Ibovespa Futuro ‘corrige’ após 2.000 pontos de alta em 3 dias; prévia do PIB decepciona

Mercado acompanha cautela dos mercados internacionais

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Depois de subir 2 mil pontos nos últimos três dias, os contratos futuros de Ibovespa com vencimento em outubro corrigem nesta quinta-feira (17) e recuam 0,32%, aos 65.300 pontos, às 9h38 (horário de Brasília), acompanhando o mercado externo e com os investidores ainda preocupados com a trajetória da dívida pública. Destaque também para o IBC-Br de junho, que ficou abaixo do esperado pelo mercado.

No mesmo momento, os juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 registrava alta de 1 ponto, cotados a 8,09%, enquanto os contratos de janeiro de 2021 avançavam 3 pontos, negociados a 9,44%. Além disso, o dólar futuro com vencimento em setembro marcava valorização de 0,27%, aos 3.171 pontos.

O IBC-Br registrou crescimento de 0,5% durante junho, abaixo da projeção de +0,7% do mercado para o período. Porém, no segundo trimestre, o indicador cresceu 0,25% frente janeiro a março deste ano, revelando uma recuperação da economia brasileira. Os números oficiais do PIB do segundo trimestre serão divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) somente no dia 1º de setembro.

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Fiscal ainda é um risco

Apesar da revisão das metas fiscais pelo governo, os economistas estão receosos com o futuro das contas do governo. Para o Credit Suisse, a decisão do governo de aumentar a meta de 2019 e 2020 confirma o enfraquecimento do processo de consolidação fiscal e acredita que as metas anunciadas serão difíceis de serem cumpridas.

Para Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs, a nova meta fiscal é mais realista, mas decepcionante ao expor uma difícil realidade fiscal e uma desconcertante incapacidade de se fazer uma redução eficiente dos gastos públicos: “o ajuste do déficit fiscal de 2017 até 2020 atesta a dificuldade do País em promover a consolidação fiscal”, afirma Ramos. Pela sua projeção, o Brasil só terá superávits suficientes para reverter a trajetória da dívida pública em 2024.

Bolsas mundiais

A sessão é de cautela para as principais bolsas mundiais, com os índices europeus em leve baixa antes de ata do BCE (Banco Central Europeu). As bolsas asiáticas, por sua vez, fecharam sem direção única nesta quinta-feira, em meio ao bom desempenho dos setores de tecnologia e mineradoras e com investidores acompanhando a nova crise política nos EUA e digerindo a última ata de política monetária do Federal Reserve. Publicada ontem à tarde, a ata mostrou que o Fed continua preocupado com a tendência de baixa da inflação nos EUA, gerando dúvidas sobre a possibilidade de que haja um novo aumento de juros ainda este ano.

Além disso, com as menores preocupações com a recente troca de ameaças entre EUA e Coreia do Norte, a atenção se volta agora para a nova crise política em Washington. Ontem, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou o fim de dois conselhos formados por executivos proeminentes. A decisão veio após vários integrantes dos conselhos renunciarem na esteira da coletiva de terça-feira em que Trump culpou “os dois lados” por conflitos violentos ocorridos durante uma marcha de supremacistas realizada no fim de semana em Charlottesville, na Virgínia.

Às 9h03, este era o desempenho dos principais índices:

*CAC-40 (França) -0,13%

*FTSE (Reino Unido) -0,41%

*DAX (Alemanha) +0,01% 

*Hang Seng (Hong Kong) -0,24% (fechado)

*Xangai (China) (fechado) +0,68% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,14% (fechado)

*Petróleo WTI -0,32%, a US$ 46,62 o barril

*Petróleo brent -0,16%, a US$ 50,19 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian +5,71%, a 555 iuanes

Ameaças a Temer

Conforme destaca a Folha de S. Paulo, o presidente Michel Temer tem no radar mais uma dificuldade: a aprovar no Congresso o aumento do déficit nos Orçamentos de 2017 e 2018 para R$ 159 bilhões e os mais de R$ 30 bilhões de expansão de receitas e corte de gastos propostos no pacote divulgados na última terça-feira (15). O governo tem contra si a insatisfação dos aliados na CMO (Comissão Mista de Orçamento), onde começa a tramitar a proposta de revisão da meta. Por outro lado, a equipe econômica quer endurecer o discurso com o Congresso e dirá que, sem a expansão do deficit, serviços serão cortados, e emendas parlamentares, congeladas. Segundo o jornal, Fazenda e Planejamento tratam a ameaça de travar a alteração da meta fiscal como bravata e dizem ter certeza de que ela será aprovada, pois os parlamentares não gostariam de arcar com o ônus de paralisar o governo.  

