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SÃO PAULO – Se a sessão desta segunda-feira (21) caminhava para um descolamento diante das dos mercados externos, uma combinação de notícias negativas acabou azedando o cenário na B3, com o Ibovespa virando para queda e o dólar disparando para alta de quase 1%. Entre as novidades, a justiça suspendeu o leilão de usinas da Cemig, a PGR denunciou o líder do governo no Senado, enquanto o petróleo virou para forte queda no exterior.
O benchmark da bolsa brasileira fechou com queda de 0,12%, aos 68.659 pontos, após chegar a subir 0,51% na máxima do dia, a 69.068 pontos – o volume financeiro ficou em R$ 11,761 bilhões. A superação da marca de 69 mil pontos – algo que não acontecia desde 23 de fevereiro -, também se tornou um fator de peso para a virada. O Ibovespa subiu neste patamar duas vezes, por poucos minutos, neste pregão, mas não conseguiu se sustentar.
O dólar comercial, por sua vez, teve forte alta de 0,71%, cotado a R$ 3,1683 na venda – após chegar a cair para R$ 3,13 mais cedo -, enquanto o dólar futuro com vencimento em setembro avançou 0,65%, a R$ 3,176. Já os juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 registraram baixa de 2 pontos-base, cotados a 8,04%, enquanto os contratos de janeiro de 2021 subiram 9 pontos, negociados a 9,53%.
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Na primeira má notícia do dia, uma liminar expedida pelo TRF1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) suspendeu o leilão de quatro hidrelétricas da Cemig, que estavam previstas para serem vendidas pela União dia 22 de setembro. Em busca de cumprir a meta de déficit fiscal deste ano, o governo pretende arrecadar ao menos R$ 11 bilhões com o leilão das quatro hidrelétricas – Jaguara, Miranda, São Simão e Volta Grande.
Em decisão do último dia 18, o desembargador federal Souza Prudente entendeu que o valor de venda estaria muito abaixo do que verdadeiramente valem as usinas. Ele acolheu a argumentação do advogado Guilherme da Cunha Andrade, autor do pedido, que vê valor mínimo para o leilão de R$ 18 bilhões.
“O governo está contando com esse leilão para fechar as contas e, se isso não acontecer, alguma outra alternativa será necessária […] mercado está colocando esse risco”, disse Carlos Fernando Vieira, chefe de renda fixa da Lerosa Corretora, para a Bloomberg.
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A segunda novidade que pesou no mercado foi a informação de que a PGR (Procuradoria Geral da República) denunciou ao STF (Supremo Tribunal Federal) o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), por crimes na Operação Zelotes, que apura fraudes no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais).
Não há maiores detalhes sobre o caso porque ele segue sob segredo de justiça. Mas a notícia se torna mais uma pedra no complicado cenário para o governo conseguir apoio para aprovar as reformas que está propondo, principalmente a da Previdência.
Por fim, o petróleo, que virou para forte queda de mais de 2% após o rali dos últimos pregões. O barrril do WTI teve perdas de 2,31%, para US$ 47,39, enquanto o petróleo tipo brent registrou queda de 1,97%, a US$ 51,68. Analistas estrangeiros apontam as incertezas sobre os estoques como um dos fatores para a realização da commodity.
Mas nem tudo foi notícia negativa nesta segunda. Mais cedo, sustentava os ganhos do índice a alta do minério de ferro, com os contratos futuros negociados em Dalian disparando 6,62%, enquanto a commodity negociada no porto de Qingdao com 62% de pureza subiu 2,40%, voltando para a faixa de US$ 80,00 a tonelada, em vista da queda dos estoques de minério de ferro nos portos da China, comprovando que ainda há forte demanda pelo produto. Segundo o RBC Capital Markets, o minério de ferro deverá se manter acima de US$ 70 por tonelada até o fim de dezembro depois de subir devido à demanda chinesa
De acordo com José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos, além do impulso gerado pelas commodities metálicas, o mercado também foi favorecido mais cedo pelo ajuste de posições por conta do vencimento de opções sobre ações na B3. Mesmo assim, ele já alertava para os riscos do cenário político norte-americano, com a dificuldade de Trump em implementar as reformas econômicas prometidas, como também os domésticos, com a votação da TLP e da reforma política nesta semana, além das preocupações com a situação fiscal.
