Ibovespa Futuro sobe com expectativa de Bolsonaro “bater o martelo” sobre Previdência

Ao mesmo tempo, presidente precisará lidar com a crise que paira no governo e em seu partido, o PSL

Weruska Goeking

(Alan Santos/PR)

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SÃO PAULO – O mercado doméstico mantém o viés otimista após Jair Bolsonaro dizer que vai “bater o martelo” sobre reforma da Previdência ainda hoje. Ele se reunirá com o ministro da Economia, Paulo Guedes, às 15h (de Brasília) para realizar os ajustes finais no texto.

Às 9h31 (horário de Brasília), o Ibovespa futuro subia 0,27%, a 97.185 pontos. O contrato de dólar futuro com vencimento em março de 2019 tinha alta de 0,09%, cotado a R$ 3,762, e o dólar comercial avançava 0,03%, para R$ 3,753. 

“A reforma da Previdência é o tema mais importante para o ‘call de recuperação do Brasil’. Os dois pontos mais sensíveis que o mercado ficará atento são a idade mínima para homens e mulheres e o tempo de transição”, afirmam os analistas da Rico, Matheus Soares e Thiago Salomão, em relatório enviado a clientes.

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Ao mesmo tempo, Bolsonaro precisará lidar com a crise que paira no governo e em seu partido, o PSL. “É realmente difícil imaginar a anuência e participação do grupo do presidente, principalmente pela campanha estoica e totalmente fora dos padrões históricos brasileiros, mais próxima das campanhas do falecido deputado Enéas Carneiro”, avalia Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

Mas nem por isso o tema perde importância. Os analistas da Rico acreditam que a crise pode afetar a aprovação da reforma da Previdência. “A cizânia dentro do próprio governo, ainda que natural, é um fato disruptivo, com a base formada por uma série de políticos inexperientes, muitos puxados mais pelo ânimo com a eleição de Bolsonaro do que com seus próprios nomes”, avalia Vieira. No fim das contas, “as reformas é que importam”, completa Vieira.

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No mercado internacional, permanece a expectativa otimista de um acordo entre China e Estados Unidos, alimentada pela sinalização de que Donald Trump pode estender por mais 60 dias as conversas para chegar a uma solução para o impasse comercial.

O Ibovespa Futuro é um bom termômetro de como será o pregão, mas nem sempre prevê adequadamente movimentos na Bolsa a partir do sino de abertura

Bolsas mundiais

Os índices futuros dos Estados Unidos apontam para uma abertura em alta seguindo ainda o otimismo com a sinalização de Donald Trump considera adiar em 60 dias o prazo que venceria em 1º de março para fechar um acordo comercial com a China.

Os investidores ainda aguardam o aval do presidente dos Estados Unidos para o acordo fechado entre parlamentares democratas e republicanos sobre o orçamento dos EUA. A medida evita, por enquanto, uma nova paralisação do governo que poderia acontecer no fim desta semana. O acordo provisório inclui R$ 1,375 bilhão para a construção de barreiras verticais de aço e não um muro sólido – defendido por Trump.

As bolsas europeias também operam em alta seguindo o otimismo gerado pelas notícias relacionadas ao governo norte-americano. 

Colaboram para o bom humor global os dados da balança comercial chinesa, que surpreenderam positivamente. As exportações cresceram 9,1% em janeiro na comparação anual e as importações caíram 1,5%.

Ao final, a balança mostrou superávit comercial de US$ 39,16 bilhões no mês passado, acima da previsão do mercado de US$ 25,45 bilhões. No comércio com os Estados Unidos, o superávit chinês diminuiu de US$ 29,87 bilhões em dezembro para US$ 27,3 bilhões em janeiro. “O resultado mostra a força da economia chinesa apesar dos entraves comerciais com EUA”, avaliam os analistas da Rico. 

Por outro lado, as bolsas na Ásia encerraram em leve queda à espera de informações mais sólidas sobre as discussões entre EUA e China.

