Magazine Luiza e B2W afundam até 8% com “efeito Amazon”; só 7 das 59 ações do Ibovespa fecham em alta

Confira abaixo os principais destaques de ações desta terça-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Ibovespa acelerou a queda no início da tarde e fechou esta terça-feira (17) em baixa de 0,9%, aos 76.201 pontos, com investidores sendo levados pelo clima de cautela após nova ameaça de guerra pela Coreia de Norte e com os investidores de olho na sucessão do Federal Reserve. A correção foi liderada pelas ações dolarizadas e de commodities, em meio à queda vista nos preços do minério de ferro na China. Do outro lado, apenas 11 das 59 ações do índice encerraram em queda hoje.  

Confira abaixo os principais destaques de ações desta terça-feira:

Empresas ponto.com

Não teve jeito. Após chegarem a esboçar uma recuperação durante a manhã desta terça após o “pânico” do mercado com a expansão da Amazon, as ações das varejistas ponto.com voltaram a despencar na bolsa, com Magazine Luiza (MGLU3, R$ 63,80, -7,94%) e B2W (BTOW3, R$ 19,24, -5,59%). A exceção foi a unit da Via Varejo (VVAR11, R$ 21,49, +0,37%), que conseguiu virar nos minutos finais para fechar em alta.

Tanto a queda de B2W quanto a de Magazine Luiza se intensificou durante a tarde, mais precisamente a partir das 14h50. Desde aquele horário, a corretora do Morgan Stanley aparece com o maior saldo vendedor para ambos os ativos, assim como a maior compradora de VVAR11. Como essa corretora é usada por grandes investidores para realizar suas operações, esse movimento pode significar uma troca de portfólio. A baixa também se acentua horas antes da Amazon iniciar a ampliação da sua categoria de vendas no País, de acordo com informações do Valor. O jornal afirmou que a companhia começará a vender eletrônicos na próxima quarta-feira (18). 

Vale destacar que, durante a manhã, quando as ações da B2W chegaram a subir quase 4%, enquanto o mercado digeria a notícia do Valor Econômico de que, na semana em que a Amazon deve anunciar oficialmente sua entrada no mercado brasileiro que tanto abalou as companhias, a B2W revela como pretende enfrentar a concorrente americana. O plano é acelerar o “marketplace” de produtos eletrônicos e entrar, até dezembro, no mercado de venda produtos usados entre consumidores, o C2C, segmento explorado por outro rival, o Mercado Livre.  O BTG Pactual pontuou que mantém visão positiva sobre a companhia (um dos potenciais vencedores no setor de e-commerce brasileiro), reiterando que o terceiro trimestre deverá apresentar sinais ainda mais claros do turnaround da empresa nos últimos meses, levando a uma queima de caixa próxima a zero, enquanto as perspectivas para os próximos anos são positivas.  

Veja mais em: Há motivo para tanto pânico das varejistas com a expansão da Amazon no Brasil?

Vale (VALE3, R$ 32,58, -2,31%;VALE5, R$ 29,97, -2,03%) e siderúrgicas
As ações da Vale registraram queda na sessão após duas sessões de alta, repercutindo a baixa do minério de ferro, com o contrato futuro negociado em Dalian em queda de 1,74%, a 453 iuanes, enquanto o minério negociado em Qingdao tem baixa de 0,35%, a US$ 62,72 a tonelada. O mercado aguarda pelo Congresso do Partido Comunista Chinês, com a expectativa de que o presidente do país, Xi Jinping, consolide e cimente seu poder na segunda maior potência econômica do planeta. As ações de siderúrgicas também registraram baixa, com destaque para Usiminas (USIM5, R$ 9,95, -3,21%), CSN (CSNA3, R$ 9,87, -2,57%) e Gerdau (GGBR4, R$ 11,32, -0,88%). 

Já no radar da Vale, conforme aponta reportagem da Bloomberg, a Vale tem um plano de reserva para ir ao Novo Mercado caso não obtenha os votos necessários completar a conversão acionária em Assembleia Especial de acionistas nesta semana: um waiver regulamentar. Em fevereiro, a Vale apresentou um roteiro para encerrar com um acordo de 20 anos que dava o controle da companhia a um grupo de acionistas públicos e privados.

A Vale já convenceu quase 85% dos acionistas preferenciais a concordarem com uma nova estrutura que remova o poder do grupo de controle – e o risco de intromissão do governo. Mas ela ainda precisa conseguir o consentimento dos detentores do restante das ações PN para concluir a conversão e aderir ao Novo Mercado. O assunto será tratado pelos acionistas em assembleia nesta quarta-feira. Se eles não conseguirem obter o consentimento total dos
remanescentes – incluindo fundos de investimento de gestão passiva e investidores que não puderam ser contatados ou não sabiam da conversão – a companhia pode decidir solicitar um waiver da CVM. A diretoria sinalizou que poderá conseguir o waiver no mesmo dia, disse Leonardo Correa, analista do BTG Pactual, em nota no mês passado. A reestruturação pode desembaraçar uma estrutura acionária que pesava sobre o preço das ações da Vale, negociadas com desconto em relação às principais rivais.

