Ibovespa Futuro recua 2% seguindo exterior e precificando forte queda de Petrobras

ADRs da estatal recuavam 10% no pré-market de NY após decisão de congelar os preços do diesel

Rafael Souza Ribeiro

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – Os contratos futuros do Ibovespa com vencimento em junho recuavam 2,10%, aos 79.600 pontos, às 9h12 (horário de Brasília) desta quinta-feira (22), acompanhando o movimento de queda do mercado internacional e com os investidores precificando uma forte queda das ações da Petrobras (PETR4) depois da decisão de congelar os preços do diesel.

Os ADRs (American Depositary Receipts) da estatal afundavam 10% em Nova York em reflexo da decisão de anunciar um corte de 10% no preço do diesel e o congelamento dos preços por 15 dias. Em entrevista coletiva ontem logo após o fechamento do mercado, o presidente Pedro Parente afirmou que esta medida é em caráter excepcional e não representa uma mudança na política de preços da companhia. Contudo, isso não foi capaz de conter a decepção do mercado.

A volta da interferência do governo na empresa não agradou e gerou uma onda de revisões para baixo dos ADRs da estatal. BofA (Bank of America Merrill Lynch), Credit Suisse e Morgan Stanley cortaram as respectivas recomendações de “compra” para “neutro” aos ativos da empresa: “na nossa visão, o anúncio de redução do preço do diesel em resposta à greve de caminhoneiros deve prejudicar materialmente a percepção de independência da Petrobras de uma forma que pode ser difícil de se recuperar”, aponta o relatório do BofA.

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Bolsas mundiais

Em dia de agenda fraca, o mercado externo opera sem direção definida, com o petróleo em baixa após o aumento dos estoques reportado pelos Estados Unidos na véspera e a lira turca retomando movimento negativo, mas até o momento sem contaminar as demais moedas emergentes. Na Europa, enquanto as empresas de tecnologia registram alta, ações do setor automotivo reagem mal aos planos norte-americanos de fechar o cerco a importações neste segmento. Na Ásia, o pregão foi de menor apetite por riscos, com os investidores ainda atentos às disputas comerciais entre EUA e China.

Às 9h12, este era o desempenho dos principais índices:

*S&P 500 Futuro (EUA) -0,13%

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*Dow Jones Futuro (EUA) -0,16%

*Nasdaq Futuro (EUA) -0,06%

*DAX (Alemanha) -0,18%

*FTSE (Reino Unido) -0,25%

*CAC-40 (França) +0,30%

*Hang Seng (Hong Kong) +0,31% (fechado)

*Xangai (China) -0,44% (fechado)

*Nikkei (Japão) -1,11% (fechado)

*Petróleo WTI -1,17%, a US$ 71,00 o barril

*Petróleo brent -1,19%, a US$ 78,85 o barril

*Bitcoin -6,82%, R$ 27.820 (confira a cotação da moeda em tempo real)

Agenda econômica

Do lado dos indicadores econômicos, após uma agenda movimentada na véspera, neste pregão, às 9h30, os investidores devem observar com maior atenção o resultado do número de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos na última semana. As expectativas dos economistas giram em torno de 220 mil pedidos, em linha com o resultado anterior. Também na maior economia do mundo, serão divulgados dados do setor imobiliário.

No nível doméstico, a agenda tem sondagem do comércio, divulgada pela FGV às 8h, e os dados de transações correntes, apresentados pelo Banco Central às 10h30. Do lado da política, destaque para a agenda do presidente Michel Temer, que prevê reunião com Pedro Parente e Eduardo Guardia (Fazenda) a partir das 8h45.

Guerra dos combustíveis

Em meio a uma disputa por protagonismo na crise envolvendo a recente escalada nos preços dos combustíveis e a greve dos caminhoneiros, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou, na noite de ontem, em votação simbólica, uma versão reduzida da reoneração da folha de pagamento para determinados setores da economia e zerou a alíquota de PIS/Cofins que incide sobre o diesel até o final do ano. Pelo texto relatado pelo deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), serão reonerados 28 dos 56 setores que hoje contam com descontos sobre a folha, ao passo que o restante sofrerá os efeitos apenas a partir de 2021.

A medida vem em resposta à crise dos combustíveis e ocorre após o governo anunciar, na terça-feira, que zeraria a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) sobre o diesel caso o Legislativo aprovasse o projeto da reoneração da folha. O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), bateu o pé e anunciou que estaria no projeto discutido a liquidação do PIS/Cofins sobre o combustível até o final do ano. A medida contrariou o governo, que tentou, sem sucesso, evitar que houvesse aprovação nestes conformes, sob alegação de que poderia haver erro nas estimativas do impacto da liquidação do imposto sobre o diesel.

Antes da aprovação da medida no plenário da Câmara, a Petrobras anunciou uma redução de 10% no preço do diesel em suas refinarias, interrompendo sua política de preços por um prazo de 15 dias, seguida por uma retomada gradual ao modelo ancorado nos preços do petróleo no mercado internacional. Com o movimento, a companhia deverá ter uma perda de R$ 350 milhões em suas receitas com a venda do combustível. A iniciativa preocupou o mercado, que descontou nos ADRs da estatal. Em coletiva de imprensa convocada às pressas, o presidente da companhia Pedro Parente negou qualquer alteração na metodologia da política de preços ou ingerência do governo na tomada de decisão da empresa e afirmou que aquele foi um sinal de “boa vontade” da Petrobras, incentivando que governo e caminhoneiros voltassem a negociar.

Apesar dos acenos, o presidente da ABCAM (Associação Brasileira dos Caminhoneiros), José da Fonseca Lopes, afirmou, em entrevista à BandNews, que “de jeito nenhum” a greve termina nesta quinta-feira. Ele disse que a manifestação termina quando estiver publicada no Diário Oficial isenção de impostos.

IMTV

O programa Papo com Gestor desta semana recebe Walter Maciel, CEO da AZ Quest, asset que administra um dos melhores fundos de ações do Brasil. Durante a entrevista, Maciel explica o motivo da preferência dos players globais em detrimento das empresas chamadas “de qualidade” e líderes de mercado – estratégia que tem garantido uma ótima performance em 2018. A entrevista completa vai ao ar nesta quinta-feira (24), às 12h30, na InfoMoneyTV. Confira a grade completa da IMTV clicando aqui.

Radar corporativo

Em meio ao cenário de incertezas com as eleições, o crédito para grandes empresas só deve voltar após as eleições, afirmou o presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher em entrevista ao jornal Valor Econômico. Segundo ele, as linhas voltadas a pessoas físicas e pequenas empresas vem voltando de forma “vagarosa”. A Marfrig informou que algumas plantas devem reduzir ou suspender produção. Já a Triunfo teve pedido de recuperação judicial deferido.

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O Ibovespa Futuro é um bom termômetro de como será o pregão, mas nem sempre prevê adequadamente movimentos na Bolsa a partir do sino de abertura