Vale ajuda, mas não salva Ibovespa da queda na semana; dólar cai quase 1% e volta para R$ 3,30

Índice fechar esta sexta no positivo após duas quedas seguidas por conta do adiamento da reforma da Previdência

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Mesmo com duas notícias potencialmente negativas, o Ibovespa conseguiu se sustentar no campo positivo nesta sexta-feira (15), o que não foi suficiente, porém, para que o índice evitasse uma queda no acumulado da semana. Entre as ações que ajudaram, destaque para a Vale (VALE3), que subiu na esteira do minério de ferro e na expectativa por um aumento expressivo do dividend yield em 2019.

O benchmark da bolsa brasileira fechou com alta de 0,25%, aos 72.607 pontos, encerrando a semana com perdas de 0,17%. O volume financeiro nesta sexta ficou em R$ 17,602 bilhões. Após começar a semana com leve alta, o índice teve dois dias de forte queda com a confirmação do adiamento da reforma da Previdência para fevereiro, o que acabou sendo crucial para o rumo do mercado na semana. O dólar comercial, por sua vez, teve forte queda de 0,85%, cotado a R$ 3,3080 na venda, fechando a semana com leve alta de 0,38%.

A queda dos contratos futuros do índice denunciava uma abertura em baixa para o mercado, com os investidores preocupados com a trajetória das contas do governo, o que eleva ainda mais as chances de um downgrade da nota de crédito brasileira, além do revés de Trump no Congresso norte-americano, mas o mercado mostrou força sobre os 72.000 pontos, por onde passa justamente a média móvel de 21 semanas, principal referência de suporte de curto prazo e que guiou o mercado na alta entre 2016 e 2017.

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Ao observar o Ibovespa desde 2016, fica bem visível a importância da média móvel de 21 semanas para a manutenção da tendência de alta do mercado. Entre maio e julho do ano passado, depois de disparar cerca de 50% da mínima cravada em 37.047 pontos, o índice descansou justamente sobre a referência de suporte, cenário bastante parecido ao visto atualmente. A única exceção foi em maio deste ano, quando o mercado foi abatido pelo vazamento da delação feita por Joesley Batista envolvendo Michel Temer e gerou muitas dúvidas sobre o ambiente político.

Portanto, como o mercado vem de uma queda de 2% nos últimos dois dias e está diante de um importante suporte, o índice (por enquanto) ignora toda a preocupação com o rumo do quadro fiscal e a possibilidade de um rebaixamento. Olhando para o intraday, uma recuperação mais forte dependerá do rompimento de 72.912 pontos, tendo como objetivo os 73.200 pontos.

Risco de rebaixamento

Com o Orçamento de 2018 aprovado, os congressistas já estão no ritmo do recesso e o pacote de ajuste para equilibrar as contas do governo deve ficar para o ano que vem. Não foram aprovadas neste ano as MPs (Medidas Provisórias) que adiam o reajuste do salário do servidor no ano que vem e aumentam a alíquota previdenciária, além da tributação de fundos exclusivos e a reoneração da folha de pagamento para 50 setores da economia.

Neste ritmo, a equipe econômica pode se ver obrigada a começar 2018 cortando mais despesas do Orçamento para não paralisar a máquina pública, o que deixa Temer sem capital político para negociar a Previdência no ano que vem. Além de não votar a reforma e as MPs do ajuste fiscal, o governo acabou gastando o que não tinha em medidas que podem deixar um “rombo” de R$ 21,4 bilhões nas contas, segundo informações do Estadão.

Com tudo isso, cresce ainda mais a probabilidade pelo rebaixamento da nota de crédito brasileira, conforme alertado pelas agências de classificação de risco. A Fitch disse que a reforma adiada destaca risco incluído em outlook negativo e que a janela de oportunidade para reforma significativa antes de ciclo eleitoral de 2018 está se reduzindo. A Moody’s apontou ainda que o adiamento da reforma eleva preocupação com teto de gasto: “adiamento da votação da reforma da previdência é um fator de crédito negativo e indica falta de apoio político para a proposta”.

Apesar das incertezas, os juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 e 2021 operam praticamente estáveis, cotados a 6,95% e 9,34%, respectivamente. No mesmo momento, o dólar futuro com vencimento em janeiro registrava desvalorização de 0,63%, aos 3.325 pontos.

