Ibovespa consolida queda com indefinição sobre troca de ministros

Planalto diz que não há definição sobre a mudança na Secretaria de Governo

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Depois de cravar máxima em 75.020 pontos (+0,6%), o Ibovespa consolidou as perdas e às 16h32 (horário de Brasília) registrava baixa de 0,35%, aos 74.332 pontos, nesta quarta-feira (22), em um movimento natural de correção depois de subir 3.800 pontos nos últimos três dias e após o Planalto afirmar que ainda não há uma definição sobre a mudança na Secretaria de Governo. Além disso, o mercado segue na expectativa pelo novo texto da Reforma da Previdência.

No começo da tarde, os jornais apontavam que o presidente Michel Temer já teria decidido por nomear o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) para o comando da Secretaria de Governo, pasta responsável pela articulação política, no lugar do tucano Antonio Imbassahy (BA). Porém, em nota oficial divulgada há pouco, o próprio Palácio do Planalto informou que não há uma definição sobre a mudança na Secretaria de Governo e que o atual titular da pasta, Antonio Imbassahy, permanecerá no cargo.

Segundo a Secretaria de Imprensa da Presidência, a cerimônia de posse desta tarde, a partir das 17h00, será apenas do novo ministro das Cidades, o deputado Alexandre Baldy. A Secom confirmou que há conversas sendo feitas em torno da possível substituição do tucano por Marun, mas que Temer ainda discute o assunto: “conversas acontecem, mas o ministro continua no cargo”, informou a Secretaria.

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De olho na Previdência

Depois de iniciada a reforma ministerial na semana passada, Temer irá reunir sua base aliada nesta noite para apresentar o nova versão da reforma da Previdência, que será anunciada oficialmente em coletiva de imprensa marcada às 22h00 pelo relator do projeto, o deputado Arthur Maia (PPS-BA). O novo texto da reforma terá três mudanças essenciais, conforme apontam os jornais desta quarta-feira: i) a fixação da idade mínima de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres requererem aposentadoria, ii) a regra de transição – teria início com 53/55 anos, aumentando um ano a cada dois anos a partir de 2020 e iii) a equiparação entre os regimes dos trabalhadores do setor privado e do funcionalismo público.

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Segundo a Folha de S. Paulo, a expectativa até esta terça era que a proposta também mantivesse o limite de dois salários mínimos para o acúmulo de pensão e aposentadoria, um dos principais dispositivos que garantem economia no curto prazo. Contudo, parte dos deputados da base defende a ampliação desse teto para pelo menos três salários mínimos.

Os líderes dos partidos governistas afirmam que ainda existe muita resistência em aprovar essa reforma por conta do desgaste político que poderá impactar nas eleições de 2018. Alguns cálculos extraoficiais do governo indicam que o apoio atual seria de apenas 270 deputados, lembrando que são necessários 308 votos para aprovar a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) na Câmara. Apesar dos entreveros, o mercado está otimista com o desfecho.

“Estivemos reunidos com pessoas seniores da equipe econômica do governo. A opinião mudou e é unânime: todos acreditam, e muito, na aprovação de uma reforma, mesmo que super desidratada, na primeira semana de dezembro”, afirmou Pablo Spyer, diretor de operações da Mirae Corretora, após conversas com membros do governo nesta semana.

Expectativa de correção

Confirmando a expectativa de recuperação após o teste da média móvel de 21 semanas na faixa (veja mais aqui), o Ibovespa cravou máxima exatamente na média móvel de 50 dias e pelo candle de reversão que está sendo formado sugere uma correção para os próximos dias, queda que tem como objetivo voltar para 72.390 pontos, onde tomará uma importante decisão.

Confirmando fundo ascendente sobre o suporte intermediário, um pullback será sacramentado e, assim, o mercado ganhará fôlego para finalmente romper o fundo perdido em 75.180 pontos e buscar o topo histórico em 78.024 pontos. Do contrário, deixando para trás 72.390 pontos, a expectativa de reversão será anulada e o caminho estará aberto para testar 70.825 pontos, confirmando a força da tendência de baixa de curtíssimo prazo.

Destaques do mercado
Do lado positivo, destaque para as ações do setor siderúrgico, que sobem acompanhando a valorização do minério de ferro na China, assim como para os papéis da Sabesp (SBSP3), que sobem forte após o HSBC elevar a recomendação dos ativos para compra, projetando preço-alvo de R$ 39,00 (veja mais aqui).

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BRFS3 BRF SA ON 40,94 -3,22 -15,15 85,28M
 CYRE3 CYRELA REALTON 12,46 -2,20 +22,20 15,84M
 SUZB3 SUZANO PAPELON 20,19 -1,99 +46,00 24,61M
 BBDC3 BRADESCO ON 31,37 -1,88 +19,83 13,65M
 KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 18,52 -1,85 +7,94 12,64M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SBSP3 SABESP ON 33,73 +4,27 +21,62 64,93M
 CPLE6 COPEL PNB 24,34 +3,84 -7,60 15,05M
 ELET6 ELETROBRAS PNB 23,68 +3,09 -2,85 24,00M
 GOAU4 GERDAU MET PN ED 4,96 +2,90 +3,33 57,06M
 ELET3 ELETROBRAS ON 20,85 +1,96 -1,27 22,76M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Agenda econômica

Nos EUA, as atenções ficam por conta da ata do FOMC (Federal Open Market Committee), que será publicada às 17h. Antes disso, foi divulgado o Durable Good Orders referente ao mês de outubro e os pedidos e entregas de bens duráveis feitos à indústria dos Estados Unidos decepcionaram ao recuarem 1,2% frente setembro, enquanto os analistas esperavam crescimento de 0,4%. O indicador é considerado uma boa medida do nível de atividade da economia norte-americana

Vale lembrar que na próxima quinta-feira (23) será feriado nos EUA por conta do dia de Ações de Graça e os investidores devem esperar por um marasmo na bolsa por conta da ausência dos investidores estrangeiros, fato que deve ser visto também na sexta-feira (24), quando a bolsa norte-americana encerrará seus negócios mais cedo – a partir das 16h00.

Mercado está extremamente atraente nos níveis atuais, diz Marcio Appel
Em entrevista exclusiva ao InfoMoney, Marcio Appel, gestor dos badalados fundos da Adam Capital, diz que segue otimista com o mercado brasileiro e encarou a queda recente acumulada na semana passada como uma mera realização provocada por saída de estrangeiros. “Como não teve mudança nos fundamentos de longo prazo, acredito que os preços estão extremamente atraentes nos níveis atuais”, disse o gestor em entrevista realizada no dia 16 de novembro (curiosamente, o Ibovespa subiu mais de 4.000 pontos nos três pregões após a entrevista). Appel falou sobre suas teses de investimentos e por que não está tão preocupado com as eleições de 2018. Clique aqui para ler a entrevista completa.