E, de olho no efeito do déficit sobre a nota de crédito soberano e buscando ganhar tempo, a Fazenda “ofereceu” a aprovação da TLP e da reforma da Previdência para a S&P, de acordo com dois integrantes da equipe econômica ouvidos pela Bloomberg. Segundo a agência, a aprovação de reformas estruturais é o que vai definir um possível rebaixamento do Brasil. O governo pretende usar a mesma estratégia com outras agências de classificação de risco. 

Além da meta, outro alerta para Temer: o doleiro Lúcio Funaro falou que existem impasses para o fechamento de sua delação premiada, que, por isso, não tem ainda previsão para ocorrer. Segundo ele, há uma “dificuldade” com o Ministério Público para se chegar a um entendimento sobre os benefícios, principalmente sobre seu tempo de prisão. Ontem, Funaro ainda foi questionado se já revelou tudo o que sabe, ele afirmou que ainda tem coisas para revelar no acordo de delação. Indagado, então, se os fatos novos poderiam envolver o presidente, respondeu: “Também”. Ainda sobre delações, a Folha informa que a Procuradoria avalia reabrir negociação de acordo de delação premiada de Eduardo Cunha. 

Reforma política

O plenário da Câmara aprovou na noite de ontem o requerimento de encerramento da discussão da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 77/03, que muda as regras do sistema político-eleitoral. Em seguida, a sessão foi encerrada e a votação do texto-base foi adiada.  O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), agendou a próxima sessão para votação da proposta para terça-feira (22). Maia resolveu encerrar a sessão desta quarta-feira ao considerar o quórum de 430 deputados baixo. Nas negociações durante o dia, o presidente havia acordado que a PEC só seria votada com 480 deputados em plenário.

A PEC propõe a mudança do sistema proporcional para as eleições de deputados e vereadores para a  modalidade chamada “distritão”, no qual são eleitos os candidatos mais votados, sem considerar a proporcionalidade dos votos recebidos pelos partidos e coligações. Além disso, está no texto a criação de um fundo para financiar as campanhas eleitorais a partir de 2018. Para ter efeito nas eleições de 2018, a PEC tem que ser aprovada pela Câmara e pelo Senado, em dois turnos de votação em cada uma das Casas e promulgada até o dia 7 de outubro, um ano antes das eleições em primeiro turno.

Agenda de indicadores nos EUA

Nos EUA, às 9h30, serão divulgados os dados de pedidos de auxílio desemprego e de sondagem industrial da Filadélfia. Às 10h15, atenção para a produção industrial de julho e, logo depois, às 11h, serão divulgados os indicadores antecedentes. Às 14h, o dirigente do Fed de Dallas, Robert Kaplan, fará discurso. Já na Europa, destaque para a ata da última reunião do BCE, a ser revelada às 8h30.

Noticiário corporativo

Em destaque no noticiário corporativo, a Petrobras finaliza o bookbuilding da 5ª emissão de debêntures. Ainda sobre estatais, duas notícias sobre a Eletrobras: a companhia considera IPO para linhas de transmissão, segundo fonte ouvida pela Bloomberg, enquanto a Aneel informou que a empresa deve devolver R$ 3 bilhões aos cofres públicos. Já a coluna do Broad informa que a oferta de ações da Via Varejo em bolsa pode ser saída para Pão de Açúcar. No radar de recomendações, a Tupy foi elevada a outperform pelo BB Investimentos, com preço-alvo de R$ 20.

Já no InfoTrade de hoje, destaque para as ações do Itaú Unibanco (ITUB4), que possuem forte resistência pela frente (confira clicando aqui).

O Ibovespa Futuro é um bom termômetro de como será o pregão, mas nem sempre prevê adequadamente movimentos na Bolsa a partir do sino de abertura.