Destaques do mercado

Além da recuperação das blue chips, destaque positivo para as ações da Engie (EGIE3), que subiram após serem elevadas para compra pelo Santander (veja mais aqui). Enquanto isso, a Estácio saltou 4% e liderou os ganhos do Ibovespa.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ESTC3 ESTACIO PARTON 32,23 +4,00 +107,53 96,05M
 GOAU4 GERDAU MET PN 5,73 +3,62 +19,38 190,98M
 KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 17,50 +2,82 +1,99 128,35M
 BRAP4 BRADESPAR PN 27,14 +2,80 +87,28 52,70M
 CSAN3 COSAN ON 39,00 +2,60 +4,86 118,37M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 RAIL3 RUMO S.A. ON 11,33 -2,07 +84,53 191,33M
 MRFG3 MARFRIG ON 6,75 -1,60 +2,12 12,48M
 PETR3 PETROBRAS ON 15,56 -1,58 -8,15 273,75M
 QUAL3 QUALICORP ON 28,11 -1,54 +50,73 56,69M
 BRKM5 BRASKEM PNA 44,23 -1,45 +32,83 53,40M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE3 VALE ON 36,89 +1,79 1,22B 718,50M 50.224 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN EJ 41,09 +0,30 1,04B 454,57M 58.295 
 PETR4 PETROBRAS PN 14,95 -0,40 794,56M 610,45M 36.320 
 BBDC4 BRADESCO PN 32,65 -0,40 446,92M 320,22M 23.752 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 21,97 -0,41 356,87M 241,17M 23.632 
 BBAS3 BRASIL ON EJ 30,60 +0,56 321,98M 302,99M 17.504 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 20,90 -0,33 321,90M 298,40M 31.015 
 PETR3 PETROBRAS ON 15,56 -1,58 273,75M 141,54M 13.092 
 JBSS3 JBS ON 8,82 +0,80 230,75M 99,45M 29.653 
 CIEL3 CIELO ON 23,77 +0,98 215,65M 117,55M 26.517 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Previdência em xeque
Em vista do adiamento da votação da Previdência, a consultoria de risco político Eurasia reduziu a chance para a aprovação da proposta de 40% para 30%: “a reforma da Previdência permanece possível e não está descartada, mas incapacidade do governo de aprová-la antes do fim de 2017 certamente significa que o caminho adiante agora parece mais difícil. 

Aprovar uma reforma impopular é sempre difícil e, com proximidade de eleição, legisladores se tornam ainda mais avessos ao risco de votar medidas como a Previdência”, apontam. Além disso, o fracasso do governo em votar reforma em dezembro sugere que número de votos contrários à reforma dentro da coalizão pode ser muito elevado para que os 308 votos sejam atingidos.

Desta forma, agora, apenas uma estratégia de comunicação muito eficaz, que altere substancialmente a opinião pública sobre o tema, pode virar o jogo no Congresso em ano eleitoral.

Vale destacar ainda que, segundo a Folha, o governo decidiu flexibilizar ainda mais a proposta de reforma da Previdência para aprová-la, aliviando a transição para servidor e reduzindo idade para mulheres. De qualquer forma, contrariando o discurso otimista do governo, as lideranças de partidos da base aliada confirmam as análises de economistas e cientistas políticos e avaliam que o adiamento da votação da reforma da Previdência para fevereiro de 2018 reduz as chances de aprovação da proposta.

Lula segue líder

Nova pesquisa eleitoral do DataPoder360 mostrou que, se as eleições fossem hoje, Luiz Inácio Lula da Silva seria o vencedor no primeiro e segundo turnos. A pesquisa foi realizada entre os dias 8 e 11 de dezembro com 2.210 pessoas em 177 cidades e tem uma margem de erro de 2,6 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Em primeiro levantamento em que faz simulação para o segundo turno, o DataPoder360 aponta o desempenho quase idêntico dos pré-candidatos Geraldo Alckmin (PSDB) e Jair Bolsonaro (PSC), ambos perdendo para Lula.  O governador paulista perderia para Lula por 41% a 28%, enquanto o deputado teria 30% das intenções de voto, ante 41% do petista.  Ao olhar para intenção de voto estimulada a presidente, Lula tem 29,9%, Bolsonaro possui 21,7%, a ex-senadora Marina Silva 10%, enquanto Alckmin tem 8% e Ciro Gomes (PDT) 6%.

Ainda sobre o cenário eleitoral, ontem, em entrevista à rádio Band FM, o ministro da Fazenda Henrique Meirelles repetiu que vai decidir sobre se candidatura até março. Já o Estadão informa que um grupo do DEM quer aproveitar o palanque de filiação do deputado federal Danilo Fortes, que oficializa hoje o ingresso na sigla, para lançar o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, como candidato do centro à Presidência da República.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.