 Embraer (EMBR3, R$ 16,07, -5,41%)

A  Airbus e Bombardier anunciaram um negócio em que a Airbus vai adquirir uma participação majoritária no CSeries. Esse negócio faz com que o C-Series ganhe força comercialmente, especialmente nos EUA (onde a planta da Airbus poderia ser utilizada para evitar as tarifas de importação que estão sendo impostas a Bombardier).

Segundo o BTG Pactual, essa é uma notícia naturalmente negativa para a Embraer – CSeries é um dos principais competidores da nova família de jatos comerciais da Embraer. A ação também teve a recomendação cortada para manutenção pelo Deutsche Bank. 

Locamérica (LCAM3, R$ 15,36, +3,16%)
Do lado das small caps, as ações da Locamérica chegaram a subir 4,10% novamente nesta sessão, após terem disparado 10,62% na véspera com um relatório positivo do BTG Pactual sobre a empresa. Contudo, durante o pregão, a alta amenizou; de qualquer forma, em dois pregões, a alta acumulada é de quase 13%. Os analistas Renato Mimica e Samuel Alves, do banco, apontam que a ação é negociada a um valuation atrativo, depois de uma melhora expressiva no ROE (Retorno sobre Patrimônio Líquido) nos últimos anos – passando de 6% em 2015 para 16,5% no primeiro semestre de 2017. Eles citam também um potencial de ganhos vindo de sinergias e consolidação da empresa. Com isso, a recomendação do papel foi reiterada em compra, com preço-alvo de R$ 17,50 para os próximos 12 meses, o que representaria uma valorização de 23% frente ao patamar atual.

Tenda (TEND3, R$ 18,19, -2,47%)
As ações da Tenda passaram de alta de 2% para queda de cerca de 1,5%, acompanhando o dia negativo da bolsa brasileira. De acordo com o Credit Suisse, os dados operacionais da Tenda foram positivos, destacando que a empresa conseguiu antecipar alguns lançamentos para se proteger caso tenha alguma restrição no orcamento do FGTS no final do ano. Os lançamentos alcançaram R$ 488 milhões no terceiro trimestre e a expectativa do Credit se mantém em R$ 1,5 bilhão para o ano. “Interessante que, mesmo com o lançamento mais forte, a empresa conseguiu aumentar o landbank com a compra de 51 projetos e entrando no quarto trimestre com R$ 6,3 bilhões.  A compra de terreno é fundamental para a Tenda sustentar o ritmo atual de lançamento. Além disso, a empresa entregou vendas fortes e queda de distrato”, apontam os analistas. 

Veja mais: Uma construtora que parece estar “barata” na bolsa e o motivo para ficar de olho em Cemig (leia aqui)

MRV Engenharia (MRVE3, R$ 14,10, -0,70%)
A MRV também virou para queda com o movimento do mercado apesar da prévia operacional do terceiro trimestre, que foi bem recebida por analistas do mercado.

A companhia informou que suas vendas líquidas subiram 21% no terceiro trimestre, ante o mesmo período no ano anterior, para R$ 1,28 bilhão. De acordo com os dados operacionais divulgados, as vendas brutas ficaram em R$ 1,55 bilhão, o que corresponde a um novo recorde na empresa. Os lançamentos somaram R$ 1,41 bilhão entre julho e setembro, em uma alta de 72% na comparação anual. Os distratos, por sua vez, caíram R$ 16%, para R$ 265 milhões, o que fez sua relação com as vendas cair de 22,9% para 17,1%.

O Bradesco BBI apontou sólidos números operacionais preliminares; os principais destaques foram alta nos lançamentos, recorde em vendas brutas e líquidas e maior transferência de unidades em 13 trimestres; “A MRV é o nosso segundo nome mais barato no segmento”, avalia o banco. O Santander espera reação positiva a dados operacionais positivos; “mantemos nossa visão positiva em MRV, pois esperamos que as operações da empresa continuem a produzir resultados positivos nos próximos anos”. 

Oi (OIBR4, R$ 5,03, -1,37%)
A ação da Oi passou de alta de quase 6% para queda de olho nos próximos passos da recuperação judicial da companhia. De acordo com fontes ouvidas pela Bloomberg, o China Development Bank deve apoiar plano de recuperação da Oi; a CDB pode assinar documento ainda nesta terça- feira. A companhia ainda informou que a posição final de caixa em agosto era de R$ 7,3 bilhões e a geração de caixa operacional líquida foi de R$ 61 milhões no mês.

(Com Bloomberg e Agência Estado)