Estácio e Kroton desabam até 15% em 2 dias, com risco de veto à fusão; Vale dispara 3% e Petrobras cai 2%

Confira os principais destaques de ações da bolsa nesta quarta-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou perto do zero a zero nesta quarta-feira (21), com a disparada das ações da Vale contrabalanceando a forte queda de Petrobras, pressionada por mais um dia de derrocada dos preços do petróleo. O índice fechou a 60.754 pontos (-0,02%), depois de esboçar mais cedo um pregão de recuperação, com alta de 0,69%. O movimento veio na sequência do trauma da derrota sofrida pelo governo na véspera em comissão do Senado, que rejeitou o relatório da reforma trabalhista. 

As ações da Estácio lideraram por mais um dia as quedas do Ibovespa, acumulando nos últimos dois pregões desvalorização de 15%, com o mercado cada vez mais apreensivo sobre a aprovação da fusão com a Kroton pelo Cade. As ações da Kroton apareceram na sequência, com queda de 3% nesta sessão. 

Do lado positivo, destaque para as ações da Vale, Bradespar – holding que detém participação na mineradora – e as siderúrgicas, que subiram em dia de alta do minério. Além delas, chamou atenção também os papéis da B3, que ganharam força após o Carf aceitar recurso da empresa em processo sobre ágio na fusão de 2008.

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Confira abaixo os principais destaques de ações da bolsa nesta quarta-feira:

Petrobras (PETR3, R$ 12,78, -1,77%; PETR4, R$ 11,64, -1,85%)
As ações da Petrobras acentuaram queda nesta tarde, pressionadas pelo movimento do petróleo, que, mesmo após boa surpresa com os estoques da commodity nos Estados Unidos, afundaram nesta tarde. Os contratos futuros do WTI caíram 2,25%, a US$ 42,46 o barril, no menor patamar em 10 meses. 

As preocupações em torno do crescimento da oferta da commodity ofuscaram os dados melhores do que o esperado dos estoques. Segundo a EIA (Agência Internacional de Energia, na sigla em inglês), os estoques da commodity caíram em 2,45 milhões na semana encerrada em 16 de junho, contra expectativa de analistas consultados pela Bloomberg de queda de 1,01 milhão de barris no período. 

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No radar da empresa, conforme destaca o jornal O Globo, a Petrobras está concentrando esforços nas negociações para fechar acordos com sete investidores que entraram com ações individuais na Justiça americana contra a estatal. 

Porém, apesar da disposição para o diálogo, a empresa ainda terá de lidar com uma ação coletiva (class action) na Corte Federal de Nova York, que está suspensa desde agosto do ano passado e que pode pesar sobre as contas da empresa. Segundo fontes ligadas à estatal ouvidas pelo jornal, não há chance de negociação com o escritório que coordena a ação, o Pomerantz.

Minerva (BEEF3, R$ 11,65, -1,60%)
O juiz Ricardo Soares Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, proibiu uma negociação de US$ 300 milhões em que o grupo JBS acertou a venda a totalidade das ações de subsidiárias detentoras de carne bovina na Argentina, Paraguai e Uruguai para subsidiárias da Minerva nos respectivos países.

A permissão para a venda havia sido solicitada pelas defesas dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS. Soares Leite é o juiz responsável pela Operação Bullish, na qual são investigados desvios no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em favor da empresa. O bloqueio de ativos da JBS foi imposto como medida cautelar pelo magistrado.

Na decisão divulgada nesta quarta-feira, o juiz escreveu considerar a venda “prematura”, pois ainda não foram apresentadas provas que respaldem o suposto favorecimento da JBS pelo BNDES, conforme relatado por executivos da empresa em acordo de delação premiada com a Justiça.

B2W (BTOW3, R$ 11,78, -3,28%)
As ações da B2W atingiram queda de 6,32% na mínima do dia, a R$ 11,41, em meio às indicações de que a Amazon já está se preparando para aumentar sua oferta de produtos no Brasil no curto prazo (entre julho e outubro). Ontem, o BTG Pactual disse ter conversado com seis dos maiores vendedores de marketplace do País e que apontaram para essa direção. 

Rumores que já traz preocupação para as brasileiras. Os analistas Fabio Monteiro e Luiz Guanais, do BTG, afirmam que a presença da Amazon “certamente deve se tornar a principal fonte de discussões internas para os players no curto prazo, fazendo com que eles repensem suas estratégias e acelerem seus planos de transformação”.

Os analistas afirmam ainda que uma presença maior da Amazon deverá aumentar a concorrência e até mesmo reduzir temporariamente a abordagem racional de preços, taxa e frete vistos nos últimos trimestres. E isto deve afetar principalmente a B2W, que visa aumentar a rentabilidade de suas operações, migrando para um modelo de negócios de mercado mais centrado (leia mais).

