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SÃO PAULO – Em meio a euforia pelo ritmo de queda da Selic adotado pelo Banco Central e novo topo histórico cravado em 78.024 pontos, não faltavam projeções que outubro seria mais um mês de fortes ganhos para o Ibovespa, mas o índice empacou sob a região de 77 mil pontos e os investidores começaram especular sobre esse súbito desinteresse do mercado por novas altas, mesmo em meio ao cenário bastante favorável. Até que chegou novembro e a queda de 3.500 pontos da abertura do dia 1º até o fechamento de 14 de novembro, quando o índice cravou mínima em 70.825 pontos, abriu a temporada de caças as bruxas para encontrar um “culpado” deste movimento.
Muito se especulou sobre a derrocada do mercado, com alguns apontando o fracasso de Michel Temer em avançar com a agenda de reformas como gatilho para as vendas, enquanto outros colocavam na conta de Donald Trump e as dificuldades de aprovar sua esperada reforma tributária no Senado norte-americano. No final das contas, quem estava por trás da queda do Ibovespa no começo do mês eram os investidores estrangeiros, que aproveitaram para realizar parte dos lucros após alta de 100% do mercado desde 2016, conforme explica Marcio Appel, gestor da Adam Capital, em entrevista exclusiva ao InfoMoney – confira a reportagem completa.
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Com 47% de participação nas negociações na bolsa brasileira, acompanhar as movimentações dos estrangeiros sempre foi um bom indicativo sobre a tendência do Ibovespa, tendo em vista que cerca de metade de todas as transações efetuadas partem desses investidores. Não por acaso, verificar o ritmo de compras e vendas dos estrangeiros neste mês ajuda explicar (e muito) o desempenho do índice até 14 de novembro, quando cravou mínima em 70.825 pontos. Segundo dados publicados pela B3, o saldo dos investidores estrangeiros no segmento Bovespa entre os dias 1º e 14 de novembro, período que o Ibovespa recuou 5%, ficou negativo em R$ 2,96 bilhões. Para se ter uma ideia, nestes nove dias de negociação, apenas em 8 de novembro o saldo entre compras e vendas ficou no positivo (R$ 15,2 milhões).
Data | Saldo do Investidor Estrangeiro | Ibovespa (Fechamento) |
01/11/2017 | – R$ 258,1 milhões | 73.823 pontos |
03/11/2017 | -R$ 217,2 milhões | 73.915 pontos |
06/11/2017 | -R$ 339,5 milhões | 74.310 pontos |
07/11/2017 | -R$ 962,6 milhões | 72.414 pontos |
08/11/2017 | +R$ 15,2 milhões | 74.363 pontos |
09/11/2017 | -R$ 340,2 milhões | 72.930 pontos |
10/11/2017 | -R$ 345,6 milhões | 72.165 pontos |
13/11/2017 | -R$ 215,4 milhões | 72.475 pontos |
14/11/2017 | -R$ 294,9 milhões | 70.826 pontos |
Por conta de sua influência no mercado, quando os estrangeiros não operam, o volume na bolsa brasileira diminui bastante e a tendência é que ela fique sem um “norte”. Por isso, na próxima quinta-feira (23), quando será comemorado o dia de Ações de Graça nos EUA, os investidores devem esperar por um marasmo na bolsa, assim como na sexta-feira (24), quando a bolsa norte-americana encerrará seus negócios mais cedo – a partir das 16h00 (horário de Brasília).
Recíproca verdadeira
Seguindo essa mesma lógica, no dia 16 de novembro, quando o mercado disparou 2,38% e revelou a força de compra presente na faixa de 71 mil pontos (veja mais aqui), o saldo foi positivo em R$ 187,1 milhões, comprovando que os investidores estrangeiros aproveitaram a queda das ações e melhores preços para encherem o carrinho: “como não houve mudança nos fundamentos de longo prazo, acredito que os preços estão extremamente atraentes nos níveis atuais”, afirmou Marcio Appel. Apesar do resultado positivo na última quinta-feira, o saldo no acumulado deste mês ainda está negativo em R$ 2,77 bilhões, resultado de R$ 45,6 bilhões na compra e R$ 48,3 bilhões na ponta vendedora. Se encerrar no campo negativo, esse será o segundo mês consecutivo de queda, já que em outubro o saldo ficou negativo em R$ 1,8 bilhão.