Ibovespa dispara e renova máxima histórica com rali dos bancos; dólar zera ganhos

Investidores avaliam também o "plano B" divulgado pelo governo após descartada a aprovação da reforma da Previdência

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Com alta de 1,7%, o Ibovespa atingiu 86.290 pontos e renovou às 14h36 (horário de Brasília) sua máxima histórica cravada em 31 de janeiro em 86.212 pontos, movimento guiado pelas ações dos bancos, que sobem cerca de 3%, assim como pelos papéis da Petrobras (PETR4), que acompanham o rali do petróleo na bolsa de Nova York. Ao mesmo tempo, o dólar comercial zerou os ganhos e opera em ligeira alta de 0,15%, voltando para a faixa de R$ 3,24.

Neste dia de mais um recorde para o Ibovespa, o mercado digere o “plano B” divulgado pelo governo, que impulsiona principalmente as ações da Eletrobras (ELET3), como também reage a possibilidade de uma reforma da Previdência mais enxuta, conforme informações da colunista Miriam Leitão do Jornal O Globo.

“Plano B” do governo

Ontem, ministros e líderes do governo anunciaram a nova pauta prioritária econômica no parlamento. Com a decisão pela intervenção federal no Rio de Janeiro, que impossibilita a votação de qualquer proposta de emenda à Constituição, como é o caso da reforma da Previdência, o governo elencou 15 pontos considerados importantes para o País do ponto de vista fiscal e econômico. Dentre os itens, muitas medidas há tempos sonhadas pelo mercado, como a simplificação tributária, desestatização da Eletrobras, autonomia do Banco Central e os distratos (confira a lista completa aqui). A maior parte delas são projetos de lei que já tramitam no Legislativo. 

De acordo com a LCA Consultores, a definição desta agenda é importante por duas razões: “em primeiro, sinaliza para os investidores a continuidade do esforço reformista do governo. Em segundo lugar, procura mitigar os riscos de o Congresso aprovar projetos prejudiciais aos cofres públicos, as famosas pautas bombas”, aponta a consultoria. Apesar da nova iniciativa trazer proposições que agradam os investidores, analistas políticos recomendam cautela neste momento: “é uma iniciativa para tapar o buraco da Previdência. Essas pautas gigantes nunca avançam por completo, mas parte disso pode ser aprovada, sim. É preciso ver a situação de cada uma”, observou um analista político para o InfoMoney.

Veja mais: o que o mercado pode esperar do “pacotão” de 15 medidas anunciadas pelo governo?

De acordo com Solange Srour, economista da ARX, as medidas de maior impacto para o mercado financeiro, como autonomia do Banco Central, terão muita dificuldades para passar pelo Congresso: “redução da reoneração e simplificação do PIS/Cofins são outros pontos complicados dentro do pacote de medidas que foram enquadradas como prioritárias pelo governo”, afirmou em entrevista para a Bloomberg.

Reforma não foi enterrada
A reforma da previdência não foi enterrada de vez pelo governo, segundo informações da colunista Miriam Leitão do Jornal O Globo. Segundo a jornalista, os ministros estudam mudanças na Previdência que não dependam de emendas à Constituição, o que levaria à possibilidade de alterações durante a intervenção federal no Rio de Janeiro.

A tramitação das medidas também seria mais simples, não dependendo da aprovação de três quintos de cada casa do Congresso, em dois turnos, como é o caso de uma emenda constitucional. Os focos agora são mudanças nas regras que, por exemplo, mudem o cálculo do benefício e tragam algum alívio fiscal no futuro.

Segundo o G1, que consultou técnicos da Câmara sobre o assunto, dois dos principais objetivos da reforma ficariam de fora da possibilidade de ser alterados por projeto de lei ou MP: a fixação de idade mínima para aposentadoria no setor privado e a alteração das regras para servidores públicos.

Destaques do mercado

Do lado positivo, além das ações dos bancos, os papéis da Eletrobras sobem com a previsão de que o novo plano do governo irá acelerar o processo de privatização da empresa (veja mais aqui). Enquanto isso, os papéis do Pão de Açúcar recuam forte após resultado abaixo do esperado no quarto trimestre

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ELET6 ELETROBRAS PNB 27,05 +8,85 +19,16 67,48M
 ELET3 ELETROBRAS ON 22,98 +7,28 +18,82 78,81M
 FIBR3 FIBRIA ON 63,25 +6,93 +32,18 223,31M
 SUZB3 SUZANO PAPELON 23,28 +5,39 +24,56 72,55M
 CSAN3 COSAN ON 46,69 +4,57 +12,51 64,95M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 PCAR4 P.ACUCAR-CBDPN 68,48 -3,97 -13,24 131,86M
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 10,43 -2,07 -15,20 16,50M
 VVAR11 VIAVAREJO UNT N2 26,17 -1,91 +6,95 46,88M
 CSNA3 SID NACIONALON 10,53 -1,86 +25,66 60,18M
 QUAL3 QUALICORP ON 29,12 -1,65 -6,06 33,33M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Intervenção no Rio e mais destaques da política
Ainda sobre o assunto intervenção no Rio, a Câmara dos Deputados aprovou, por 340 votos a 72, o decreto legislativo que autoriza a intervenção federal na área de segurança pública do estado. Nesta terça-feira (20), o Senado deve realizar, às 18h, uma sessão extraordinária destinada a votar o decreto. Caso o texto que estipula a intervenção seja aprovado pela maioria simples dos senadores presentes, o Congresso Nacional poderá publicar o decreto legislativo referendando a decisão de Temer de intervir no Rio de Janeiro.

Atenção ainda para mais notícias da pauta política. A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem até as 23h59 desta terça-feira para entrar com recurso no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região contra a condenação na ação penal envolvendo o tríplex no Guarujá (SP). No dia 24 de janeiro, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) confirmou a condenação de Lula em primeira instância e aumentou a pena do ex-presidente para 12 anos e um mês de prisão.

Os jornais ainda repercutem a notícia da confirmação de Pérsio Arida para a coordenação do programa de governo de Geraldo Alckmin ao Planalto. O economista apontou que deve-se aprofundar as reformas e buscar uma solução estrutural para o grave problema fiscal, defendendo ainda maior segurança jurídica e privatização – confira o perfil do economista clicando aqui. 

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