Nesta sessão, destaque também para a queda das ações da Lojas Americanas (LAME4, R$ 13,42, -1,32%), caminhando para o menor patamar de fechamento desde maio de 2016.

Triunfo (TPIS3, R$ 3,48, +1,75%)
As ações da Triunfo disparam 20% nos últimos dois dias, após ter anunciado na noite de terça-feira a venda bilionária da fatia de 50% que detinha no terminal portuário Portonave. Os papéis atingiram alta de até 9,94% nesta sessão, a R$ 3,76, mas perderam força ao longo do dia. Ainda assim, o volume financeiro movimentado com a ação novamente foi bem expressivo: R$ 25,9 milhões x R$ 4,6 milhões dos últimos 21 pergões. 

Ontem, durante o programa “Comprar ou Vender”, da InfoMoneyTV, o estrategista-chefe da Eleven Financial, Adeodato Volpi Netto, destacou que a operação de R$ 1,3 bilhão é transformacional para a empresa, com capacidade de mudar a realidade financeira da companhia. Para ele, a ação tem espaço para subir até os R$ 11,00.

Veja mais: Embraer volta a brilhar como aposta na bolsa e uma small cap com potencial de ganhos de 215% 

Vale (VALE3, R$ 26,47, +2,96%; VALE5, R$ 24,90, +3,49%)
As ações da Vale dispararam em dia positivo para os preços do minério de ferro. Nesta sessão, os contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian fecharam em alta de 0,46%, a 434 iuanes, enquanto o minério de ferro à vista negociado no porto de Qingdao, na China, subiu 0,66%, a US$ 56,82 a tonelada. 

Acompanham o movimento as ações da Bradespar (BRAP4, R$ 18,43, +3,54%) – holding que detém participação na Vale -, assim com as siderúrgicas, com Gerdau (GGBR4, R$ 9,19, +1,77%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 4,46, +3,24%), CSN (CSNA3, R$ 6,13, +1,83%) e Usiminas (USIM5, R$ 3,94, +1,03%).

B3 (BVMF3, R$ 19,10, +1,49%)
As ações da B3 (antiga BM&FBovespa) ganharam força após o anúncio de decisão favorável do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) no caso de ágio da Bovespa. Com isso, em apenas 10 minutos, das 13h15 às 13h25, os papéis da companhia subiram 2,45%, representando um ganho de R$ 947,2 milhões em valor de mercado.

O recurso da empresa é contra o auto de infração da Receita Federal que questionou a amortização, para fins fiscais, em 2010 e 2011, do ágio gerado quando da incorporação de ações da Bovespa Holding S.A. pela BM&FBovespa em 2008. 

A então BMF&Bovespa — a empresa trocou de nome este ano para B3 após fusão com a Cetip — foi multada em cerca de 1,1 bilhão de reais, mas o valor atualizado do processo chega a 2,4 bilhões de reais, disse a B3 no comunicado.

Em abril, a Câmara Superior do Carf negou recurso apresentado pela B3, que na ocasião anunciou que iria recorrer.

Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 35,58, +0,11%)
O Itaú Unibanco tem a melhor chance entre 3 pretendentes atuais de adquirir o Banco Patagônia argentino do Banco do Brasil (BBAS3, R$ 25,86, -0,54%), segundo o jornal Clarin citando funcionários do governo brasileiro não identificados como fonte. 

O governo brasileiro espera que o Banco do Brasil não venda participação, disse um funcionário.  

JBS (JBSS3, R$ 6,33, +5,32%)

Ontem, a JBS anunciou seu plano de investimentos com a intenção de angariar R$ 6 bilhões e, segundo informa o Valor Econômico, a venda da Moy Park é maior aposta no plano de desinvestimento da JBS, que atrai o grupo chinês WH, dono da americana Smithfield Foods.

Além disso, em reunião realizada na semana passada, o conselho de administração da JBS tomou conhecimento da renúncia de Francisco de Assis e Silva ao cargo de Diretor Executivo de Relações Institucionais da companhia. Ele também era membro do Comitê de Sustentabilidade. Na mesma reunião do dia 13 foi realizada a escolha de Gilberto Xandó, presidente da Vigor, para o conselho, no lugar de Joesley Batista. Humberto Junqueira de Farias foi escolhido como presidente do Comitê Financeiro e de Gestão de Riscos. Foi definida ainda a fusão do Comitê de Governança com o de Gestão de Pessoas, que será presidido por Tarek Farahat.

