Especial: por que acreditar que o Ibovespa pode superar os 100 mil pontos

Temporada de balanços deve representar maior avanço nos lucros desde 2010, enquanto fundamentos econômicos e cenário externo também devem guiar ânimo com bolsa

Lara Rizério

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Afinal, tanto os fundamentos da economia brasileira e das empresas apontam que, mesmo com a alta recente do benchmark da bolsa, há espaço para mais altas. Até mesmo ao levar em conta o conturbado e incerto cenário político, os analistas de mercado apontam que, com certeza, o ambiente para 2018 será de forte volatilidade – mas a perspectiva é de um fechamento positivo para o Ibovespa no ano.

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O enfraquecimento da candidatura do ex-presidente Lula após condenação em segunda instância – visto como a principal ameaça ao mercado nas eleições em meio às suas falas indicando que, caso fosse eleito, revogaria as medidas realizadas durante o governo Michel Temer –  ajudou a corroborar as perspectivas positivas para o índice. 

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Ibovespa acima de 100 mil pontos?

Em relatório recente, o BTG Pactual destacou que o Ibovespa pode chegar aos 110 mil pontos, leitura esta reforçada pela condenação do petista. Os estrategistas Carlos Sequeira e Bernardo Teixeira  apontam que Lula poderá se registrar no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mas a chance de concorrer é próxima de zero – “até meados de setembro, sua candidatura deve ser negada”. 

Desta forma, reforçam, o mercado provavelmente seguirá o rali e, com as chances de um candidato reformista vencendo as próximas eleições aumentaram, eles apontaram uma visão “bullish” com o Ibovespa. 

Para os estrategistas, existe uma combinação de fatores que apoiam o ânimo com o Ibovespa. São quatro os pontos: i) a recuperação econômica pode ser mais forte do que o originalmente previsto, oferecendo suporte ao aumento de lucros da ordem de 18% em 2018; ii) a alocação para ações brasileiras estão em níveis historicamente baixos; iii) um cenário sem reformas em 2018 parece estar precificado; e iv) apesar de não ser mais uma pechincha, ainda há potencial de valorização para as ações brasileiras. E, caso se desenhe o cenário com taxas de juros reais a 3% e crescimento do PIB de 3% (o que seria possível com um presidente alinhado às reformas fiscais), o índice poderia buscar o nível dos 110 mil pontos. 

Reforçando as expectativas positivas, Márcio Appel, um dos mais respeitados gestores de fundos do país, apontou em entrevista ao InfoMoney logo quando o índice ultrapassou os 80 mil pontos que a bolsa ainda tem muito espaço para subir.  “Nós não ficaríamos surpresos se a Bolsa [Ibovespa] dobrasse [de valor] nos próximos 12 meses”, afirmou o sócio-fundador da Adam Capital em entrevista publicada no último dia 17. Ou seja, o índice poderia atingir os 160 mil pontos. 

Segundo Appel, para tanto, basta que a recuperação econômica continue acontecendo – o que também não depende de eventos políticos, como muitos podem imaginar. “Não acho nem que o cenário eleitoral nem a aprovação da reforma da previdência sejam condições necessárias termos um desempenho bastante significativo da Bolsa”, afirmou. “Todo mundo olha as estatísticas de curto prazo, mas não é isso que define o preço dos ativos no longo prazo”.

E as ameaças do ambiente internacional? Para o gestor, o cenário de juros norte-americanos também não deve ter uma influência direta no mercado acionário brasileiro este ano.  “Não acreditamos que os EUA terão uma alta de juros ‘explosiva’”, afirmou. Ainda assim, a gestora tem posições no mercado internacional que refletem suas expectativas de uma aceleração maior da inflação nos EUA. “A gente não acha que isso vai ser suficiente para descarrilhar o processo de recuperação aqui, até porque esse movimento vem com uma economia americana forte. Mas esperamos aproveitar dos dois movimentos, tanto de aumento de juros nos EUA quanto de alta da Bolsa no Brasil”, revela.

Os estrangeiros também estão de olho nas oportunidades na bolsa. De acordo com dados da B3, o saldo acumulado em 2018 até 26 de janeiro está positivo em R$ 9,2  bilhões, resultado de compras de R$ 89,7 bilhões e vendas de R$ 80,5 bilhões. 

“A bolsa brasileira ainda está subvalorizada em relação aos demais mercados emergentes, apontou Paulo Valle, diretor-presidente da Brasilprev Seguros e Previdência, à Bloomberg. Ele ainda reforçou: a bolsa pode ser potencializada “quanto mais o país confirmar o crescimento”. 

Um sinal que reforçará os sinais de recuperação da economia – e que deve ser um bom catalisador para a bolsa no curto prazo – é a temporada de balanços do quarto trimestre, que teve início na segunda-feira (29) com os ótimos resultados da Fibria (FIBR3). Segundo estimativa do Bank of America Merrill Lynch, a alta dos lucros das ações que compõem o Ibovespa será de 29% em 2017 na base de comparação anual, o maior avanço desde 2010, com destaque para os papéis de setores relacionados a commodities, além do setor industrial e de bens de consumo.

O Ibovespa já superou inclusive a estimativa de algumas casas de análise ao superar os 85 mil pontos logo no início do ano, enquanto outras casas projetam o índice a 90 mil pontos no fechamento de 2018 (veja as compilações aqui). Porém, se as condições de recuperação econômica e de melhora dos balanços for atingida, o benchmark da bolsa pode superar até mesmo essas estimativas mais otimistas. 

O analista responsável pela Carteira InfoMoney e pelo curso “Como Montar uma Carteira de Ações Vencedora”, Thiago Salomão, também tem perspectivas positivas para a bolsa, mas destacando também a cautela com o cenário eleitoral. Assim, a Carteira InfoMoney mantém as maiores participações no kit de empresas que continuarão entregando resultados sólidos e consistentes seja qual for o desfecho do cenário eleitoral.

Também possuem fatias importantes na Carteira empresas “cíclicas” e que estão em um momento microeconômico favorável, pois se o “mundo ideal” acontecer na corrida eleitoral elas poderão engatar um movimento de valorização de longuíssimo prazo. Contudo, também estão no portfólio algumas companhias com bons fundamentos mas que também carregam uma “proteção ao dólar”, por possuírem boa parte da receita atrelada à moeda norte-americana – e que podem se beneficiar em uma disparada do câmbio durante um maior “stress” político. Confira o portfólio de janeiro clicando aqui.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.