Ibovespa Futuro recua com sinal vermelho para o fiscal e revés de Trump no Congresso

Mercado segue atento com a situação fiscal brasileira

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Os contratos futuros de Ibovespa com vencimento em fevereiro registravam baixa de 0,35%, aos 72.815 pontos, às 9h19 (horário de Brasília) desta sexta-feira (15), com os investidores preocupados com a trajetória das contas do governo, o que eleva ainda mais as chances de um downgrade da nota de crédito brasileira, além do revés de Trump no Congresso norte-americano.

Com o Orçamento de 2018 aprovado, os congressistas já estão no ritmo do recesso e o pacote de ajuste para equilibrar as contas do governo deve ficar para o ano que vem. Não foram aprovadas neste ano as MPs (Medidas Provisórias) que adiam o reajuste do salário do servidor no ano que vem e aumentam a alíquota previdenciária, além da tributação de fundos exclusivos e a reoneração da folha de pagamento para 50 setores da economia. Neste ritmo, a equipe econômica pode se ver obrigada a começar 2018 cortando mais despesas do Orçamento para não paralisar a máquina pública, o que deixa Temer sem capital político para negociar a Previdência no ano que vem. Além de não votar a reforma e as MPs do ajuste fiscal, o governo acabou gastando o que não tinha em medidas que podem deixar um “rombo” de R$ 21,4 bilhões nas contas, segundo informações do Estadão.

Com tudo isso, cresce ainda mais a probabilidade pelo rebaixamento da nota de crédito brasileira, conforme alertado pelas agências de classificação de risco. A Fitch disse que a reforma adiada destaca risco incluído em outlook negativo e que a janela de oportunidade para reforma significativa antes de ciclo eleitoral de 2018 está se reduzindo. A Moody’s apontou ainda que o adiamento da reforma eleva preocupação com teto de gasto: “adiamento da votação da reforma da previdência é um fator de crédito negativo e indica falta de apoio político para a proposta”.

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Apesar das incertezas, os juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 e 2021 operam praticamente estáveis, cotados a 6,95% e 9,34%, respectivamente. No mesmo momento, o dólar futuro com vencimento em janeiro registrava desvalorização de 0,36%, aos 3.339 pontos.

Revés de Trump

As bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em baixa seguindo o tom negativo dos mercados acionários de Nova York, que ontem caíram em meio a novas preocupações com o andamento da reforma tributária no Congresso. Um inesperado obstáculo surgiu ontem quando o senador republicano Marco Rubio (Flórida) declarou que irá se opor à proposta tributária do seu partido por não incluir maiores benefícios fiscais para crianças de famílias de baixa renda. Diante disso, as votações do projeto na Câmara dos Representantes e no Senado, que eram esperadas para a próxima semana, poderão ser adiadas.

Nos últimos meses, a possibilidade de que Donald Trump conseguisse aprovar significativos cortes nos impostos vinha ajudando a sustentar o bom humor dos investidores. Ainda nesta sexta-feira, um comitê especial de deputados e senadores republicanos deverá divulgar o plano final de reforma tributária do partido.

Às 9h19, este era o desempenho dos principais índices:

*Dow Jones Futuro (EUA) +0,13%

*S&P 500 Futuro (EUA) +0,18%

*Nasdaq Futuro (EUA) +0,27%

*CAC-40 (França) -0,32%

*FTSE (Reino Unido) +0,05%

*DAX (Alemanha) -0,24%

*Hang Seng (Hong Kong) -1,09% (fechado)

*Xangai (China) -0,80% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,62% (fechado)

*Petróleo WTI +0,56%, a US$ 57,36 o barril

*Petróleo brent +0,09%, a US$ 63,37 o barril

*Bitcoin +12,90%, a R$ 64.240 (confira a cotação da moeda em tempo real)

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian +1,40%, a 508 iuanes (nas últimas 24 horas)