No mercado de commodities, os preços do petróleo sobem pelo terceiro dia seguido com a queda nos embarques da Arábia Saudita, que prometeu cortar sua produção, e da Venezuela, que sofre com sanções dos Estados Unidos. O otimismo com as negociações entre China e o governo de Trump também dá suporte à alta.

Reforma da Previdência

A proposta de reforma da Previdência está finalizada e deverá ser analisada pelo presidente Jair Bolsonaro entre hoje (14) e sexta-feira (15), segundo o secretário especial da Previdência, Rogério Marinho. Ele não deu detalhes sobre a proposta, como idade mínima e regras de transição. Na terça-feira (12), Marinho disse que o texto final da reforma é “bem diferente” da minuta do projeto que vazou para a imprensa na semana passada.

Bolsonaro disse ontem em entrevista à TV Record, que “a grande dúvida na idade é se passaria para 62 ou 65 os homens e para mulheres 57 ou 60”, mas que isso será definido ainda hoje. As informações sobre as datas que o projeto será enviado ao Congresso são discrepantes dentro do governo. 

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou acreditar que o texto final sobre a proposta de reforma da Previdência pode ser enviado ao Congresso Nacional na próxima semana. “Julgo que sim, porque os acertos são pequenos. É uma questão mais de decisão só, não do que vai ter que escrever ainda”, disse.

Por outro lado, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que o envio do texto ao Congresso depende de Bolsonaro e pode ocorrer apenas entre os dias 25 e 28 de fevereiro. Com tom pouco assertivo, Onyx afirmou que a reforma “provavelmente deve ser apresentada até o final do mês”.

Agenda econômica 

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulga, às 9h (de Brasília), o volume do setor de serviços de dezembro. A mediana estimada pelo mercado aponta para queda de 0,4% na comparação anual, conforme levantamento da Bloomberg.

“O volume do setor de serviços deve fechar 2018 em compressão. São estes fatores que colocam em xeque a atual pausa nos cortes de juros promovidos pelo Banco Central e a eficácia do instrumento de política monetária solitário na busca pelo estímulo da economia”, avalia Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

O Ministério da Economia publica, às 10h, o Prisma Fiscal, pesquisa feita pelo Tesouro Nacional com o mercado financeiro para traçar perspectivas para a economia brasileira.

Nos Estados Unidos, destaque para os dados dos pedidos de bens duráveis relativos ao mês de dezembro e os pedidos por seguro-desemprego, ambos às 11h30.

Clique aqui para conferir a agenda completa de indicadores.

Noticiário político 

O clima de tensão no governo ganha corpo após declarações de Bolsonaro e de Gustavo Bebianno, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, que protagoniza acusações sobre candidaturas de laranjas para ter acesso a fundos públicos. 

O conflito entre os dois toma as manchetes dos jornais após Bolsonaro endossar o ataque de seu filho, Carlos Bolsonaro, a Bebianno ao afirmar que não conversou sobre o tema com o ministro enquanto esteve no hospital nos últimos dias.

O presidente disse ainda que pediu que a Polícia Federal investigue o caso e não descartou a demissão de Bebianno. “Se estiver envolvido e, logicamente, responsabilizado, lamentavelmente o destino não pode ser outro a não ser voltar às suas origens”, disse. 

Informações de bastidores apontam que Bolsonaro pretendia chegar a Brasília ontem, após ter alta médica, e receber um pedido de demissão do próprio Bebianno e, assim, mostrar força política ao mesmo tempo em que coloca panos quentes na crise de seu governo.

Sua expectativa foi frustrada e Bebianno disse, em entrevista à GloboNews, que não pretende pedir demissão. “Não tenho essa intenção porque não fiz nada de errado. Meu trabalho continua sendo em beneficio do Brasil. O presidente, se entender que eu não deva mais continuar, ele certamente vai me comunicar”, afirmou.

