Juros futuros afundam após surpresa com Copom; Ibovespa Futuro opera volátil

Contratos de DI curtos caem até 20 pontos-base após Copom sinalizar um novo corte na Selic na próxima reunião

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Após engatar a segunda alta consecutiva na véspera, mesmo com as sinalizações mais otimistas vindas da primeira reunião do Fomc (Federal Open Market Committee) sob o comando de Jerome Powell nos Estados Unidos, o Ibovespa Futuro iniciou a quinta-feira (22) sem movimento definido, entre o mau humor visto nas principais bolsas mundiais e a sinalizações surpreendentes do Copom (Comitê de Política Monetária) na véspera. Às 9h53 (horário de Brasília), os contratos futuros do índice com vencimento em abril operavam em queda de 0,22%, 85.340 pontos.

No mesmo horário, os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 recuavam 21 pontos-base, a 6,25%. Já os DIs com vencimento em janeiro de 2021 caíam 15 pontos-base, a 8,08%. No radar dos investidores, destaque para a sinalização do Copom de que pode haver um novo corte na Selic na próxima reunião. Ontem, a taxa básica de juros brasileira foi reduzida em 25 pontos-base, para 6,5% ao ano, na mínima histórica. As expectativas do mercado eram de que este fosse o último movimento do ciclo de afrouxamento monetário iniciado em outubro de 2016.

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Bolsas mundiais

A maior parte das bolsas mundiais tem um dia de queda nesta quinta-feira, com os investidores digerindo a decisão do Fomc (Federal Open Market Committee) da tarde da véspera e também à espera de novos desdobramentos da crescente disputa comercial entre Washington e Pequim. Ontem, o Fed elevou seus juros básicos pela primeira vez este ano, como era amplamente esperado, e anunciou projeções mais otimistas de crescimento dos EUA para este e o próximo ano. Por outro lado, sinalizou que prevê apenas mais dois aumentos de juros em 2018, o que serviu de alívio para quem apostava num total de quatro elevações este ano. 

O índice Nikkei voltou de um feriado nacional do Japão em alta; já na China continental e em Hong Kong, os mercados caíram depois que as autoridades monetárias locais elevaram juros na esteira da decisão do Fed. O chinês PBoC aumentou a taxa de recompra reversa de sete dias em 0,05 ponto porcentual, a 2,55%, enquanto o BC de fato de Hong Kong também elevou juros. 

Também pesam as preocupações de que os EUA anunciem, ainda nesta quinta, medidas comerciais punitivas contra Pequim, incluindo tarifas que podem afetar pelo menos US$ 30 bilhões em bens chineses. O Ministério de Comércio chinês alertou Washington sobre eventuais medidas e afirmou que o país “não ficará parado” e tomará “as medidas necessárias” para defender seus interesses. Já na Europa, o PMI composto da zona do euro cai a 55,3 em março, menor nível em 14 meses; analistas consultados pela Dow Jones Newswires previam queda bem mais suave do indicador, a 56,7. Entre as commodities, o petróleo interrompe duas altas e cai, enquanto o minério de ferro sobe pelo segundo dia seguido em Dalian e vergalhões de aço futuros ficam estáveis.

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Às 9h10 (horário de Brasília), este era o desempenho dos principais índices:

*S&P 500 Futuro (EUA) -0,77%

*Dow Jones Futuro (EUA) -0,81%

*DAX (Alemanha) -1,14%

*FTSE (Reino Unido) -0,96%

*CAC-40 (França) -1,14%

*FTSE MIB (Itália) -0,75%

*Nikkei (Japão) +0,99% (fechado)

*Shangai (China) -0,52% (fechado)

*Hang Seng (Hong Kong) -1,09% (fechado)

*Petróleo WTI -0,28%, a US$ 64,99 o barril

*Petróleo brent -0,35%, a US$ 69,23 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian +0,86%, a 467 iuanes (nas últimas 24 horas)

*Bitcoin US$ 8.772,20 -3,67%
R$ 29.480 -1,40% (nas últimas 24 horas)

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Agenda econômica

O mercado repercute a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) da noite da véspera, que fez o que todos esperavam: cortou a Selic em 25 pontos-base, para 6,50% ao ano. Mas por outro lado surpreendeu analistas e investidores com seu comunicado, onde praticamente cravou que irá reduzir os juros novamente em maio. Assim, a curva do DI, que embutia no fim do dia de ontem probabilidade marginal de alívio em maio, poderá ter uma sessão de ajuste. 