Reforma da Previdência

Em vista do adiamento da votação da Previdência, a consultoria de risco político Eurasia reduziu a chance para a aprovação da proposta de 40% para 30%: “a reforma da Previdência permanece possível e não está descartada, mas incapacidade do governo de aprová-la antes do fim de 2017 certamente significa que o caminho adiante agora parece mais difícil. Aprovar uma reforma impopular é sempre difícil e, com proximidade de eleição, legisladores se tornam ainda mais avessos ao risco de votar medidas como a Previdência”, apontam. Além disso, o fracasso do governo em votar reforma em dezembro sugere que número de votos contrários à reforma dentro da coalizão pode ser muito elevado para que os 308 votos sejam atingidos. Desta forma, agora, apenas uma estratégia de comunicação muito eficaz, que altere substancialmente a opinião pública sobre o tema, pode virar o jogo no Congresso em ano eleitoral.

Vale destacar ainda que, segundo a Folha, o governo decidiu flexibilizar ainda mais a proposta de reforma da Previdência para aprová-la, aliviando a transição para servidor e reduzindo idade para mulheres. De qualquer forma, contrariando o discurso otimista do governo, as lideranças de partidos da base aliada confirmam as análises de economistas e cientistas políticos e avaliam que o adiamento da votação da reforma da Previdência para fevereiro de 2018 reduz as chances de aprovação da proposta.

Lula segue líder

Nova pesquisa eleitoral do DataPoder360 mostrou que, se as eleições fossem hoje, Luiz Inácio Lula da Silva seria o vencedor no primeiro e segundo turnos. A pesquisa foi realizada entre os dias 8 e 11 de dezembro com 2.210 pessoas em 177 cidades e tem uma margem de erro de 2,6 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Em primeiro levantamento em que faz simulação para o segundo turno, o DataPoder360 aponta o desempenho quase idêntico dos pré-candidatos Geraldo Alckmin (PSDB) e Jair Bolsonaro (PSC), ambos perdendo para Lula.  O governador paulista perderia para Lula por 41% a 28%, enquanto o deputado teria 30% das intenções de voto, ante 41% do petista.  Ao olhar para intenção de voto estimulada a presidente, Lula tem 29,9%, Bolsonaro possui 21,7%, a ex-senadora Marina Silva 10%, enquanto Alckmin tem 8% e Ciro Gomes (PDT) 6%. 

Já em um cenário sem Lula, Bolsonaro continua como líder absoluto, com 23% das intenções de voto, tendo estabilizado neste patamar deste outubro. Ciro Gomes, que chegou a ter 14% em outubro, tem agora 10% das intenções de voto em dezembro. Marina Silva também tem 10%, Alckmin tem 7% e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) aparece com 5%.

Ainda sobre o cenário eleitoral, ontem, em entrevista à rádio Band FM, o ministro da Fazenda Henrique Meirelles repetiu que vai decidir sobre se candidatura até março. Já o Estadão informa que um grupo do DEM quer aproveitar o palanque de filiação do deputado federal Danilo Fortes, que oficializa hoje o ingresso na sigla, para lançar o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, como candidato do centro à Presidência da República.

Noticiário corporativo

Em destaque no noticiário, está a estreia da BR Distribuidora na bolsa, enquanto o Burger King Brasil precificou a ação a R$ 18 em IPO, no topo da estimativa. A Vale aprovou pagamento antecipado JCP de R$ 2,18 bilhões, a Telefônica aprovou R$ 1,49 bilhão em juros sobre capital próprio. Já no radar de recomendações, o Santander fez uma revisão do setor elétrico: a Eletrobras foi rebaixada para ‘underperform’, Transmissão Paulista elevada para ‘compra’, enquanto a Eneva foi iniciada como ‘compra’ pelo banco.

O Ibovespa Futuro é um bom termômetro de como será o pregão, mas nem sempre prevê adequadamente movimentos na Bolsa a partir do sino de abertura.