As 7 melhores (e 7 piores) ações da bolsa em 2017, segundo InfoMoney

Gestão de qualidade e controle das dívidas foram a chave do sucesso neste ano

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Com alta de 27% em 2017, o Ibovespa marcou seu segundo ano consecutivo de valorização, encerrando aos 76.402 pontos, muito próximo do topo histórico em 78.024 pontos. No entanto, não foram apenas boas histórias que marcaram o mercado este ano.

Para mostrar isso, o InfoMoney selecionou as 7 melhores (e piores) ações da bolsa neste ano. Confira:

As 7 melhores ações da bolsa
Magazine Luiza (MGLU3, +510,5% em 2017)
Depois de subir 500% em 2016, poucos apostaram em mais um ano de expressivos ganhos para o papel. Porém, a sequência de bons resultados em 2017, em especial do lado do e-commerce, como o plano de crescimento para 2018 garantiram mais uma disparada das ações, calando os céticos que não acreditavam em uma recuperação depois dos papéis saírem da casa dos R$ 80,00 para R$ 50,00 de outubro para novembro quando a Amazon anunciou a expansão de suas operações no Brasil. Para coroar o bom momento, as ações vão fazer parte da composição do Ibovespa a partir do ano que vem e prometem seguir rendendo frutos para seus acionistas.

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Usiminas (USIM5, +121,9% em 2017)
De uma empresa fadada à falência dois anos atrás para um dos destaques de alta em 2017. A impressionante recuperação da companhia fez lembrar da economia brasileira, que, depois de passar pela pior recessão da sua história, finalmente está saindo do “fundo do poço”. No caso da siderúrgica, a virada começou com as renegociações das dívidas com os bancos e maior disciplina financeira, efeito positivo que foi potencializado pelo período de queda da Selic. Com o “feijão com arroz” bem executado, a expectativa de melhora da atividade econômica começou a ser incorporada pelos analistas e sustentou a forte valorização do papel neste ano, considerada a melhor posicionada no seu setor para aproveitar a recuperação prevista para a economia em 2018.

CVC (CVCB3, +106,8% em 2017)
Quem olha seu sólido desempenho em bolsa desde 2016, sem saber que estamos falando de uma empresa de serviços de turismo, com certeza questionará como conseguiu sobreviver em meio uma das piores crises econômicas do Brasil. A receita do sucesso foi adaptar-se a nova realidade do mercado consumidor e aproveitar o bom momento operacional (forte geração de caixa) para ganhar market share, visando ampliar seus ganhos de escala. Seu modelo de negócio asset light, ou seja, com poucos ativos em comparação a suas operações, o que torna o passivo menor e a empresa “mais leve”, foi chave para navegar na turbulência dos últimos anos e será o diferencial para seguir buscando novas máximas em 2018.

Vale (VALE3, +62,6% em 2017)
A recuperação do minério de ferro na China no segundo semestre, saindo dos US$ 50 a tonelada e voltando a negociar na faixa de US$ 70 a tonelada neste final de ano, assim como a transição para o Novo Mercado e o compromisso de prover maior eficiência com a entrada de Fabio Schvartsman em maio, levaram a mineradora encerrar o ano na faixa de R$ 40,00, voltando para os níveis verificados em 2011. Acompanhando este bom momento, as ações da Bradespar (BRAP4) subiram 100% e também estão entre os destaques de alta do mercado este ano.

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Estácio (ESTC3, +111,3% em 2017)
Quem acompanhou o desfecho inesperado da novela envolvendo a fusão “Kroton + Estácio” em junho não imaginaria que a Estácio estaria entre as melhores ações da bolsa no final do mesmo ano. A “volta por cima” após chegar a cair 13% em um único dia e atingir R$ 14,00 em junho veio no ponto principal de qualquer de capital aberto: resultados fortes. Com uma política eficiente de redução de custos e melhora operacional, a rede de faculdades viu seu lucro saltar 10% no 3º trimestre de 2017 (último balanço divulgado) em relação ao mesmo período do ano passado, com Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e receita líquida crescendo 6% e 15%, respectivamente, na mesma base de comparação. Com isso, os papéis hoje valem cerca de R$ 34 (de longe o maior patamar da história da empresa na B3), o que aponta uma valorização de 145% da mínima do ano.

Localiza (RENT3, +105,6% em 2017)
Como nos últimos anos, a eficiência na execução operacional foi o grande diferencial da empresa. Como em 2017, sua capacidade de entregar bons resultados e eficiência em aproveitar sua liderança no mercado de aluguéis de carros e seminovos, “esmagando” a concorrência, devem ser potencializados pela expectativa de recuperação do PIB (Produto Interno Bruto) no ano que vem, fatores que devem impactar (positivamente) nos lucros da empresa. Assim, a companhia deve continuar se beneficiando de sua execucação, fundamentos robustos e aproveitar também da queda dos juros, o que favorece o consumo.

Unipar (UNIP6, +263,7% em 2017)
Representante das small caps, a empresa, que tem como principal atividade a fabricação de cloro, marcou o ano pela briga societária entre os acionistas minoritários, liderados pelo megainvestidor Luiz Barsi, e a holding controladora Vila Velha, que teve um desfecho positivo para os minoritários ao barrarem a OPA (Oferta Pública de Aquisição) das ações. Para a saída do mercado, o controlador da empresa ofereceu o valor de R$ 7,50, que pelos múltiplos estava muito longe do valor justo, tanto que a oferta foi cancelada no final de julho e tirou uma verdadeira “âncora” do papel, que disparou 80% desde então.