Em linha com o comunicado, algumas instituições já anunciaram mudanças em suas projeções, como o Rabobank, que agora vê a Selic em 6,25% no fim deste ano, ou seja, apenas mais um corte e depois manutenção da taxa pelo menos até o início de 2019. Segundo a XP Gestão, o cenário-base agora para a reunião de maio é um corte de 25 pontos-base nos juros. Ainda no Brasil, nesta quinta, o Banco Central oferta até 14 mil contratos de swap para rolagem e o Tesouro faz leilão de LTN para 2019, 2020 e 2022 e de NTN-F para 2025 e 2029.

Veja mais em: Novo corte de juros, revisão de projeções e ações em alta: como o mercado reagiu a surpresa do Copom

Já na agenda econômica desta quinta-feira, atenção para os dados dos EUA: às 9h30 serão divulgados os pedidos de auxílio-desemprego, às 10h os dados de preços residenciais referentes a janeiro. Entre às 10h45 e 11h45, serão revelados os PMIs industrial, de serviço e composto prévios de março pela Markit. Por fim, ao meio-dia, o Fed divulgará a sondagem industrial de Kansas, também de março. 

STF

Após muita polêmica, o STF (Supremo Tribunal Federal) julga hoje o habeas corpus preventivo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o qual ele pretende impedir sua prisão após condenação em segunda instância no caso do triplex no Guarujá (SP).

Com a decisão, o habeas corpus de Lula no Supremo será julgado antes do embargo de declaração protocolado pela defesa do petista na segunda instância da Justiça Federal.  O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), com sede em Porto Alegre, marcou para a próxima segunda-feira, dia 26, o julgamento do recurso.

Em entrevista à Bloomberg, Lucas de Aragão, sócio da Arko Advice, apontou que o habeas corpus no STF de Lula tende a ser rejeitado por um placar apertado de 6 a 5 votos. O “voto de minerva” seria de Rosa Weber que, apesar de já ter se manifestado a favor da execução da pena somente após o julgamento no STJ (Superior Tribunal de Justiça),  tem seguido a jurisprudência. 

Também no radar político, a Coluna do Estadão informa que interlocutores do presidente Michel Temer já trabalham com a informação de que ele será denunciado pela terceira vez pela Procuradoria-Geral da República no inquérito dos Portos antes da eleição de outubro, o que contaminará o período eleitoral. Assim, a reforma ministerial será usada para garantir apoio na Câmara, responsável por analisar denúncias contra presidentes.

IMTV

Na InfoMoney TV, no programa “Você, Trader!” desta quinta-feira, o analista técnico Rodrigo Cohen, da Rico Investimentos, comentará se a correção do Ibovespa já chegou ao fim ou se ainda há motivos para ter cautela e como o investidor pode fazer para se proteger desse cenário de forte volatilidade no mercado. Na transmissão ao vivo, que tem início às 17h, os investidores também poderão tirar suas dúvidas sobre o mercado de ações. Veja a grade completa clicando aqui. 

Noticiário corporativo

Na esteira da decisão do Copom de reduzir os juros, Santander, Bradesco, Itaú e BB também diminuíram sua taxa de juros. A Petrobras, por sua vez, recebeu a segunda parcela de US$ 300 milhões por Carcará. Já em entrevista à Bloomberg, o  deputado Leonardo Quintão (MDB-MG), membro suplente da comissão especial que analisa proposta de privatização da Eletrobras e forte opositor da venda de Furnas, disse que há muita resistência no Congresso para aprovar a privatização da Eletrobras. 

Também em destaque, a Linx acertou a aquisição da Itecgyn por R$ 16,4 milhões, podendo envolver pagamento adicional de R$ 9,1 milhões. A Embraer respondeu a pedido de esclarecimento e afirmou que ainda não há definição sobre negócio com Boeing; a companhia também teve a recomendação reduzida a marketperform pelo BB Investimentos. 

(Com Agência Estado e Bloomberg)

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.