Os dois eventos que fazem o dólar disparar e atingir o maior patamar em dois anos

Busca por ativos de menor risco e crise na Argentina impulsionam a moeda

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Com a terceira sessão consecutiva de alta, o dólar comercial sobe 1,32% às 11h58 (horário de Brasília) desta terça-feira (15), atingindo o patamar de R$ 3,68, marcando nova máxima anual e retornando para os níveis verificados em maio de 2016. A nova disparada da moeda pode ser creditada por dois eventos: i) alta dos Treasuries; ii) preocupações com o rumo da Argentina. 

Os títulos do governo norte-americano com vencimento de 10 anos superam a faixa de 3% neste pregão, marcando máxima em 3,06% e cravando seu maior patamar desde 2011, com o retorno dos temores de que a forte alta do petróleo nestes dois meses resultará na alta da inflação e motivará o Fed acelerar o passo quanto ao aumento de juros este ano, o que acaba pressionando as bolsas. Em função da segurança que os títulos oferecem, os Treasuries normalmente têm sua demanda elevada em períodos de maior instabilidade nos mercados acionários e sua alta acaba reduzindo o apetite dos investidores por ativos de risco, que acabam migrando para o dólar, por exemplo.

Além da fuga dos investidores para os ativos “mais seguros do mundo”, as preocupações com o futuro da Argentina também ajudam na valorização da moeda. Nesta terça-feira vencem na moeda do país (pesos argentinos) o equivalente a US$ 27 bilhões (671,8 bilhões de pesos) em letras do Banco Central (Lebacs). O montante representa 65% de todo o dinheiro em circulação no país. Se o governo não conseguir rolar a dívida, pode haver uma saída elevada de dólares, piorando ainda mais a situação do país e pressionando o dólar.

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O vencimento das letras do BC argentino está considerado pelo mercado como um teste de confiança para o governo. Caso os investidores não renovem a contratação dos títulos e os títulos vençam, haverá uma corrida para comprar dólares, mesmo com a alta taxa de juros oferecida pelo governo. Vale lembrar que o BC do país elevou para 40% ao ano sua taxa de juros para tentar frear a alta do dólar frente ao peso.

Destaques do mercado

Do lado negativo, destaque para as ações da Qualicorp, que recuam após confirmada a saída do MSCI Brazil, enquanto os papéis da Suzano e Embraer estão entre os destaques de alta em vista justamente da disparada do dólar comercial. 

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

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Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 QUAL3 QUALICORP ON 21,20 -5,27 -30,58 117,80M
 VVAR11 VIAVAREJO UNT N2 24,52 -5,03 +0,32 25,92M
 SMLS3 SMILES ON ED 59,96 -4,48 -16,99 24,87M
 LAME4 LOJAS AMERICPN 18,27 -4,04 +7,65 25,19M
 BTOW3 B2W DIGITAL ON 28,65 -3,86 +39,76 19,01M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 EMBR3 EMBRAER ON 23,08 +4,15 +15,86 36,41M
 SUZB3 SUZANO PAPELON 46,87 +3,58 +151,99 89,96M
 BRML3 BR MALLS PARON 10,42 +3,58 -18,15 51,68M
 KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 21,84 +3,41 +26,10 44,31M
 JBSS3 JBS ON 9,24 +2,33 -5,30 54,92M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Mudanças no MSCI

O MSCI (Morgan Stanley Capital International) anunciou na última segunda-feira (14) a revisão semestral de suas carteiras teóricas e cinco ações brasileiras foram alvo de alteração do índice MSCI Brazil Index, índice de ações brasileiras desenvolvido pelo banco seguido por fundos passivos pelo mundo. Em vista de sua importância para os investidores estrangeiros, esses papéis reagem de imediato nesta terça-feira (15).

Na revisão semi-anual de maio, foram adicionados as ações do IRB Brasil (IRBR3), Magazine Luiza (MGLU3) e BR Distribuidora (BRDT3), enquanto foram excluídos os papeis da Qualicorp (QUAL3) e Taesa (TAEE11). Todas essas alterações serão efetivadas no último fechamento deste mês, mas, neste período de adequação do mercado à nova carteira, os investidores aproveitam para operar essa informação – clique aqui e confira a reportagem completa.

Notícias do dia

A repercussão sobre a pesquisa eleitoral CNT/MDA segue sendo destaque no noticiário, ao mostrar liderança de Jair Bolsonaro, seguido por Marina Silva e Ciro Gomes, em cenário sem Lula. Geraldo Alckmin teve queda para 5,3%, de 8,6% em março; outros candidatos vistos como pró-reformas, como João Amoedo, Henrique Meirelles, Rodrigo Maia e Flavio Rocha têm menos de 1% cada; a pesquisa ainda destaca ainda o elevado percentual de votos brancos, nulos e indecisos.

Segundo a consultoria de risco político Eurasia, o desencanto com os políticos tradicionais é negativo para Alckmin, positivo para Bolsonaro ou alguém da esquerda, avaliando ainda que a chance de vitória da esquerda subiu de 20% para 25% depois que Joaquim Barbosa desistiu de concorrer.

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