãos do ministro Edson Fachin. Na sessão, prevista para começar às 14h, os ministros vão discutir os limites da atuação dos juízes que são responsáveis pela homologação das delações premiadas. Segundo a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, Fachin deve ser mantido da delação da JBS no Supremo. Porém, corre sério risco de ver o Supremo abrir caminho para a modificação dos termos do acordo que ele homologou com a empresa. A forte divisão na corte será expressa na segunda etapa do julgamento, quando eles discutirão a possibilidade de o plenário rever as condições ofertadas aos colaboradores. De acordo com a publicação, o desfecho do caso é visto pelo governo e pela Lava Jato como um divisor de águas para a operação.

Ainda no noticiário sobre o presidente, destaque para relatório entregue pela Polícia Federal ao Supremo Tribunal Federal, que diz que as evidências colhidas na investigação indicam “com vigor” que Temer cometeu crime de corrupção passiva. O documento, tornado público na última terça-feira, diz que o peemedebista aceitou pagamentos de vantagens indevidas do grupo J&F por intermédio do ex-assessor especial Rodrigo Rocha Loures. No texto, a PF também lembra as tentativas, sem sucesso, de interrogar a dupla. “Diante do silêncio do mandatário maior da nação e de seu ex-assessor especial, resultam incólumes as evidências que emanam do conjunto informativo formado nestes autos, a indicar, com vigor, a prática de corrupção passiva”, expôs o texto enviado pela PF ao STF.

Compromissos políticos

Após ser ouvido pelo juiz Sergio Moro como testemunha de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a manhã, Meirelles se reúne, às 15h, com o senador Cássio Cunha Lima (PSDB/PB) e às 17h com o  deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG).

Já Temer segue na Rússia e se reúne com Vladimir Putin, participa de cerimônia de aposição de flores no túmulo do soldado desconhecido, se reúne com senadora Valentina Matvienko, presidente do Conselho da Federação da Rússia, e com Dmitry Medvedev, primeiro-ministro russo.

Ainda nesta quarta, o presidente do BC Ilan Goldfajn e diretores da autoridade monetária têm reunião com executivos da S&P Global Ratings no escritório do BC em São Paulo pela manhã.

Bolsas mundiais

A sessão desta quarta-feira é de baixa para a maior parte dos índices mundiais, com os investidores ainda observando com atenção o desempenho do petróleo no mercado global, na expectativa dos dados dos estoques nos Estados Unidos, previstos para serem divulgados ao final da manhã.

Por outro lado, na Ásia, as bolsas chinesas destoam e sobem após algumas grandes empresas do país serem incluídas nos índices da MSCI. “Acreditamos que a inclusão das ações ‘A’ ao MSCI dará um impulso significativo ao mercado acionário da China no longo prazo”, disse a presidente para Ásia-Pacífico do UBS, Kathryn Shih. Além disso, os metais registram leve alta em Qingdao e Dailan.

(Com Reuters, Bloomberg, Agência Estado e Agência Brasil)

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.