Ibovespa vira para queda com Petrobras perdendo força e pressão das commodities

Mercado aguarda também pelo discurso do presidente do BC norte-americano

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Depois de iniciar o pregão em alta e marcar máxima em 80.630 pontos, o Ibovespa reverteu os ganhos e às 10h42 (horário de Brasília) registrava queda de 0,20%, aos 79.972 pontos, com as ações da Petrobras (PETR4) perdendo força em vista da forte queda do petróleo no mercado internacional, assim como pela queda de 2% dos papéis da Vale (VALE3) por conta da correção do minério de ferro na China.

As ações da estatal chegaram a subir mais de 5% na abertura, mas a forte queda do barril de petróleo freou os ganhos. O petróleo recua 3% e marca a quarta queda consecutiva após a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e parceiros considerando discutir o relaxamento no limite à produção de petróleo, o que poderia resultar no aumento da oferta da commodity. Além disso, as ações da Vale e do setor siderúrgico ajudam a pressionar o mercado, em mais um dia de queda (-1,64%) dos contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian.

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C?d. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BRAP4 BRADESPAR PN 32,46 -2,61 +17,15 3,81M
 QUAL3 QUALICORP ON 19,12 -1,95 -37,39 8,42M
 GGBR4 GERDAU PN EJ 16,23 -1,87 +31,96 19,23M
 GOAU4 GERDAU MET PN ED 7,40 -1,86 +28,46 24,23M
 SUZB3 SUZANO PAPELON 44,54 -1,63 +139,46 40,05M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

C?d. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 PETR4 PETROBRAS PN EJ N2 20,43 +1,74 +27,15 778,26M
 JBSS3 JBS ON 9,64 +1,58 -1,21 10,57M
 GOLL4 GOL PN N2 14,36 +1,48 -1,64 3,96M
 WEGE3 WEG ON 19,09 +1,43 +3,53 8,40M
 CYRE3 CYRELA REALTON 12,83 +1,10 +0,96 1,58M
* – Lote de mil a??es
1 – Em reais (K – Mil | M – Milh?o | B – Bilh?o)

Acordo com o governo

Após uma reunião que durou mais de sete horas, o governo e entidades da categoria dos caminhoneiros chegaram a um acordo para suspender, por 15 dias, a paralisação iniciada na última segunda-feira. Conforme anunciado pelo ministro Eliseu Padilha (Casa Civil), a Petrobras manterá o compromisso de congelar o preço do diesel 10% menor por 15 dias. Em tentativa de reduzir danos à Petrobras, que despencou ontem, o governo disse que os prejuízos da estatal serão cobertos pelo Tesouro, de modo que a política de preços ficará intacta e que o acordo se limita ao diesel, não afetando gasolina e gás.

Segundo o ministro, o governo também prometeu uma previsibilidade mínima de 30 dias para reajustar o preço do diesel até o final do ano, sem mexer na política de preços da Petrobras, o que culminará em subsídio da diferença quando o preço do combustível subir dentro de cada mês. Caso o preço caia, o ministro Eduardo Guardia (Fazenda) disse que a estatal passaria a ter um crédito, que reduziria o custo arcado pelo Tesouro no mês seguinte. Outro compromisso assumido pelo Planalto foi zerar a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) até o fim do ano, assim como a negociação com os governos estaduais do fim da cobrança pelo eixo suspenso, em caminhões que trafegam vazios.

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Em entrevista à rádio CBN, o presidente Michel Temer disse que vai propor indenizar a Petrobras em R$ 1 bilhão, para que a redução no preço do combustível seja mantida por 60 dias. O emedebista também disse que o PIS/Cofins que incide sobre o diesel poderia ser utilizado como uma espécie de “colchão”, para absorver as flutuações de preços em função do mercado internacional e o câmbio. Outro ponto tratado pelo presidente foi a possibilidade de governadores abrirem mão de uma parcela do ICMS para reduzir o preço do combustível.

Em comunicado enviado ao mercado na noite de ontem, a empresa considerou o acordo realizado “altamente positivo”, já o ressarcimento proposto pela União preserva integralmente a política de preços da companhia, ao mesmo tempo em que viabiliza maior previsibilidade para os consumidores. 

Greve suspensa?

A decisão de suspender a paralisação não foi unânime. Não foram todas as onze entidades do setor de transporte presentes na reunião, em sua maioria caminhoneiros, que aceitaram a proposta. Uma delas, a Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros), que representa 700 mil caminhoneiros, recusou. O presidente da entidade, José Fonseca Lopes, deixou a reunião no meio da tarde e disse que continuará parado. “Todo mundo acatou a posição que pediram, mas eu não. […] vim resolver o problema do PIS, do Cofins e da Cide, que tá embutido no preço do combustível”, disse.

O presidente da CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos), Diumar Bueno, disse esperar que a greve comece a ser desmobilizada nesta sexta-feira. “Ainda é preciso falar com eles (motoristas autônomos) sobre a suspensão da paralisação. Não é possível dimensionar quanto tempo levará para voltar à normalidade”, ponderou.

Mesmo com o acordo firmado entre governo e representantes de entidades da categoria, caminhoneiros mantêm os bloqueios em rodovias federais pelo país nesta sexta-feira. O mercado deverá acompanhar atento aos desdobramentos do caso ao longo do dia.

Além disso, o governo apura a participação ilegal de empresas na greve. O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou, na noite de quinta-feira (25), que o governo irá averiguar se houve prática de locaute por empresas de transporte durante a greve dos caminhoneiros ao longo da semana. A iniciativa não é permitida pela legislação: “eu diria que nós temos indícios de uma aliança, um acordo, entre os caminhoneiros autônomos e as distribuidoras de transportadores”, afirmou.

Locaute é uma prática ilegal, pela qual as companhias impedem empregados de trabalhar em razão dos próprios interesses, e não por reivindicações dos próprios trabalhadores. No caso específico, seria averiguado interesse direto de companhias transportadoras em forçar uma redução do preço do diesel, em meio à escalada recente.

Agenda econômica

Em um dia de indicadores de peso, o destaque da agenda fica por conta da participação do presidente do Fed, Jerome Powell, em painel sobre estabilidade financeira e transparência dos bancos centrais, em Estocolmo, às 10h20. O discurso do chairman é esperado pelos investidores, pois Powell deve tratar sobre o rumo da política monetária e da economia norte-americana.

Na agenda doméstica, as atenções dos investidores voltam-se ao andamento das conversas no Senado sobre projeto que zera a cobrança de PIS/Cofins sobre o diesel até o fim do ano e reonera a folha de pagamento para determinados setores da economia. Existia uma expectativa de que líderes partidários cheguem a um acordo para que o texto seja apreciado nesta sexta-feira, em sessão extraordinária, mas essa possibilidade diminuiu com sinalizações dadas pelo presidente da casa legislativa, Eunício Oliveira (MDB-CE). As discussões deveriam contemplar também alegação do governo de que o projeto aprovado na quarta-feira pelos deputados subestimou impacto fiscal de R$ 10 bilhões.

IMTV

O programa Conexão Brasília desta sexta-feira recebe os analistas políticos Rafael Cortez, da Tendências Consultoria, e Paulo Gama, da XP Investimentos. Na pauta, os efeitos da queda de braço entre governo e caminhoneiro e a disputa por protagonismo entre as diversas lideranças políticas a quase quatro meses das eleições. O programa é transmitido ao vivo, a partir das 14h45 (horário de Brasília), pela IMTV e página do InfoMoney no Facebook. Confira a grade completa da IMTV clicando aqui.

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