Ibovespa Futuro acompanha exterior e abre em queda após nova derrota de Donald Trump; DIs voltam a cair

Contratos futuros do índice sinalizam sessão de cautela por parte do investidor

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Os eventos internacionais roubam a cena no pregão desta sexta-feira (28), após uma nova derrota do governo de Donald Trump no Senado, o aumento de tensões entre Estados Unidos e Rússia e o anúncio do PIB (Produto Interno Bruto) da maior economia do mundo. Às 9h07 (horário de Brasília), os contratos futuros do índice com vencimento em agosto caíam 0,36%, a 65.300 pontos, acompanhando o movimento negativo visto nas principais bolsas internacionais. Na agenda doméstica, destaque para os dados de emprego, a temporada de balanços corporativos e o noticiário político, com o governo buscando alternativas de olho na meta fiscal do ano que vem.

Os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 caíam 1 ponto-base, a 8,27%, ao passo que os DIs com vencimento em janeiro de 2021 recuavam 3 pontos-base, a 9,35%. Os investidores passaram a avaliar um novo corte de 100 pontos-base na Selic na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), marcada para setembro. Já os contratos de dólar futuro com vencimento em agosto operavam em leve alta de 0,14%, sinalizando cotação de R$ 3,159.

Confira ao que se atentar neste pregão:

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Bolsas mundiais

A sessão é de queda para a maior parte das bolsas mundiais antes da divulgação do PIB dos EUA, com balanços do segundo trimestre, como o da Amazon, pesando no setor de tecnologia e com as montadoras em queda após o lucro abaixo do esperado da Renault.

O índice dólar cede após volatilidade na semana e caminha para completar três recuos semanais, enquanto as moedas europeias se destacam na alta ante a divisa norte-americana nesta sexta-feira. Vale destacar que a última alternativa da liderança republicana do Senado dos Estados Unidos para tentar cumprir a promessa do presidente Donald Trump de derrubar o Obamacare, a reforma de saúde de Barack Obama, fracassou de novo na madrugada de hoje pelo voto de rejeição de três senadores conservadores, entre eles John McCain. Após o novo fracasso, não está claro se o líder dos republicanos no Senado, Mitch McConnell, tentará submeter alguma outra proposta a voto antes do recesso do Senado, já que fracassaram outros dois projetos.

Além disso, destaque para a tensão entre Rússia e EUA. A Rússia ordenou que o Washington reduza staff em embaixadas e outros serviços no país em retaliação à aprovação de novas sanções pelo Congresso norte-americano nesta quinta-feira.

No setor de commodities, as mineradoras e siderúrgicas caem na Europa com metais como cobre em baixa, enquanto o minério de ferro tem movimentos distintos em Qingdao e em Dailan.  Já o petróleo WTI está estável após subir nas 4 sessões anteriores da semana. 

Este era o desempenho dos principais índices:

*CAC-40 (França) -1,09%

*FTSE (Reino Unido) -0,61%

*DAX (Alemanha) -0,41% 

*Hang Seng (Hong Kong) -0,56% (fechado)

*Xangai (China) (fechado) +0,13% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,60% (fechado)

*Petróleo WTI -0,08%, a US$ 49,00 o barril

*Petróleo brent +0,23%, a US$ 51,61 o barril

*Minério de ferro 62% spot negociado no porto de Qingdao, na China, -2,09%, a US$ 68,73 por tonelada

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian +1,53%, a 530 iuanes

Questão fiscal

Na noite de ontem, o governo informou que não conseguiu concluir avaliações de novas receitas e fará o contingenciamento integral dos R$ 5,951 bilhões anunciados no relatório bimestral divulgado semana passada, informou o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira. “Teremos que fazer pelo menos temporariamente o contingenciamento integral”, afirmou.

Havia a intenção de reduzir pelo menos parte do corte, mas, de acordo com o ministro, não foi possível concluir a análise de receitas extraordinárias que poderiam reforçar a arrecadação. O governo esperava recuperar R$ 2,1 bilhão de precatórios, mais R$ 1 bilhão com a concessão da Lotex e outros recursos com leilão de aeroportos.

