Ânimo com ata do Fed dura pouco e Ibovespa acelera queda para 2%; Eletrobras despenca 10%

Queda do mercado é liderada pelas ações da Petrobras em vista da virada para queda do petróleo

Rafael Souza Ribeiro

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – Depois do alívio gerado logo após divulgada a ata da última reunião do Fed, o Ibovespa voltou a recuar forte e às 15h42 (horário de Brasília) registrava queda 1,86%, aos 81.196 pontos, pressionado pelas ações da Petrobras (PETR4) em vista da virada do petróleo depois da surpresa com os estoques nos EUA, que subiram na última semana. Além disso, chama atenção a queda de 10% dos papéis da Eletrobras (ELET6) com a privatização cada vez mais longe após manobra de Rodrigo Maia.

A ata da última reunião do Fomc, realizada no início de maio, revelou que a maioria dos membros votantes do Federal Reserve vê uma elevação nos juros em breve como medida “apropriada”, caso a atual conjuntura econômica nos Estados Unidos se mantenha, mas mantém tranquilidade quanto aos fatores implícitos na curva da inflação. O documento deixou mais clara a intenção da autoridade monetária norte-americana em elevar a taxa de juros local na próxima reunião, em junho. Embora a inflação tenha atingido a meta de 2% do Fed, pela primeira vez no ano, os membros votantes não estavam convencidos que o quadro se manterá ao longo do tempo.

Na reunião realizada em 2 de maio, os membros votantes do Federal Reserve decidiram, por unanimidade, manter a taxa de juros norte-americana na faixa entre 1,5% e 1,75% ao ano. No comunicado, a autoridade monetária havia dado indicações de um tom mais hawkish, preocupado com o desempenho da inflação.

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Destaques do mercado

Do lado negativo, destaque para as ações da Eletrobras, que recuavam forte com a privatização cada vez mais longe após manobra política de Rodrigo Maia. O presidente da Câmara dos Deputados anunciou em plenário que a medida provisória 814, que trata da privatização das distribuidoras da Eletrobras não será votada pela casa. Segundo ele, as alterações serão analisadas por meio de um projeto de lei a ser enviado pelo governo federal. O texto estava pronto para ser votado em plenário nesta semana.

Ainda na ponta negativa, os papéis da Petrobras estão entre os destaques de baixa, acompanhando a queda do petróleo no mercado internacional em meio a um inesperado crescimento nos estoques norte-americanos de 5,8 milhões de barris na última semana. Do outro lado, os papéis da Marfrig disparavam com o avanço da venda da Keystone Foods (veja mais aqui).

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

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Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ELET3 ELETROBRAS ON 16,15 -10,48 -16,49 105,22M
 ELET6 ELETROBRAS PNB 19,04 -8,02 -16,12 59,04M
 QUAL3 QUALICORP ON 20,01 -6,63 -34,48 85,25M
 IGTA3 IGUATEMI ON 31,93 -3,85 -17,41 28,51M
 CVCB3 CVC BRASIL ON 51,35 -3,73 +7,48 33,00M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 MRFG3 MARFRIG ON 8,46 +7,09 +15,57 51,79M
 CSAN3 COSAN ON 41,41 +2,65 +2,65 59,06M
 EMBR3 EMBRAER ON 23,04 +1,86 +15,66 40,59M
 ESTC3 ESTACIO PARTON 26,97 +1,58 -17,06 79,83M
 CPLE6 COPEL PNB 25,32 +1,48 +1,48 18,80M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

BC da Turquia surpreende

Com desvalorização de 20% somente este ano, a lira turca chegou a despencar mais de 5% frente ao dólar nesta quarta-feira com a corrida dos investidores para se desfazerem da moeda após o alerta da Fitch Ratings sobre o rumo da economia turca. Em resposta, nesta tarde o BC da Turquia elevou os juros de sua principal linha de crédito de 13,5% para 16,5%, fato que reverteu o movimento da moeda, que agora opera em alta.

“Os atuais níveis elevados de inflação e de expectativa de inflação continuam representando riscos para o comportamento de preços”, apontou o BC. No comunicado, a autoridade monetária afirmou que vai continuar a usar os instrumentos disponíveis no intuito do objetivo da estabilidade de preço. Com a inflação beirando a faixa de 11% ao ano, os investidores clamavam para que o Banco Central atuasse para sinalizar ao mercado que estava preocupado com o rumo da economia, como da lira turca.

IPCA-15 fica abaixo do esperado

O IPCA-15, que é considerado uma prévia da inflação oficial do país, desacelerou de 0,21% para 0,14% na passagem de abril para maio, ficando abaixo das projeções do mercado, que apontavam para alta de 0,26%. Na comparação anual, o índice ficou em 2,70%, permanecendo abaixo da meta de inflação de 3% e bem abaixo dos +2,82% previstos pelo mercado.

Por conta do resultado, o clima de aversão ao risco visto na Bolsa não contamina por completo o mercado de juros futuros. Os DIs com vencimento em janeiro de 2019 recuavam 3 pontos-base, aos 6,58%, enquanto com vencimento de 2021 registravam queda de 11 pontos, aos 8,57%. 

No mesmo sentido, o dólar futuro com vencimento em junho registrava desvalorização de 0,45%, aos R$ 3,634, após o presidente do BC, Ilan Goldfajn, afirmar em entrevista que a autoridade monetária seguirá atuando no mercado de câmbio com swaps cambiais para conter a disparada do dólar.

Notícias do dia

O mercado deve monitorar neste pregão a decisão do governo de eliminar a cobrança da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) sobre o diesel em troca da aprovação da reoneração da folha de setores da economia pelo Congresso Nacional. Ainda assim, caminhoneiros mantêm descontentamento e entram no terceiro de protestos, provocando impactos já sentidos em setores como o automotivo e frigorífico. A costura política de eliminar a Cide sobre a cobrança do combustível evitou que houvesse intervenção na política de preços da Petrobras e, segundo o ministério da Fazenda, não deve trazer impactos fiscais, por estar vinculada ao fim das desonerações.

Ontem, o Ministério da Fazenda informou que a arrecadação atual chega a R$ 2,5 bilhões por ano com a Cide sobre o diesel. Segundo a pasta, o reforço nas receitas da União nos próximos três anos com o fim da desoneração da folha de pagamento dependerá do número de setores que perderem o benefício fiscal no projeto que tramita no Congresso. Desde setembro de 2017, a proposta de reoneração está em discussão no Congresso sem consenso. O orçamento da União para este ano já considera arrecadar R$ 10 bilhões com a medida, mas, como ela deve valer apenas para metade do ano, a arrecadação deve somar R$ 5 bilhões.

O governo vai continuar negociando com os caminhoneiros, que fazem paralisações por todo o país, em protesto contra o aumento sucessivo no preço dos combustíveis. Os caminhoneiros se queixam da alta dos combustíveis, especialmente do diesel, e também da cobrança de pedágios mesmo quando os caminhões estão com os eixos levantados. Só na semana passada, o valor do diesel e da gasolina nas refinarias subiu cinco vezes consecutivas.

Outro destaque do noticiário desta quarta-feira fica com a entrevista do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, ao jornal Valor Econômico. Na reportagem, ele acenou para a Selic estável por ao menos duas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária) e reiterou o uso de swaps cambiais quando necessário.

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