Ainda sobre frigoríficos, o Ministério da Agricultura suspendeu as exportações de cinco frigoríficos para os EUA, depois de autoridades sanitárias americanas identificarem irregularidades provocadas pela reação à vacina de febre aftosa, informa o Estadão. A proibição continuará em vigor até que sejam adotadas “medidas corretivas”, disseram técnicos do ministério. 

Os EUA foram um dos poucos países que não interromperam a compra de carne do Brasil depois de a operação Carne Fraca, lançada em março, identificar problemas sanitários em várias plantas exportadoras. Imposto pelo Ministério da Agricultura na sexta-feira, o bloqueio atinge três estabelecimentos da Marfrig, um da Minerva e um da JBS.

Kroton (KROT3, R$ 13,36, -3,54%) e Estácio (ESTC3, R$ 14,65, -7,28%)

As ações da Estácio desabaram 15% nos últimos dois pregões, enquanto os papéis da Kroton caíram 7% no mesmo período, com fusão das companhias em risco. Segundo o Valor Econômico, a fusão dos grupos de ensino pode ser reprovada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). A possibilidade de veto é real e discutida internamente na autoridade antitruste, segundo fontes ouvidas pelo jornal.

Somente a relatora do caso, Cristiane Alkmin, é a favor da fusão com restrições – a principal seria a venda da Anhanguera, instituição adquirida pela Kroton em 2014. Outro conselheiro, João Paulo de Resende, é totalmente contrário à transação e os demais integrantes do colegiado, Alexandre Cordeiro, Paulo Burnier e Gilvandro Araújo devem acompanhá-lo, diz o jornal.

Em relatório desta quarta-feira, o Santander coloca a Ser Educacional (SEER3, R$ 22,80, -0,04%) como “top pick” porque acredita que em ambos os cenários, de aprovação ou não da fusão Kroton-Estácio, são positivos para a companhia.

Veja mais: Fusão Kroton/Estácio em risco? Seja qual for a resposta, banco escolhe “nova preferida” do setor

Randon (RAPT4, R$ 4,60, -1,50%)

A Randon Implementos e Participações fechou acordo de associação (joint venture) com a Comercial Epysa Peru e sua controladora chilena Comercial Epysa para a criação de uma sociedade em comum, denominada Randon Peru, a ser instalada na capital Lima. 

O aporte inicial das duas sócias na Randon Peru será equivalente a US$ 1,5 milhão e poderá, a partir do terceiro ano, chegar a US$ 3 milhões. O controle do negócio será da Randon, que deterá 51% do capital social. A participação remanescente, de 49% do capital social, será de titularidade da Comercial Epysa Peru.

Em relatório, os analistas do Credit Suisse comentaram que gostaram da parceria, que é em linha com a estratégia da Randon de expandir internacionalmente suas operações e pode também compensar o momento mais fraco em outros mercados que a Randon atua.

O Santander destacou o movimento como positivo, já que permitirá à empresa ter presença local no terceiro maior mercado de reboques na América do Sul, elevando a exposição internacional do grupo e a diversificação de receita. 

Embraer (EMBR3, R$ 15,69, -0,38%)
Em relatório, o Credit Suisse comentou sobre os acordos da Embraer anunciados durante o Paris Air Show. A empresa anunciou 18 ordens firmes, 20 commitments e 13 opções, totalizando US$ 2,4 bilhões, que incluem E-jets da primeira e segunda geração. Essas ordens foram maiores do que as anunciadas no Farnborough Air Show em 2016, destacam os analistas do banco. Além disso, eles comentam que quatro E1 jets estão agendados para entrega em 2018, que deve ajudar a completar a agenda de produção.

Do lado negativo, eles lembram que a Embraer já mencionou que a entrega dos aviões comerciais deve cair em 2018. “A dúvida é qual a magnitude dessa queda”, comentam.

Com o anúncio de ontem, os E-Jets E2 têm um total de 285 ordens firmes e 445 opções, direito de compra e cartas de intenção, totalizando 730 commitments de airlines e empresas de leasing.

No radar da Embraer ainda, o banco americano Cowen rebaixou nesta quarta-feira a recomendação dos papéis da empresa  de “outperform” (desempenho acima da média) para “market perform” (desempenho em linha com a média). 

Wiz (WIZS3, R$ 18,65, -3,72%)

A Wiz informou a assinatura de compra de 100% da Finanseg. 

Multiplus (MPLU3, R$ 38,05, -2,69%)

De acordo com o Valor, a Multiplus conseguiu afastar no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) autuações contrárias à forma adotada para o recolhimento do PIS e Cofins. O Fisco cobrava diferenças do que foi pago em 2011. A decisão é da 2ª Turma da 4ª Câmara da 3ª Seção.