O contingenciamento será de R$ 5,876 bilhões para o Executivo e outros R$ 74,8 milhões para os demais poderes. A maior parte do corte atingirá o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – R$ 5,236 bilhões. Outros R$ 214,3 milhões virão de emendas impositivas de bancada e R$ 426,2 milhões de emendas impositivas individuais. Dyogo explicou que, por lei, o corte das emendas tem que ser proporcional ao contingenciamento total. De acordo com o ministro, as únicas receitas que foram possíveis acrescentar foram com a devolução de pagamentos indevidos do INSS, mas, como o valor não é significativo, o governo preferiu não mudar o relatório neste momento.

Vale destacar que, segundo o jornal O Globo, sob risco de apagão fiscal, o governo começou ontem a discutir com líderes da base aliada no Congresso maneiras para reduzir despesas e elevar a arrecadação. No cardápio de opções, estão a elevação da contribuição previdenciária dos sevidores federais de 11% para 14%, o aumento de outros impostos além do PIS/Cofins sobre combustíveis; mais cortes de gastos e a própria ampliação do déficit primário de 2017, cuja meta é um rombo de R$ 139 bilhões. O martelo será batido em agosto, durante a preparação da proposta orçamentária de 2018 a ser enviada ao Congresso. 

“Operação Cobra”

Preso na última quinta-feira (27) no âmbito da Operação Lava Jato, o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine é um grande candidato a delator. Pelo menos na visão de colegas do executivo, segundo afirma a Coluna do Estadão, do jornal O Estado de S. Paulo. Há dúvidas se ele terá provas para as revelações que fará, mas há uma certeza: se falar, seu alvo será o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, de quem era muito próximo, afirma a publicação. 

Agenda econômica

Além dos dados da Pnad Contínua de junho, o Banco Central divulga às 10h30 a nota de política fiscal de junho. A expectativa é de que o resultado primário do setor público mostre déficit de R$ 20,1 bilhões em maio, segundo estimativa mediana em pesquisa Bloomberg, após déficit de R$ 30,8 bilhões em maio. O Banco Central divulga o resultado às 10h30 e comenta os dados em coletiva de imprensa às 11h00.

Já nos EUA, atenção para os dados do PIB do segundo trimestre, a ser revelado às 9h30, com estimativa de crescimento de 2,7% na comparação trimestral. Já às 11h, será divulgado o dado de confiança dos consumidores na economia norte-americana realizado pela Universidade de Michigan. 

Noticiário corporativo

A temporada de resultados ganha cada vez mais força. A RD, antiga Raia Drogasil, teve queda de 12% no lucro líquido do segundo trimestre sobre um ano antes, para cerca de R$ 138 milhões, afetado por uma queda nas vendas do período. Já a  Estácio fechou o segundo trimestre deste ano com lucro líquido de R$ 166,3 milhões, revertendo prejuízo de quase R$ 20 milhões registrado um ano antes. A Multiplan teve lucro líquido de R$ 104,5 milhões no segundo trimestre, 5,9% a mais do que no mesmo período de 2016, com os shoppings da companhia registrando melhora em índices de vendas e de ocupação por lojistas. A Ecorodovias, por sua vez, viu seu lucro líquido crescer 77,2% no segundo trimestre sobre o mesmo período do ano anterior, para R$ 80,1 milhões. A Engie Brasil Energia reportou um lucro líquido de R$ 491,1 milhões no segundo trimestre, um avanço de 49,4% ante o mesmo período do ano anterior. 

Já nesta manhã, Usiminas, Embraer e Santander divulgaram seus balanços. A Embraer teve lucro líquido de R$ 192,7 milhões no segundo trimestre, ante prejuízo de R$ 337,3 milhões na mesma etapa de 2016. O Santander Brasil teve lucro líquido societário de R$ 1,88 bilhão, enquanto a Usiminas lucrou R$ 176 milhões no segundo trimestre. 

Além da temporada de balanços, mais destaques.  A oferta inicial de ações da Omega Geração foi precificada a R$ 15,6 por ação, abaixo do piso da faixa indicativa para a operação, de R$ 17 a R$ 22. Já a ação do IRB Brasil foi precificada a R$ 27,24, movimentando R$ 2 bilhões. Por outro lado, o controlador da Unipar pediu à CVM suspensão de OPA por até 3 dias. Por fim, a Sabesp pediu adiamento por 7 dias de cronograma da 2ª revisão tarifária. 

(com Bloomberg, Agência Estado e Agência Brasil)

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.