As 7 piores ações da bolsa
Eletrobras (ELET3, -15,2% em 2017)
Quem acompanhou a série de notícias “pró-mercado” envolvendo as estatais pode se surpreender com a Eletrobras estando na lista de piores ações do ano. A grande explicação pra isso pode ser o fato do mercado ter “antecipado” todas essas boas notícias em 2016 – ano que a empresa chegou a subir 440% da mínima para a máxima do ano. Em 2017, além dos avanços promovidos pelo presidente Wilson Ferreira Júnior, a grande estrela da Eletrobras foi o anúncio da onda de privatizações de até 14 hidrelétricas da estatal. Embora muito comemorado pelo mercado, a decisão precisa ser aprovada pelos políticos (que estão bem longe de tomar medidas só para agradar os investidores), e talvez por isso a ação fechou o ano por volta de R$ 18,00, um quarto dos R$ 24,00 que ela chegou a valer em setembro, semanas pós-anúncio das privatizações.

Wiz (WIZS3, -9,7% em 2017)
Depois de um começo de ano promissor, saindo de R$ 13,00 em janeiro e atingindo sua máxima histórica em maio na faixa de R$ 23,00, a empresa devolveu toda essa valorização por conta da renegociação dos contratos envolvendo a Caixa Seguradora e a francesa CNP Assurance, que pode culminar no fim da exclusividade da distribuição de seguros pela Wiz. A rescisão significaria um grande revés para a empresa, já que ela não seria mais a corretora exclusiva da Caixa Seguradora nas agências do banco e esse imbróglio será o tema central para os papéis em 2018.

JBS (JBSS3, -13,7% em 2017)
As ações foram sinônimo de volatilidade este ano. Em maio, quando o mercado foi abatido pelo acordo de delação premiada dos irmãos Batista, os papéis chegaram recuar 50% e cravar mínima em R$ 5,25, em meio as dúvidas sobre a real condição financeira da empresa. No “olho do furacão”, o frigorífico precisou vender ativos e conseguiu fechar acordo com bancos para estabilizar sua dívida de curto prazo, o que alivou a pressão sobre os papéis, que saiu do “fundo do poço” e conseguiu se sustentar acima de R$ 7,00 com bons resultados no terceiro trimestre, principalmente de suas unidades nos EUA. Com essa reviravolta e melhores expectativas para os números do quatro trimestre, os papéis apagaram em dezembro as perdas do “Joesley Day”, mas ainda é muito cedo para dizer que tudo mudou para 2018, já que não sabemos o tamanho exato dos passivos acumulados em 2017.

BRF (BRFS3, -24,1% em 2017)
Com resultados decepcionantes nos últimos trimestres, as ações fecharam o ano na região de R$ 37,00, voltando para os níveis de agosto. A esperança para o ano que vem está na escolha de José Aurélio Drummond Jr. para substituir Pedro Faria como CEO da empresa, na expectativa que consiga entregar uma melhor execução da estratégia de negócios e tenha capacidade de enfrentar os desafios pela frente, como entregar ganhos de participação no mercado doméstico, expansão da margem bruta e desalavancagem. Em suma, destravar o valor da BRF na bolsa.

CSN (CSNA3, -22,8% em 2017)
Nem mesmo a disparada do minério de ferro foi capaz de ofuscar os problemas operacionais da siderúrgica em 2017, em especial seu alto índice de endividamento, que atingiu a marca de R$ 25,7 milhões no terceiro trimestre, assim como seu deficitário caixa, que fechou os meses entre julho até setembro com fluxo negativo de R$ 210 milhões. Portanto, enquanto não “organizar a casa” e renegociar suas dívidas como sua concorrente Usiminas, a empresa deve ficar para trás também em 2018 frente seus pares em bolsa.

Eternit (ETER3, -30,3% em 2017)
Definitivamente, 2017 não foi o ano da fabricante de fibra de amianto. O papel, que recuou 50% da máxima cravada em R$ 1,66, “sentiu na pele” a desaceleração da economia, em especial do setor de construção, vendo seu prejuízo multiplicar por 10 vezes nos 9 meses acumulados deste ano frente 2016, passando para R$ 20,4 milhões. Para fechar com “chave de ouro”, a eterna discussão sobre a proibição do uso de amianto voltou ganhar força em dezembro e deve ser (novamente) seu principal tema em 2018.

Cemig (CMIG4, -5,59% em 2017)
Depois de iniciar o ano com uma forte alta, saindo de R$ 7,00 em janeiro para cravar máxima em R$ 11,36 no mês de março, o papel engatilhou uma correção em vista dos temores de que perderia as concessões das usinas de Jaguara, Miranda, São Simão e Volta Grande, nada mais do que 36% da capacidade instalada de geração de energia elétrica da empresa. Mais tarde, em setembro, a confirmação da perda das 4 usinas, com o aumento de capital de R$ 1 bilhão em outubro, abriram caminho para a derrocada do papel, que saiu de R$ 9,00 para encerrar o ano em R$ 6,90. Para o ano que vem, a empresa deverá ser forçada a focar no setor de distribuição e encontrar alternativas para cobrir o “rombo” de caixa gerado pela falta da receita com geração de energia.