Crise fiscal
As dificuldades do governo em fechar as contas segue no radar dos mercados. Em entrevista ao jornal O Globo, o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, afirmou que, embora a revisão das metas de 2017 e 2018 e as medidas de ajuste fiscal — como teto para os salários dos servidores — dependam do Legislativo, ele não perde o sono por isso: “sou sempre otimista com o Congresso”. De acordo com o ministro, o governo está disposto a fazer o que for preciso para cumprir a meta fiscal de 2017. Já o jornal Valor Econômico informa que o déficit alto põe o governo sob risco de crime fiscal, apontando que a equipe econômica está preocupada com os riscos de descumprimento da chamada “regra de ouro” das finanças públicas, o artigo 167 da Constituição, que proíbe a emissão de dívida em valor superior às despesas de capital (essencialmente investimentos) do exercício. Com os elevados déficits fiscais, há crescente possibilidade de infração à norma em 2018, o que configuraria crime de responsabilidade das autoridades, inclusive do presidente da República. Se a questão não for equacionada, quem assumir o governo em 2019 também terá dificuldade para cumprir a regra, a menos que paralise a máquina pública por falta de pagamentos. Neste sentido, o Estadão informa que, apesar das dificuldades em fechar as contas, o governo Michel Temer criou três programas de parcelamento de débitos tributários (Refis) que têm juntos o poder de perdoar R$ 78,1 bilhões em dívidas durante todo o prazo de vigência, segundo cálculos da Receita Federal. O valor corresponde à renúncia potencial de arrecadação do governo com a redução de juros, multas e encargos das dívidas de empresas, estados e municípios. E esse número pode ficar maior, já que dois dos programas, criados por medida provisória, ainda estão em tramitação no Congresso e podem ser alterados pelos parlamentares, aumentando os benefícios aos devedores. E agora Trump?
Na semana passada, Donald Trump decidiu desfazer três conselhos consultivos formados por executivos proeminentes. Vários desses executivos haviam renunciado antes do anúncio devido a comentários polêmicos de Trump sobre o recente confronto entre supremacistas e um grupo opositor em Charlottesville, na Virgínia. Na sexta-feira, porém, gerou certo alívio a demissão do estrategista-chefe do governo americano, Steve Bannon, considerado um dos opositores do diretor do Conselho Econômico Nacional, Gary Cohn. Por conta dessa dificuldade em governar, Trump não conseguiu entregar as reformas econômicas prometidas em sua campanha e sua aprovação caiu vertiginosamente, sendo a mais baixa para qualquer líder americano em seu primeiro ano no cargo. Assim, os riscos legislativos estão ganhando cade vez mais força e para Alec Phillips, analista político do Goldman Sachs, há 50% de chance de ‘shutdown’ (paralisação) do governo no curto prazo. Segundo Phillips, o teto da dívida norte-americana – que ainda precisa ser elevado – deve impedir que uma paralisação mais longa ocorra, mas ressalta que, para isso, Trump precisa solidificar o apoio em sua base, além de precisar do apoio do Partido Democrata. Para ele, “o tamanho do fosso entre a confiança do consumidor e a aprovação presidencial é muito incomum” para esse período do governo, já que Trump está em seu primeiro ano de governo e isso reflete a fragilidade do presidente. Destaques do mercado As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram: As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram: As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram: * – Lote de mil ações PSDB em crise “A presença de Aécio Neves hoje, em reuniões internas ou públicas, só nos causa desconforto e embaraços. Prove sua inocência, senador, e aí sim retorne ao partido”, afirmou o diretório, acrescentando que o senador Tasso Jereissati, presidente em exercício da sigla, é quem pode falar em nome do PSDB. Após a reunião com Aécio, Temer diz que não interfere em assuntos de outros partidos e afirmou que se reuniu com o parlamentar para tratar sobre a situação da Cemig. Neste cenário de crise do partido, a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, informa que a ala do PSDB que defende o apoio ao governo Temer quer a saída de Tasso Jereissati (CE) da presidência interina da sigla até o fim desta semana. Diz que, se Aécio Neves (MG) não encontrar um substituto, o PSDB vai perder deputados. Entre os que ameaçam deixar a sigla estão quadros históricos e fundadores da legenda e ao menos dez parlamentares estariam dispostos a sair se o cearense continuar no cargo. Para completar, João Doria aparece na frente do governador do estado Geraldo Alckmin na preferência dos eleitores para a disputa à presidência da República, segundo aponta pesquisa do instituto Paraná Pesquisas. De acordo com o levantamento, feito com base em 2.802 questionários online entre os dias 15 e 17 de agosto, Doria está disparado na frente. Pergunta-se: “entre Geraldo Alckmin e João Doria, quem seria o melhor candidato à Presidência da República em 2018?”. As respostas são: 40,3% disseram Doria; 13,2%, Alckmin; 41,3%, nenhum deles; e 5,2% não souberam dizer.
Destaque positivo para as ações de Vale (VALE3) e Bradespar (BRAP4), que sobem na esteira do minério de ferro. Do outro lado, os papéis da Petrobras (PETR3; PETR4) viraram para queda de 2% puxada pela derrocada do petróleo no exterior.
Cód.
Ativo
Cot R$
% Dia
% Ano
Vol1
GOAU4
GERDAU MET PN
5,22
-3,15
+8,75
84,69M
ECOR3
ECORODOVIAS ON
10,39
-2,17
+28,86
16,55M
JBSS3
JBS ON
8,00
-2,08
-29,60
84,23M
CMIG4
CEMIG PN
7,93
-1,98
+5,66
116,25M
PETR4
PETROBRAS PN
13,34
-1,91
-10,29
532,12M
Cód.
Ativo
Cot R$
% Dia
% Ano
Vol1
FIBR3
FIBRIA ON
39,91
+4,20
+28,22
87,75M
SUZB5
SUZANO PAPELPNA
17,65
+3,64
+27,63
91,73M
ELET3
ELETROBRAS ON
14,20
+3,35
-32,76
37,52M
ESTC3
ESTACIO PARTON
23,17
+2,98
+49,19
88,61M
KLBN11
KLABIN S/A UNT N2
17,19
+1,72
-0,68
16,69M
Código
Ativo
Cot R$
Var %
Vol1
Vol 30d1
Neg
VALE3
VALE ON ATZ
31,75
+0,63
634,18M
302,81M
38.241
PETR4
PETROBRAS PN
13,34
-1,91
532,12M
429,05M
26.415
ITUB4
ITAUUNIBANCOPN EJ
39,58
-0,73
353,83M
355,07M
14.733
ABEV3
AMBEV S/A ON
19,74
-0,10
259,84M
202,61M
20.729
BBAS3
BRASIL ON
30,82
+1,31
236,27M
195,01M
16.932
BBDC4
BRADESCO PN
32,76
-0,03
207,42M
286,15M
12.971
BBSE3
BBSEGURIDADEON EDR
27,70
+0,44
199,29M
139,47M
13.007
BVMF3
BMFBOVESPA ON
21,91
+0,09
128,33M
161,04M
14.719
KROT3
KROTON ON ED
17,55
+0,29
125,62M
150,35M
27.485
CMIG4
CEMIG PN
7,93
-1,98
116,25M
46,24M
15.613
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) IBOVESPA
A crise no ninho tucano parece se agravar a cada dia. Desta vez, o alvo da polêmica foi a reunião na última sexta-feira entre o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), após a propaganda partidária veiculada na quinta-feira rachar o PSDB. No último domingo, a Executiva do partido em São Paulo criticou e manifestou “desconforto” em relação aos encontros entre os dois.