Para aquecer ainda mais as discussões, o jornal Folha de S. Paulo traz uma reportagem informando que uma gráfica de pequeno porte de um membro do diretório estadual do PSL foi a empresa que mais recebeu verba pública do partido em Pernambuco nas eleições. Sete candidatos declararam ter gasto R$ 1,23 milhão dos fundos eleitoral e partidário na gráfica Vidal, que nunca havia participado de uma eleição e funciona em uma pequena sala na cidade de Amaraji, interior de Pernambuco.

O dono da gráfica é Luis Alfredo Vidal Nunes da Silva, que se apresenta como presidente do PSL em Amaraji. O empresário afirmou que não havia irregularidades na prestação de serviços. Questionado se teria como mostrar alguns exemplares do material que havia sido impresso, disse que nem tudo estava lá. “Se for necessário, eu apresento à Justiça”, disse à Folha.

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Procurado pela Folha, Bebianno não se manifestou e Luciano Bivar, deputado e fundador do PSL, declarou que não cometeu nenhuma ilicitude e que as contas do partido foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.

Vale lembrar que grande parte do apelo eleitoral de Bolsonaro veio de sua promessa de tolerância zero à corrupção após anos de escândalos políticos de alto nível. O próprio presidente não enfrenta alegações de irregularidades, mas as questões sobre a conduta do seu partido e as lutas internas entre os principais aliados estão azedando o clima político, enquanto ele se prepara para iniciar sua agenda legislativa. 

Ao mesmo tempo, já se discute nos porões de Brasília que o tratamento com as acusações que envolvem seu filho Flávio Bolsonaro tiveram um tratamento diferente do presidente – bem menos duro do que a forma como o tema de Bebianno vem sendo debatido. 

Noticiário corporativo

>> O Banco do Brasil registrou lucro líquido ajustado de R$ 3,845 bilhões no quarto trimestre, alta de 20,6% em relação ao mesmo período do ano passado. A margem financeira bruta somou R$ 12,490 bilhões, valor 2,6% menor  na comparação com o quarto trimestre de 2017. A carteira de crédito ampliada subiu 1% nos últimos três meses de 2018..

>> A Eletrobras pediu aos bancos que apresentassem proposta para liderar uma emissão de cerca de R$ 4 bilhões em debêntures, segundo pessoas com conhecimento do assunto ouvidas pela Bloomberg. Os papéis teriam vencimento de 3, 5, 7 ou dez anos, de acordo com as pessoas, que pediram para não ser identificadas, pois as discussões não são públicas. O dinheiro seria usado para gestão de passivos.

>> A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) vai averiguar a conduta individual de Fabio Schvartsman, dos demais diretores estatutários da empresa, e dos 12 conselheiros da Vale na tragédia de Brumadinho. A investigação foi iniciada em 28 de janeiro, três dias após a tragédia.

O TAP (Termo de Ajuste Preliminar) que está sendo tratado entre a Vale e diversas instituições federais e estaduais prevê, ente outras coisas, que a arrecadação tributária do estado de Minas Gerais e do município de Brumadinho seja recomposta pela mineradora por três anos.

Ainda sobre a tragédia, um dos documentos internos da Vale obtidos pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e anexados a uma ação civil pública cita um cálculo que fixa a indenização por morte em R$ 9,8 milhões. O documento foi produzido em 2015 e inclui um estudo de ruptura hipotética de uma barragem no qual são apresentadas fórmulas matemáticas para estimar danos econômicos.

>> A Petrobras concordou em pagar uma dívida de R$ 3,1 bilhões – R$ 1,1 bilhão de uma só vez, ainda neste ano, e o restante em 60 vezes. A empresa vai compensar os governos do Estado e municípios capixabas, além da União, pela produção no supercampo Novo Jubarte, que negava existir. O dinheiro, esperado para abril, deve ajudar o Espírito Santo a fechar a conta da Previdência de 2018.

