Os 5 eventos que vão agitar os mercados na semana

Confira ao que se atentar nesta segunda-feira e ao longo da semana

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Após um empate amargo na estreia do Brasil na Copa da Rússia (1 a 1 contra a Suíça) no último domingo, a semana não começa fácil para os investidores. O dia é de queda para as bolsas internacionais e para as moedas emergentes em meio a temores sobre a intensificação da guerra comercial entre China e Estados Unidos, além do mercado ficar de olho na política monetária dos Bancos Centrais pelo mundo, em semana marcada pela reunião do Copom.

A sessão também é marcada pelo vencimento de opções sobre ações, devendo contribuir para o aumento da volatilidade do Ibovespa. Confira no que ficar de olho nesta sessão e durante a semana:

1. Bolsas mundiais

As bolsas asiáticas encerraram o pregão desta segunda-feira em baixa, pressionadas pelos últimos desdobramentos do conflito comercial entre Washington e Pequim. Os mercados da China continental, de Hong Kong e de Taiwan, porém, não operaram devido a feriados. O dia é de baixa também para os mercados europeus e para os índices futuros das bolsas norte-americanas. 

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Na sexta-feira (15), os EUA anunciaram a imposição de tarifas de 25% sobre importações chinesas no valor de US$ 50 bilhões. No mesmo dia, a China anunciou uma retaliação na mesma proporção, apesar do presidente americano, Donald Trump, ter ameaçado adotar barreiras adicionais caso isso ocorresse.

As tarifas dos EUA serão aplicadas em duas etapas. A primeira atingirá importações de US$ 34 bilhões e entrará em vigor no dia 6 de julho. Já a barreira sobre os restantes US$ 16 bilhões estará sujeita a uma revisão antes de começar a valer. A China agirá da mesma forma, mas existe o temor de que Pequim tarife produtos de energia americanos na segunda fase, fator que ajuda a pressionar as cotações do petróleo desde o fim da semana passada. O mercado ainda fica de olho na fala do presidente do BCE (Banco Central Europeu), Mario Draghi, às 14h30, que anunciou o fim da compra de títulos até o final do ano. 

No mercado de commodities, o petróleo tem leve baixa enquanto a Opep debate aumento da produção; já os metais têm desempenho misto em Londres. 

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Às 8h (horário de Brasília), este era o desempenho dos principais índices:

*S&P 500 Futuro (EUA) -0,59%

*Dow Jones Futuro (EUA)  -0,71%

*Nasdaq Futuro (EUA) -0,69%

*DAX (Alemanha) -1,29%

*CAC-40 (França) -1,15%

*FTSE -0,35%

*FTSE MIB (Itália) -0,76%

*Xangai (China) -0,70% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,75% (fechado)

*Petróleo WTI -0,58%, a US$ 64,68 o barril

*Petróleo brent +0,67%, a US$ 73,93 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian +0,21%, a 474 iuanes (nas últimas 24 horas) 

*Bitcoin US$ 6.484 -1,13%
R$ 25.264 -1,54% (nas últimas 24 horas)

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2. Agenda doméstica: Copom em foco

O mercado passou a ficar mais atento à reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que na próxima quarta-feira (20) define o rumo da taxa básica de juros. Com a recente disparada do dólar e o cenário econômico ainda fraco, o mercado passou a avaliar cada vez mais a chance do Banco Central elevar a Selic já nesta reunião. Pela precificação dos contratos de juros futuros, o mercado já dá como certa esta alta de 25 pontos-base, sendo que já existem analistas defendendo que o Copom suba os juros de forma mais acentuada agora.

Por outro lado, a maior parte dos especialistas ainda acreditam que a Selic será mantida no atual patamar de 6,50% ao ano. “Apesar da baixa inflação corrente e da atividade caminhando ainda em ritmo lento, o Copom deve optar por manter a taxa Selic no nível atual devido ao ambiente externo mais desafiador e incertezas no campo político interno”, avalia a GO Associados explicando que, com isso, o BC evita repasses expressivos da alta do dólar para a inflação.

Vale destacar que mais US$ 10 bilhões em leilões de swap estão prometidos para esta semana após ações coordenadas do BC, Tesouro e CMN levaram à forte queda do dólar e dos juros futuros na sexta, atenuando os efeitos do estresse anterior. Nesta segunda, o BC oferta até 8.800 contratos de swap cambial para rolagem de contratos de julho, das 11h30 às 11h40, com resultado a partir das 11h50.

