O plano B da Vale, a estratégia da B2W para enfrentar a Amazon e mais 9 notícias no radar

Confira os destaques do noticiário corporativo desta terça-feira (17)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O noticiário corporativo é bastante movimentado nesta terça-feira, com destaque para diversas notícias sobre a JBS, além da boa prévia operacional da MRV, mudança na Linx, entre outros. Confira as principais notícias do mercado nesta terça-feira:

JBS (JBSS3)
O juiz federal João Batista Leite, da 6.ª Vara Federal, em São Paulo, aceitou na segunda-feira denúncia do Ministério Público Federal contra os irmãos Joesley e Wesley Batista, principais acionistas do Grupo J&F. A dupla é acusada por uso de informação privilegiada e manipulação do mercado em transações no mercado financeiro ocorridas entre abril e 17 maio (data da divulgação dos dados relacionados à delação premiada firmada com a PGR), a partir de dados coletados na Operação Acerto de Contas, desdobramento da Tendão de Aquiles.

Para o Ministério Público Federal, em São Paulo, os irmãos “minimizaram prejuízos mediante a compra e venda de ações e lucraram comprando dólares com base em informações que dispunham sobre o acordo de delação premiada que haviam negociado com a Procuradoria-Geral da República”.

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O relatório final da PF na Tendão de Aquiles foi entregue ao Ministério Público Federal. Segundo o documento, com a assinatura do compromisso de delação premiada, os irmãos tiveram a certeza de que aquele documento “era impactante” e a informação poderia ser utilizada no mercado.

Ainda no noticiário da companhia, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) abriu processo administrativo sancionador contra o diretor de relações com investidores, Jeremiah O’Callaghan. O executivo é acusado de suposta infração ao dever de informar, por não inquirir os administradores e controladores da JBS sobre informações referentes à delação premiada assinada com o Ministério Público, conforme noticia O Estado de S. Paulo, citando dados do processo. Para a reguladora do mercado de capitais brasileiro, O’Callaghan também falhou por divulgar de forma inapropriada comunicação com informações sobre o que seria um fato relevante.

Além disso, a JBS Foods International solicitou o consentimento da SEC (Securities and Exchange Commission) — a reguladora do mercado de capitais dos Estados Unidos — para retirar o pedido de IPO (Oferta Pública Inicial, da sigla em inglês). Segundo o Valor Econômico, o plano da JBS de abrir o capital da JBS Foods Internacional nos EUA continua de pé, mas a intenção é listar a subsidiária na bolsa de Nova York só em 2018, afirmou uma fonte próxima à companhia ao jornal. 

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Por fim, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) tende a reprovar a compra da Mataboi pela JBJ, empresa de José Batista Júnior, irmão de Joesley Batista. Segundo fontes que acompanham o caso ouvidas pelo Estadão, os advogados das empresas chegaram a propor um acordo para permitir a aprovação da operação, mas as negociações não avançaram. Depois de ser envolvido na delação de executivos da JBS, o Cade julgará o caso amanhã. Apesar de a JBJ ser uma empresa independente da JBS, o conselho vê problemas na operação justamente pelo parentesco entre os donos dos dois grupos, já que a compra de mais um frigorífico poderia aumentar indiretamente a concentração de mercado da empresa de Joesley por meio de troca de informações e combinações entre os irmãos.

Vale (VALE3;VALE5)

Conforme aponta reportagem da Bloomberg, a Vale tem um plano de reserva para ir ao Novo Mercado caso não obtenha os votos necessários completar a conversão acionária em Assembleia Especial de acionistas nesta semana: um waiver regulamentar. Em fevereiro, a Vale apresentou um roteiro para encerrar com um acordo de 20 anos que dava o controle da companhia a um grupo de acionistas públicos e privados.

A Vale já convenceu quase 85% dos acionistas preferenciais a concordarem com uma nova estrutura que remova o poder do grupo de controle – e o risco de intromissão do governo. Mas ela ainda precisa conseguir o consentimento dos detentores do restante das ações PN para concluir a conversão e aderir ao Novo Mercado. O assunto será tratado pelos acionistas em assembleia nesta quarta-feira. Se eles não conseguirem obter o consentimento total dos
remanescentes – incluindo fundos de investimento de gestão passiva e investidores que não puderam ser contatados ou não sabiam da conversão – a companhia pode decidir solicitar um waiver da CVM. A diretoria sinalizou que poderá conseguir o waiver no mesmo dia, disse Leonardo Correa, analista do BTG Pactual, em nota no mês passado. A reestruturação pode desembaraçar uma estrutura acionária que pesava sobre o preço das ações da Vale, negociadas com desconto em relação às principais rivais.

Embraer (EMBR3)

A  Airbus e Bombardier anunciaram um negócio em que a Airbus vai adquirir uma participação majoritária no CSeries. Esse negócio faz com que o C-Series ganhe força comercialmente, especialmente nos EUA (onde a planta da Airbus poderia ser utilizada para evitar as tarifas de importação que estão sendo impostas a Bombardier).

Segundo o BTG Pactual, essa é uma notícia naturalmente negativa para a Embraer – CSeries é um dos principais competidores da nova família de jatos comerciais da Embraer.

