Ibovespa Futuro recua com reforma da Previdência adiada e alerta de rebaixamento pela Fitch

Indefinição do quadro fiscal pode resultar no rebaixamento da nota de crédito brasileira

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Os contratos futuros de Ibovespa com vencimento em janeiro registravam baixa de 0,30%, aos 73.300 pontos, às 9h16 (horário de Brasília) desta quinta-feira (14), ainda repercutindo o adiamento da reforma da Previdência, que, segundo o líder do governo no Senado, Romero Jucá, ocorrerá somente em fevereiro e o alerta de rebaixamento do rating brasileiro pela Fitch.

O noticiário atrapalhado sobre a Previdência na tarde de ontem serviu para dar uma “amostra grátis” sobre o que pode acontecer caso realmente decidam adiar a aprovação da reforma. Segundo matéria da Folha, a agência de classificação de risco, Fitch Ratings, avisou que nesse cenário sem reforma rebaixará a nota de crédito do Brasil em vista da perspectiva de deterioração do quadro fiscal. Ontem, o anúncio do líder do governo do Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), do adiamento da votação da reforma da Previdência para fevereiro de 2018 surpreendeu integrantes do governo, incluindo o próprio Michel Temer, que desmentiu o acordo. 

Em nota, o Palácio do Planalto informou que ainda definirá com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Eunício Oliveira, a data da votação, assim como espera a leitura do projeto pelo relator da proposta, o deputado Arthur Maia, ainda nesta quinta-feira. Na avaliação de governistas, Jucá “queimou a largada” porque o governo se esforçava para anunciar o adiamento somente na próxima semana. 

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Conforme destacou a consultoria Arko, os sinais mostram que o governo ainda está longe de ter os 308 votos necessários para aprovar a PEC na Câmara: “o descompasso entre Congresso e Executivo é até surpreendente, dada a normal capacidade de articulação desse governo junto ao Congresso, ainda mais vindo de aliado como Romero Jucá”.

Em vista deste cenário, os juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 e 2021 registravam alta de 3 pontos-base, cotados a 6,97% e 9,34%, respectivamente. No mesmo momento, o dólar futuro com vencimento em janeiro registrava valorização de 0,45%, aos 3.330 pontos.

Bolsas mundiais

As bolsas asiáticas fecharam em baixa, pressionadas pelas ações do setor financeiro, após o Banco Central da China elevar inesperadamente as taxas de juros de curto prazo pela terceira vez no ano, em linha com a decisão do Federal Reserve, que aumento o juro ontem para faixa entre 1,25% e 1,5%.

Na Europa, os principais índices operam em leve baixa na expectativa pela decisão de política monetária do Banco Central Europeu, às 10h45 (horário de Brasília), como também ao discurso do presidente do BC, Mario Draghi.

Às 9h16, este era o desempenho dos principais índices:

*Dow Jones Futuro (EUA) +0,13%

*CAC-40 (França) -0,36%

*FTSE (Reino Unido) -0,26%

*DAX (Alemanha) -0,43%

*Hang Seng (Hong Kong) -0,19% (fechado)

*Xangai (China) -0,29% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,28% (fechado)

*Petróleo WTI -0,04%, a US$ 56,58 o barril

*Petróleo brent +0,24%, a US$ 62,57 o barril

*Bitcoin +0,60%, a R$ 56.733 (confira a cotação da moeda em tempo real)

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -0,60%, a 498 iuanes (nas últimas 24 horas)

Lula e cenários para 2018

A decisão do TRF (Tribunal Regional Federal) da 4ª região de marcar a data do julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Inácio Lula da Silva para o dia 24 de janeiro de 2018 segue repercutindo no noticiário. Segundo informa a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, apesar do forte discurso de resistência e de ir até “as últimas consequências”, ele deu sinais de cansaço e abatimento. Contudo, conforme matéria do Estadão, alguns dirigentes lembram que, se existe alguma “coisa positiva” no calendário do Tribunal de segunda instância é o fato de que o julgamento terá início oito meses antes da eleição e, com isso, haveria tempo para o partido construir um “plano B”, que pode ser o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad ou o ex-governador da Bahia Jaques Wagner. 

O PSDB, por sua vez, também está de olho no cenário eleitoral sem Lula. Caso ele não seja o candidato do PT em 2018, a cúpula tucana acredita que aumentam as chances de o governador Geraldo Alckmin estar no segundo turno. Mas, na esquerda, é o ex-governador Ciro Gomes (PDT) quem cresce, principalmente no Nordeste. A data para julgar Lula também tem impacto em outros setores da esquerda, como o PSOL, que aguarda uma resposta de Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), ao convite para ser candidato a presidente pela legenda.

Noticiário corporativo

O noticiário sobre o plano de recuperação judicial da Oi segue em destaque. Segundo fontes ouvidas pela Bloomberg, o acionista Nelson Tanure estuda como anular o novo plano da companhia ao considerar que é nulo porque os acionistas não tiveram a oportunidade de se manifestar sobre a diluição de até 75% do seu patrimônio. Já a Petrobras Distribuidora, subsidiária de postos de combustível da Petrobras, arrecadou cerca de R$ 5 bilhões em sua oferta inicial de ações, maior valor desde 2013. 

A Dommo, ex-OGX, informou que a sua produção de petróleo em novembro subiu para 165.743 barris. O conselho da Bombril aprovou projeto de reestruturação societária, enquanto a Aliansce convocou assembleia para 29 de dezembro para reorganização societária. Por fim, o Itaú se comprometeu a comprar ações ON detidas por FAHZ por R$ 37.

O Ibovespa Futuro é um bom termômetro de como será o pregão, mas nem sempre prevê adequadamente movimentos na Bolsa a partir do sino de abertura.