Os 5 assuntos que vão agitar os mercados nesta sexta-feira

Forte queda nas exportações da China derrubam as bolsas asiáticas e elevam tom de tensão nos mercados por conta de uma desaceleração da economia global

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O mau humor externo segue pressionando os mercados e os índices futuros em Wall Street indicam mais um dia negativo acompanhando a derrocada das bolsas asiáticas após a China apresentar queda de 20% em suas exportações e elevar as preocupações sobre uma desaceleração do crescimento global. Além disso, segue no radar as conversas entre os governos de Donald Trump e Xi Jinping para um acordo comercial.

No front doméstico, os investidores seguem cautelosos e atentos à reforma da Previdência. Na véspera, o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender a proposta em seu Twitter e em uma live no Facebook, o que garantiu ganhos ao Ibovespa.

Veja no que ficar de olho nesta sexta-feira (8):

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1. Bolsas mundiais

As bolsas dos Estados Unidos indicam mais um dia de queda – que caso se concretize será o quinto seguido – puxado pelo mercado asiático, onde os índices caíram cerca de 2%, com a bolsa de Xangai desabando 4,4% após dados fracos da economia e também com a tensão gerada pelas conversas da China com os Estados Unidos.

Segundo dados da Administração Geral das Alfândegas chinesa, o país registrou uma queda expressiva de 20,7% em suas exportações em dólar em fevereiro em relação a um ano antes, contra uma alta de 9,1% no mês anterior. O resultado ficou 4,8% abaixo do que esperavam os analistas.

Enquanto isso, as importações denominadas em dólar caíram 5,2% em fevereiro em relação ao mesmo período do ano passado. Economistas lembram que por conta do Ano Novo Chinês, os dados de fevereiro tendem a ser distorcidos. Por outro lado, no acumulado de janeiro e fevereiro, as exportações ainda mostraram queda de 4,6%.

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As exportações do país para os EUA caíram 26,2% no mês passado, enquanto as importações para os norte-americanos recuaram 28,6%, levando a um superávit comercial bilateral de US$ 14,72 bilhões, o menor valor em dois anos.

Enquanto isso, na “guerra comercial”, EUA e China ainda não marcaram uma data para uma reunião de cúpula entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping para resolver a atual disputa entre as duas maiores economias do mundo, uma vez que nenhum dos lados acredita que um acordo seja iminente, afirmou o embaixador americano para a China, Terry Branstad.

Em entrevista ao Wall Street Journal, Branstad disse que sequer há preparativos para um encontro entre Trump e Xi. Nos últimos dias, haviam surgido relatos de que os dois se encontrariam na residência de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, possivelmente no fim deste mês.

Segundo Branstad, negociadores dos dois países precisam reduzir ainda mais a diferença entre suas posições, inclusive no que diz respeito ao fechamento de um eventual acordo, antes que se iniciem preparativos para uma cúpula.

Já as bolsas europeias operam em queda seguindo o mau humor global e ainda sentindo o peso da fala do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, que na véspera anunciou uma nova rodada de empréstimos para aumentar os empréstimos nos bancos da zona do euro e, assim, estimular a economia real.

Draghi também disse que as taxas de juros continuarão nos níveis atuais pelo menos até o final do ano. O BCE também reduziu sua previsão de crescimento para a zona do euro de 1,7% para 1,1% para este ano.

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Confira o desempenho do mercado, segundo cotação das 07h58 (horário de Brasília):

*S&P 500 Futuro (EUA) -0,40%

*Dow Jones Futuro (EUA) -0,39%

*Nasdaq Futuro (EUA) -0,52%

*DAX (Alemanha) -0,67%

*FTSE (Reino Unido) -0,81%

*CAC-40 (França) -0,49%

*FTSE MIB (Itália) -0,57%

*Hang Seng (Hong Kong) -1,91% (fechado)

*Xangai (China) -4,40% (fechado)

*Nikkei (Japão) -2,01% (fechado)

*Petróleo WTI -1,75%, a US$ 55,67 o barril

*Petróleo brent -1,84%, a US$ 65,08 o barril

*Bitcoin US$ 3.927 +0,63%
R$ 15.193 +0,56% (nas últimas 24 horas)

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -0,65%, a 613,00 iuanes (nas últimas 24 horas) 

2. Reforma da Previdência

Na tarde de quinta, o presidente Jair Bolsonaro voltou às redes sociais, desta vez para defender a reforma da Previdência e acabou levando o Ibovespa a fechar com leves ganhos.

“Os avanços que o Brasil precisa dependem da aprovação da Nova Previdência. É a partir dela que o país terá condições de estabilizar as contas, potencializar investimentos, viabilizar uma rígida reforma tributária e enxugar ainda mais a máquina pública, reduzindo nossas estatais”, tuitou o presidente.

Enquanto isso, em entrevista ao Valor Econômico, o secretário de Previdência Social, Leonardo Rolim, afirmou que toda concessão que o governo fizer ao Congresso para garantir a aprovação da reforma da Previdência terá que ser compensada para que se mantenha a meta de economia de R$ 1 trilhão em dez anos. “Se for fazer concessões, tem que compensar para não baixar a meta. Não há uma folga grande”, disse.