A Petrobras tratava o reservatório do Novo Jubarte como se fossem sete, sem interligação entre eles. Com isso, conseguia ficar isenta do pagamento de participação especial, uma compensação financeira que incide exclusivamente sobre grandes áreas produtoras.

Em 2013, o governo do Espírito Santo, onde está localizado o reservatório, alertou a agência reguladora, que, no ano seguinte, baixou uma resolução obrigando a empresa a admitir a existência do supercampo e a recolher a participação especial relativa a ele. Iniciou aí a desavença entre a petroleira estatal e a agência reguladora. O fim dessa novela é esperado para esta quinta-feira, 14, quando, em audiência pública, as duas partes apresentarão ao mercado os detalhes do acordo que fecharam.

No fim do ano passado, Petrobras e ANP concordaram em unificar cinco áreas – Jubarte, Baleia Azul, Baleia Franca, partes de Cachalote e Pirambu, além de pequenas parcelas de Caxaréu e Mangangá. Todos são divisões do bloco BC-60, concedido pela União à estatal na chamada rodada zero, antes de começar a leiloar concessões ao mercado.

Ainda que o supercampo seja menor do que a ANP gostaria, em volume de produção, perde apenas para o líder nacional, o campo de Lula, localizado no pré-sal da Bacia de Santos. A Petrobras estima investimento total de US$ 8,3 bilhões no Novo Jubarte, que, nos próximos 20 anos, deve gerar R$ 25,7 bilhões em participação especial (o equivalente a R$ 18,6 bilhões a valor presente, com desconto de 10% ao ano de inflação), segundo documento da agência reguladora.

>> A Totvs registrou prejuízo de R$ 41,7 milhões no quarto trimestre com o impacto negativo de uma provisão para baixa contábil de R$ 72,3 milhões resultante de uma reavaliação dos ativos de equipamentos na operação da Bematech. O lucro líquido ajustado foi de R$ 32,2 milhões, com alta de 90,9% na base de comparação anual. O ebitda foi de R$ 88,8 milhões, alta de 1,3% na comparação anual.

>> A Duratex teve lucro líquido recorrente de R$ 151,3 milhões no quarto trimestre de 2018, alta de 33,9% na comparação anual, e a receita líquida subiu 14,6%, atingindo R$ 1,26 bilhão. O ebitda ajustado foi de R$ 236,83 milhões, alta de 3,5%.

>> O Itaú BBA elevou a recomendação para as ações da Kroton para outperform (desempenho acima da média do mercado), com preço-alvo de R$ 15, destacando que os desafios são grandes, mas também as oportunidades.

Estácio (ESTC3) teve a recomendação reduzida para marketperform (desempenho em linha com a média do mercado) e preço-alvo de R$ 35, com os analistas destacando que os ganhos de eficiência já estão precificados em sua maioria. A Ser segue com recomendação outperform e preço-alvo de R$ 26, enquanto Anima possui recomendação marketperform com preço-alvo de R$ 22. 

>> O Conselho da Petro Rio aprovou desdobramento das ações na proporção de 1 para 10, de forma que cada ação passe a ser representada por 10. O desdobramento será submetido à aprovação em Assembleia Geral Extraordinária a ser realizada em 1 de março, às 12h. Segundo a empresa, o desdobramento tem o objetivo de manter valor da ação “em um patamar atrativo”, aumentar a liquidez e elevar o índice de negociabilidade, “o que aumenta as chances da companhia ingressar nos índices da B3, como o índice IBrX-100, atraindo uma gama de novos acionistas indexados ao mesmos”.

>> A controlada da WEG, Weg-Cestari, acertou a compra da Geremia Redutores, fabricante brasileira de
redutores, motorredutores de velocidade, multiplicadores de velocidade e componentes para transmissão mecânica. O valor pago não foi informado, mas a companhia afirma que não representa investimento relevante para a adquirente. 

(Com Agência Brasil, Bloomberg e Agência Estado)