Ibovespa destoa de Wall Street e cai 1,75% com preocupação eleitoral

Incerteza com corrida presidencial leva tom de aversão a riscos à Bolsa, que contrasta com sessão positiva nos EUA

Marcos Mortari

Publicidade

SÃO PAULO – Em um dia de bastante nervosismo no mercado, prevaleceu a aversão a riscos por parte dos investidores. Nesta segunda-feira (16), o Ibovespa, que chegou a subir 0,30% no intraday, fechou em queda de 1,75%, a 82.861 pontos, em seu segundo pregão negativo consecutivo. É a primeira vez que o índice fecha abaixo dos 83 mil pontos desde 9 de fevereiro. O volume financeiro negociado na B3 neste pregão foi de R$ 12,83 bilhões. Já o dólar comercial, contrariando o dia de maior pessimismo do mercado, caiu 0,41%, a R$ 3,4120.

O movimento do benchmark da bolsa brasileira destoou do desempenho observado em Wall Street, com o mercado demonstrando preocupação com o cenário eleitoral após a divulgação de pesquisa Datafolha para a presidência. O dia também marcou reações dos investidores ao bombardeio de Estados Unidos, Reino Unido e França à Síria. Também contribuiu para o recuo do Ibovespa o dia negativo para as commodities no mercado internacional.

Confira os destaques deste pregão e veja o que esperar para a semana:

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Destaques da Bolsa

Do lado acionário, bancos e estatais, como a Eletrobras (ELET6), registraram as maiores perdas, assim como as siderúrgicas — em especial a Usiminas (USIM5) –, que pussuem maior beta (ou seja, são mais sensíveis as variações tanto positivas quanto negativas do mercado). Por outro lado, entre as maiores altas, estão papéis defensivos, como Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11), sendo que os papéis da primeira foram os únicos do Ibovespa a subir mais de 1%.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 USIM5 USIMINAS PNA 10,03 -4,66 +10,22 88,18M
 ELET6 ELETROBRAS PNB 22,07 -4,29 -2,78 21,97M
 B3SA3 B3 ON 25,38 -3,94 +11,41 198,26M
 CPLE6 COPEL PNB 24,53 -3,80 -1,68 18,28M
 ELET3 ELETROBRAS ON 18,53 -3,59 -4,19 44,77M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

Continua depois da publicidade

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SUZB3 SUZANO PAPELON 36,86 +1,68 +97,22 111,85M
 KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 20,58 +0,98 +18,01 31,79M
 CIEL3 CIELO ON 18,85 +0,59 -18,47 98,10M
 ENBR3 ENERGIAS BR ON ED 13,52 +0,52 +0,19 18,84M
 WEGE3 WEG ON 22,15 +0,45 -7,59 29,21M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 20,62 -2,74 991,59M 1,03B 42.397 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 49,70 -1,47 626,17M 547,17M 19.298 
 VALE3 VALE ON 44,54 -0,98 507,15M 678,57M 18.027 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 22,98 -1,20 476,35M 292,02M 21.268 
 BBAS3 BRASIL ON 36,30 -3,56 417,88M 385,24M 28.711 
 BBDC4 BRADESCO PN 33,26 -2,18 332,96M 396,66M 28.222 
 PETR3 PETROBRAS ON 22,89 -3,54 235,64M 204,84M 13.694 
 B3SA3 B3 ON 25,38 -3,94 198,26M 186,40M 19.882 
 LREN3 LOJAS RENNERON 33,19 -0,42 163,62M 116,35M 10.900 
 GGBR4 GERDAU PN 16,36 -0,30 159,38M 151,96M 18.393 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Pessimismo pós-Datafolha

Neste pregão, os investidores também digeriram os dados de pesquisa eleitoral divulgada pelo instituto Datafolha no último domingo (15). O levantamento mostrou a ex-senadora Marina Silva (Rede Sustentabilidade) encostada no deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), Joaquim Barbosa (PSB) com pontuação próxima a 10% e Geraldo Alckmin (PSDB) estagnado. Também observou-se uma redução no apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após sua prisão, agora com 31% das intenções de voto no cenário mais favorável a ele, e uma maior desconfiança sobre sua candidatura. De todo modo, o mercado segue preocupado com o cenário adverso que se desenha para candidatos pró-reformas econômicas.

Sem Lula, o deputado Jair Bolsonaro (17%) aparece tecnicamente empatado com Marina Silva (15%), ao passo que Geraldo Alckmin segue sem decolar e já está sendo ameaçado por outros presidenciáveis. O grande destaque ficou por conta da disparada de Joaquim Barbosa, que apareceu como outsider da eleições. O ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) está na frente do tucano em todos os cenários, pontuando entre 9% a 10%, contra 6% a 8% de Alckmin. Ao mesmo tempo, outro candidato “pró-mercado”, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, registrou 1% das intenções de votos.

Tabuleiro geopolítico

Os investidores também digerem os efeitos políticos do bombardeio de Estados Unidos, Reino Unido e França à Síria em resposta às alegações de suposto uso de armas químicas pelo governo de Bashar al-Assad, além do anúncio de novas sanções norte-americanas à Rússia. Mesmo com a ofensiva militar, houve certo alívio dos analistas com o escopo limitado da operação e o fato de ela não ter desencadeado uma escalada no conflito sírio.

Em Wall Street, o pregão foi positivo, com o setor financeiro recuperando as perdas de sexta-feira com o resultado acima do esperado do Bank of America nesta segunda-feira. Já na Europa, o dia foi levemente negativo para os principais índices acionários, descolando-se do movimento norte-americano. No mercado europeu, os papéis dos setores de alimentos e bebidas se destacavam no campo negativo, em meio à temporada de balanços corporativos.

Agenda da semana

Por aqui, a semana começou com o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) na série com com ajuste sazonal registrou avanço de 0,09% na passagem de janeiro de fevereiro de 2018, recuperando-se da queda de 0,65% registrada no primeiro mês do ano, como também ficando acima da expectativa do mercado, que apontava alta de 0,03% na comparação mensal. Em comparação com fevereiro do ano passado, o indicador, que é mais conhecido como uma prévia do PIB (Produto Interno Bruto) oficial, apontou crescimento de 0,66%, enquanto os analistas de mercado esperavam por um avanço de 0,80%.

Na sexta-feira (20) às 9h, o IBGE divulga o IPCA-15 referente ao mês de abril, que deve mostrar alta de 0,31% segundo projeção da GO. No acumulado em 12 meses o indicador continuará abaixo do piso da meta de 3,0%, em 2,91%: “apesar da aceleração no mês, o cenário inflacionário segue confortável, permitindo ao Copom realizar novo corte de juros, de 0,25 pp, na reunião dos dias 15 e 16 de maio, levando a Selic para 6,25% ao ano”, aponta a consultoria. 

Sem dias definidos, o Ministério do Trabalho deve divulgar os dados do Caged referente ao mês de março, com expectativa de geração líquida positiva de vagas, enquanto a Receita Federal revela os dados de arrecadação federal do mesmo mês. A GO Associados projeta arrecadação de R$ 109,8 bilhões, um aumento real de 8,0% ante março do ano passado. 

Na agenda econômica norte-americana da semana, atenção para o resultado do varejo na segunda (16) e a produção industrial na terça (17), ambos de março. Na quarta-feira, o Federal Reserve divulga o livro Bege, que contém informações sobre o nível corrente da atividade econômica com base em informações coletadas junto aos empresários de cada regional do Fed.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.