Em meio a tudo isso, estrategistas e investidores estão se preparando para um período agitado com o início da tramitação do projeto de lei para a reforma, aponta a Bloomberg. Há relatos de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, começou a negociar a reforma diretamente com os deputados devido à preocupação de que o governo tenha feito pouco progresso na divulgação da proposta no Congresso.

“Algo precisa acontecer antes que o otimismo comece a se esvair”, disse Brendan McKenna, estrategista de câmbio do Wells Fargo, para a Bloomberg. “Quando o projeto de lei for para a Câmara dos Deputados, eu gostaria de ver uma economia na área de pelo menos R$ 700 bilhões para colocar o Brasil em uma trajetória sustentável. Qualquer coisa abaixo disso e o real estará em apuros”.

3. Live de Bolsonaro 

Previdência também foi assunto da live no Facebook realizada por Bolsonaro. Na fala, acompanhada pelo ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, e pelo porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, ele também tratou de outros assuntos, como explicações sobre sua polêmica declaração em relação às Forças Armadas.

Bolsonaro disse esperar que a reforma “não seja muito desidratada” pelo Congresso Nacional. O texto, proposto pelo governo, já está na Câmara dos Deputados, que ainda formará as comissões para o início da tramitação, esperado para a próxima semana. Sugestões de alterações no texto já foram feitas por líderes de partidos em uma reunião com o presidente, na semana passada.

“Nós precisamos fazer uma reforma da Previdência. Afinal de contas, ela está mais do que deficitária. […] Nós pretendemos aprovar a reforma que está lá. Se bem que o Parlamento é soberano para fazer qualquer possível alteração. Só esperamos que ela não seja muito desidratada, para que atinja seu objetivo e sobre recursos para investirmos em emprego, saúde, segurança e educação”, disse Bolsonaro.

Sobre sua declaração de que a democracia e a liberdade só existem se as Forças Armadas quiserem, o presidente disse que foi mal interpretado e que as declarações foram distorcidas pela imprensa. O general Heleno afirmou ainda que as Forças Armadas são um “pilar da democracia e da liberdade”.

“Essa não é uma fala polêmica, as suas palavras foram de improviso e foram colocadas exatamente para aqueles que amam sua pátria, e que vivem diariamente a manutenção da democracia e da liberdade”, disse o ministro.

“De acordo com a tendência das Forças Armadas, de acordo com a determinação, isso acaba sendo o fator fundamental do regime político do país, e no caso do Brasil, é claro que as Forças Armadas são um pilar da democracia e da liberdade”, completou.

O presidente também comentou sobre a Medida Provisória que prevê o fim do desconto em folha da contribuição sindical. “O sindicato vai ter que emitir boleto e o trabalhador que achar que o sindicato está fazendo um bom trabalho, vai lá e paga. Esperamos que o Parlamento aprove essa medida, que fará justiça para todos”, explicou.

Após estes dois assuntos, Bolsonaro passou a fazer um giro rápido sobre diversos assuntos do governo. Ele afirmou que irá acabar com as lombadas eletrônicas no país e criticou o excesso de radares nas estradas, indicando que muitos deles não são feitos para diminuírem os acidentes, e sim para arrecadação com multas.

No fim, questionado por um internauta sobre a “abertura do BNDES”, Bolsonaro afirmou que terá uma “aula” para entender melhor as questões do banco de desenvolvimento e que chamará o presidente do banco, Joaquim Levy, para uma reunião.

4. Agenda de indicadores

Na agenda doméstica, o dia é mais tranquilo, com destaque para a inflação medida pelo IGP-DI, que ficou em 1,25%, superando a projeção de 1,15% dos analistas compilados pela Bloomberg. Em janeiro, o indicador ficou em 0,07%.

No câmbio, o Banco Central oferta até 14.500 contratos de swap cambial para rolagem de contratos de abril. O leilão ocorre das 11h30 às 11h40, com o resultado a partir das 11h50.

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No exterior, atenção especial para o relatório de emprego nos Estados Unidos. Considerado um dos principais indicadores para o Federal Reserve, o indicador é um dos mais acompanhados para a tomada de decisões sobre os juros. Após dados fortes da economia na semana passada, um indicador positivo pode começar a levar analistas a mudarem suas projeções para a política monetária.

Clique aqui e confira a agenda completa de indicadores.

5. Noticiário corporativo

>> A Petrobras elevou o preço médio do litro da gasolina A e do diesel sem tributo nas refinarias, com valores válidos para esta sexta-feira (8). A gasolina teve elevação de 2,50%, passando de R$ 1,6865 o litro para R$ 1,7285 o litro, enquanto o preço do diesel subiu 1,91%, passando de R$ 2,1462 para R$ 2,1871, conforme tabela disponível no site da empresa.

Ainda no noticiário da empresa, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou na noite de ontem, sem restrições, a venda da polêmica refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, para a Chevron. A venda já havia sido anunciada em janeiro.

>> Às 15h ocorre a OPA (Oferta Pública de Aquisição) das ações da Comgás. Lançada pela Cosan, a oferta estará condicionada à adesão de dois terços dos acionistas detentores das ações em circulação.

>> Na quinta-feira, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse em evento nos EUA que a Eletrobras “não será privatizada”, “mas será capitalizada, em modelo semelhante ao que ocorreu no passado com a Embraer”. A fala fez as ações da companhia desabarem 5,8% ontem.

(Com Agência Estado)

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.