Os 5 assuntos que vão agitar os mercados nesta terça-feira

Confira em que se atentar na abertura do mercado brasileiro

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A sessão é movimentada nesta terça-feira (22), com uma agenda política cheia e com atenção voltada para a TLP, enquanto o mercado deve repercutir positivamente o anúncio surpreendente do governo de desestatização da Eletrobras, que fez com que os ADRs da companhia disparassem 20% no after market na última segunda-feira. Confira os destaques:

1. Bolsas mundiais

Nesta terça-feira, as bolsas europeias interrompem baixa de três dias acompanhando a alta dos metais, enquanto o dólar registra alta contra a maioria dos pares, à espera das falas de Janet Yellen (Federal Reserve) e Mario Draghi (BCE) ainda esta semana em Jackson Hole. Já o índice de expectativas econômicas da Alemanha não animou, caindo para 10 em agosto, de 17,5 em julho, segundo o instituto alemão ZEW. Analistas consultados pelo The Wall Street Journal previam queda menor do indicador, a 14.

Já na Ásia,  bolsas asiáticas fecham sem direção única de olho justamente na reunião entre banqueiros centrais. Entre os índices do continente, vale destacar o sul-coreano Kospi, que subiu 0,44%e reverteu as perdas de ontem, quando EUA e Coreia do Sul iniciaram exercícios militares anuais que se estenderão até o dia 31, apenas semanas depois da acalorada troca de ameaças entre Washington e o regime da Coreia do Norte.

No mercado de commodities, o petróleo tem leve alta após cair 2,4% ontem antes de dado de estoques nos EUA; já cobre e níquel sobem em Londres, enquanto vergalhão de aço recua e minério de ferro avança em Dalian. 

Às 8h, este era o desempenho dos principais índices:

*CAC-40 (França) +0,47%

*FTSE (Reino Unido) +0,65%

*DAX (Alemanha) +0,67% 

*Hang Seng (Hong Kong) +0,91% (fechado)

*Xangai (China) (fechado) +0,13% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,05% (fechado)

*Petróleo WTI +0,02%, a US$ 47,38 o barril

*Petróleo brent +0,06%, a US$ 51,69 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian +4,11%, a 606 iuanes

 * Minério de ferro negociado em Qingdao 62% -0,35%, a US$ 79,65 a tonelada

2. Agenda política

Nesta terça, o plenário da Câmara dos Deputados deverá analisar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 77/03, que trata da reforma política e prevê um novo sistema para eleição de vereadores, deputados e senadores, o chamado”distritão”, e também a criação de um fundo com dinheiro público para financiar campanhas eleitorais.  A PEC 77/03 será discutida como pauta única do plenário, em sessão marcada para começar às 13h. Estarão em votação o texto-base, que ainda não tem consenso da maioria dos parlamentares.

Ainda nesta terça, às 19h, haverá sessão do Congresso Nacional para analisar vetos do presidente Michel Temer em sete projetos de lei. Além disso, há previsão de reunião da Comissão Mista de Orçamento (CMO) com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para discutir o projeto de mudança da meta fiscal.

Já a Comissão especial mista tem leitura do relatório sobre Medida Provisória 777, que trata da nova Taxa de Longo Prazo (TLP), às 15h. Segundo o jornal Valor Econômico, o Planalto prevê 18 votos a favor da TLP versus 8 contra na comissão. Por fim, em meio às negociações sobre a reforma política, a Câmara começará a discutir e analisar esta semana a reforma tributária. O deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), relator do tema na Câmara, deve apresentar na comissão especial de estudos a primeira versão de sua proposta de simplificação da legislação tributária do país.

3. Entrevista de Meirelles

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o ministro da Fazenda Henrique Meirelles afirmou ver chance de reforma Previdência passar este ano. “Há boas chances, dentro de um nível aceitável para o equilíbrio fiscal”, disse ele, afirmando que o “Congresso tem consciência de que a reforma é fundamental” e que “é importante para o próximo governo que a reforma seja votada agora”. 

De acordo com ele, a “proposta definida em maio com a Câmara proporciona 75% da economia prevista com a proposta original do governo. Vamos negociar tendo isso em vista para fazermos uma reforma que faça sentido, porque uma reforma que não faça sentido não deve ser feita”. Meirelles ainda disse que não vê diminuição da capacidade do governo de viabilizar projetos no Congresso em meio à crise política. Sobre as eleições de 2018, Meirelles disse que um candidato com uma mensagem reformista deve ganhar.
Quando perguntado sobre sua possível candidatura, Meirelles disse que está concentrado em “fazer as reformas e assegurar o crescimento nos próximos anos”. 

4. Agenda de indicadores

Em destaque na agenda de indicadores, os EUA divulgará o índice de preços de moradias de junho às 10h. Já às 11h, será revelado os dados de manufatura compilados pelo Fed de Richmond. Às 21h30, atenção para o PMI de manufatura prévio de agosto do Japão.

5. Noticiário corporativo

O grande destaque desta terça-feira fica para as reações à notícia de que o governo vai propor a desestatização da Eletrobras. Em nota por e-mail, o governo informou que a proposta será de redução da participação da União no capital da companhia, assim como ocorreu com a Embraer e com a Vale. O governo seguirá como acionista da empresa e terá poder veto na administração, garantindo que decisões estratégicas no setor sejam preservadas, tais como os encargos setoriais da CDE e o financiamento de projetos de revitalização do Rio São Francisco. Segundo o Valor, a Fazenda acertou a desestatização após aumento da meta de déficit fiscal para R$ 159 bilhões em 2017-18. De acordo com o Santander, a decisão é “inesperada e positiva, embora faltem detalhes sobre a proposta (se é uma verdadeira privatização ou simplesmente a venda de uma participação na empresa)”. De acordo com os analistas, a potencial privatização poderia destravar um novo valor aos acionistas, já que um novo sócio ou investidores poderiam acelerar o plano de recuperação e melhorar o custo da dívida e da estrutura de capital”. A notícia sobre a Eletrobras compensa desconforto com suspensão da venda de usinas da Cemig, que pode render R$ 11 bilhões, e que ajudou reverter alta dos ativos brasileiros na véspera; a AGU recorrerá da decisão.

Além de Eletrobras e Cemig, outra estatal está no radar dos mercados. A Comissão de Ética Pública da Presidência da República decidiu aplicar advertência ética ao diretor de Governança, Risco e Conformidade da Petrobras, João Adalberto Elek Júnior, por ter violado a lei de conflito de interesses. Já na Gafisa, Carlos Calheiros assume diretoria financeira. Por fim, o juiz da comarca de Lisboa reconheceu a recuperação judicial da Oi. 

Já no InfoTrade de hoje, as principais resistências que Eletrobras (ELET3) enfrentará neste pregão (confira clicando aqui).

(Com Bloomberg e Agência Estado) 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.