Petrobras (PETR3; PETR4)
A Petrobras protocolou pedido junto à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) de registro de distribuição pública secundária de ações ordinárias da BR Distribuidora, segundo fato relevante ao mercado. Segundo a nota, a distribuição secundária será realizada no Brasil, com esforços de colocação no exterior. O percentual deverá ficar entre 25% e 40% da participação detida pela Petrobras.

A Petrobras também anunciou nesta terça-feira aumento de 1% no preço do diesel e de 1,7% no valor da gasolina vendida nas refinarias. Os reajustes valem a partir de amanhã. 

B2W (BTOW3)

Conforme aponta o Valor Econômico, na semana em que a Amazon deve anunciar oficialmente sua entrada no mercado brasileiro, a B2W revela como pretende enfrentar a concorrente americana. O plano é acelerar o “marketplace” de produtos eletrônicos e entrar, até dezembro, no mercado de venda produtos usados entre consumidores, o C2C, segmento explorado por outro rival, o Mercado Livre.

Veja mais em: Há motivo para tanto pânico das varejistas com a expansão da Amazon no Brasil?

Linx (LINX3)

A Linx comunicou ao mercado que Dennis Herszkowicz deixou os cargos de vice-presidente de finanças e diretor de relações com investidores para assumir a recém criada vice-presidência com foco na expansão da companhia em novos mercados. Ainda de acordo com fato relevante divulgado na noite desta segunda-feira, as diretorias de fusões e aquisições, meios de pagamento e TEF e inteligência de varejo passarão a reportar ao executivo. O substituto de Herszkowicz na vice presidência de finanças da Linx será Pedro Holmes Moreira, eleito em reunião de conselho realizada mais cedo.

Segundo o Santander, a eleição leva a uma transição suave de gestão, permitindo que o ex-CFO Herszkowicz se concentre em tarefas maiores que podem ajudar a transformar os negócios da Linx para além do ERP central.

Somos Educação (SEDU3)

O Conselho de Administração da Somos Educação aprovou Fernando Shayer como CEO (Chief Executive Officer). 

Minerva (BEEF3)
A processadora de proteína animal Minerva informou o mercado que resgatou antecipadamente a totalidade das debêntures de 4ª emissão, em operação que somou R$ 155,8 milhões. Os papéis tinham vencimento para junho de 2018.

Cosan (CSAN3)

A Cosan anunciou que os membros independentes do Conselho aprovaram o exercício da opção de compra de 21,8 milhões de açõees da Comgás da CZZ pelo valor de R$ 1,163 bilhão que será pago em duas parcelas: no dia do fechamento, R$ 948 milhões e R$ 215 milhões depois de 1 ano. O negócio ainda precisa ser aprovado pelo Cade. Segundo o Credit Suisse, essa notícia não deve ser vista como uma surpresa pelos investidores e o valuation da transação foi justo. 

MRV Engenharia (MRVE3)
A MRV informou que suas vendas líquidas subiram 21% no terceiro trimestre, ante o mesmo período no ano anterior, para R$ 1,28 bilhão. De acordo com os dados operacionais divulgados, as vendas brutas ficaram em R$ 1,55 bilhão, o que corresponde a um novo recorde na empresa. Os lançamentos somaram R$ 1,41 bilhão entre julho e setembro, em uma alta de 72% na comparação anual. Os distratos, por sua vez, caíram R$ 16%, para R$ 265 milhões, o que fez sua relação com as vendas cair de 22,9% para 17,1%.

O Bradesco BBI apontou sólidos números operacionais preliminares; os principais destaques foram alta nos lançamentos, recorde em vendas brutas e líquidas e maior transferência de unidades em 13 trimestres; “A MRV é o nosso segundo nome mais barato no segmento”, avalia o banco. O Santander espera reação positiva a dados operacionais positivos; “mantemos nossa visão positiva em MRV, pois esperamos que as operações da empresa continuem a produzir resultados positivos nos próximos anos”. 

Tenda (TEND3)

De acordo com o Credit Suisse, os dados operacionais da Tenda também foram positivos, destacando que a empresa conseguiu antecipar alguns lançamentos para se proteger caso tenha alguma restrição no orcamento do FGTS no final do ano. Os lançamentos alcançaram R$ 488 milhões no terceiro trimestre e a expectativa do Credit se mantém em R$ 1,5 bilhão para o ano. “Interessante que, mesmo com o lançamento mais forte, a empresa conseguiu aumentar o landbank com a compra de 51 projetos e entrando no quarto trimestre com R$ 6,3 bilhões.  A compra de terreno é fundamental para a Tenda sustentar o ritmo atual de lançamento. Além disso, a empresa entregou vendas fortes e queda de distrato”, apontam os analistas. 

PetroRio (PRIO3)
A PetroRio solicitou à ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) a redução de 50% no valor dos royalties pagos sobre a produção no campo de Polvo, na Bacia de Campos. A companhia pretende investir US$ 60 milhões na revitalização do campo. Para isso, ela pede uma redução nos royalties de 10% para 5%. Conforme argumenta o diretor financeiro da empresa, Bener Mayhew, Polvo é um campo maduro com produção em declínio.

QGEP (QGEP3)

A Queiroz Galvão Exploração e Produção e a ExxonMobil Exploração Brasil submeteram ao Cade operação em cessão de participação em bloco de extração de petróleo e gás
natural, segundo publicação no Diário Oficial. O ato de concentração tem acesso restrito no website do Cade até o momento.

(Com Bloomberg e Agência Estado) 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.