Já entre os indicadores econômicos da semana, o que mais deve chamar atenção é o IPCA-15 de junho, divulgado pelo IBGE na quinta-feira (21). A GO projeta alta de 0,82%, o que levaria a inflação no acumulado em 12 meses para 3,37%. “A prévia da inflação de junho mostrará aceleração da inflação devido aos efeitos da greve, que impactaram principalmente os alimentos in natura e os combustíveis”, explicam os analistas. Para eles, porém, a expectativa é que o choque se dissipe nos próximos meses, não alterando o quadro inflacionário benigno.

Ainda sem dia definido, o Ministério do Trabalho divulga os dados do Caged referente ao mês de maio, que segundo a GO Associados deve mostrar geração líquida positiva de 95 mil vagas de emprego formal no mês. Além disso, a semana também terá os dados de arrecadação federal referente ao mês de maio, que devem ficar em R$ 107,4 bilhões, um aumento real de 7,3% ante maio do ano passado.

3. Agenda no exterior

Depois da alta dos juros nos EUA para o intervalo de 1,75% a 2,0% ao ano nessa semana, o mercado incorporou a nova projeção do Federal Reserve e passou a precificar como mais provável um cenário hawkish, ou seja, com quatro subidas de juros ao longo do ano. Entre os indicadores, poucos dados realmente importantes, com destaque para os dados do mercado de imóveis na terça-feira (19) e a prévia da sondagem PMI de atividade industrial e de serviços na sexta-feira (22).

Na Europa, a prévia da sondagem PMI relativa ao mês de junho, que será publicada na sexta-feira (22), deve confirmar a desaceleração da retomada na região durante o segundo trimestre do ano. Desde o início do ano, as sondagem PMI finais foram quase sempre menores que as suas prévias, sinalizando uma tendência de deterioração dos indicadores de confiança na Europa.

Outro foco importante da região será a eleição presidencial na Turquia, que ocorre no domingo (24). Esta é primeira eleição desde a modificação da constituição. A expectativa é que Recep Erdogan, atual presidente, saia vitorioso. As eleições ocorrem num contexto de tensões financeiras que podem ter um efeito de contágio aos outros países emergentes. A Lira turca e o índice MSCI da Turquia, já perderam 20% desde o inicio do ano.

Fique de olho: Jogos da Copa nesta segunda-feira

– 9h00: Suecia x Coreia do Sul
– 12h00: Bélgica X Panamá 
– 15h00: Inglaterra x Tunisia
 

4. Notícias do fim de semana

A procura por alianças para as eleições segue dando o tom do noticiário político; segundo informa a coluna de Sonia Racy, do jornal O Estado de S. Paulo, a pedido do presidente Michel Temer, empresários e banqueiros jantaram, sexta-feira, na casa de Rubens Ometto Silveira Mello, dono do grupo Cosan. E grandes nomes do PIB defenderam  nome de Geraldo Alckmin (PSDB) para ser o candidato do governo para as eleições deste ano. A tensão maior entre os presentes era de uma disputa direta entre Jair Bolsonaro (PSL) e Ciro Gomes (PDT). A pré-candidata Marina Silva (Rede) foi citada como uma opção, mas não obteve muito apoio. 

Falando sobre Ciro Gomes, o jornal também destaca a fala do presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, que disse ser possível Ciro Gomes ganhar a eleição sem o apoio do mercado financeiro. “O mercado tem que cuidar de suas aplicações, entender que não manda no Brasil. Da política quem tem que cuidar são os políticos”, disse à Coluna. A resposta é uma reação à preferência do setor financeiro por Jair Bolsonaro (PSL), considerado mais previsível, caso ele dispute o 2.º turno com Ciro. “O mercado perde os anéis, mas não o dedo. Ele sabe que com Bolsonaro perde a mão.”

5. Noticiário corporativo

No radar corporativo, ganham destaques as falas do ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, sobre a Petrobras. Guardia diz que a estatal é livre para definir política de preço e que discussões na ANP se referem apenas ao momento da revisão de preços – quando e com que frequência – e não à política em si. “O que está sendo discutido agora é qual é o momento mais adequado para essas revisões – seja diária ou mensal, por exemplo”, afirmou. Guardia ainda apontou que o governo espera que a Câmara aprove um projeto-chave que permite à Eletrobras vender seis distribuidoras. 

Voltando ao noticiário da petroleira, a Petrobras conversa com Cade sobre risco rejeição na venda da Liquigás, enquanto obtém decisão favorável sobre campos em Sergipe. Ela também informou que a produção de petróleo e gás em maio foi de 2,67 milhões de boed. No BB, minoritários do Banco Patagonia exercem opção de venda, enquanto Itaú consegue na Justiça impedir julgamento de recurso no Carf, segundo informa o Valor. Já no radar de recomendações, JBS foi elevada a ’overweight’ pelo JPMorgan, enquanto a M.Dias Branco foi rebaixada a underweight pelo mesmo banco. 

(Com Agência Estado e Bloomberg)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.