Ibovespa cai, mas euforia com Previdência garante alta de 2,3% na semana; dólar vai a R$ 3,70

Índice tem dia de ajuste, apesar de forte alta das bolsas dos EUA, mas não apaga disparada da quinta-feira após anúncio de pontos da reforma da Previdência

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa ignorou o movimento positivo em Wall Street e fechou em queda nesta sexta-feira (15) em movimento de ajuste da euforia da véspera com o otimismo com alguns pontos da proposta de reforma da Previdência escolhidos por Jair Bolsonaro, que agradaram o mercado financeiro e foi vista como robusta.

O Ibovespa fechou com queda de 0,50%, aos 97.525 pontos, após chegar a 97.083 pontos na mínima do dia. O volume financeiro ficou em R$ 14,780 bilhões. Apesar das perdas de hoje, o índice conseguiu fechar a semana com ganhos acumulados de 2,29%, favorecido pela disparada de quinta com a reforma da Previdência.

Enquanto isso, o contrato de dólar futuro com vencimento em março teve queda de 0,55%, a R$ 3,706, ao passo que o dólar comercial fechou com perdas de 0,97%, cotado a R$ 3,7037 na venda. Com isso, a moeda encerra a semana com recuo de 0,86%.

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No mercado de juros, os contratos futuros com vencimento em janeiro de 2021 caíram 1 ponto-base, para 6,96%, enquanto os contratos para janeiro de 2023 recuaram 3 pontos-base, a 8,03%.

O tom otimista com a reforma, que deve ser encaminhada ao Congresso dentro de uma semana, perde espaço para o clima de tensão crescente no governo que traz cautela antes do fim de semana.

Vale lembrar que as denúncias envolvendo Gustavo Bebianno, ministro da Secretaria-Geral da Presidência continuam a gerar atrito na cúpula do governo e a oposição já prepara um enfrentamento para não deixar a temperatura esfriar.

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Destaques de ações

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o índice Bovespa, foram:


 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 KROT3 KROTON ON 10,88 -6,21 +22,66 277,26M
 ESTC3 ESTACIO PARTON 29,87 -5,20 +25,72 228,72M
 MGLU3 MAGAZ LUIZA ON 163,97 -3,94 -9,15 163,38M
 VVAR3 VIAVAREJO ON 5,28 -3,12 +20,27 51,39M
 CIEL3 CIELO ON 10,96 -3,01 +23,28 135,29M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 MRFG3 MARFRIG ON 5,80 +3,94 +6,23 24,06M
 NATU3 NATURA ON 46,70 +2,91 +4,35 87,20M
 JBSS3 JBS ON 14,82 +2,21 +27,87 103,11M
 TIMP3 TIM PART S/AON 11,95 +1,96 +2,16 187,80M
 UGPA3 ULTRAPAR ON 57,05 +1,84 +7,24 114,05M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN N2 26,84 -0,41 1,72B 1,42B 59.699 
 VALE3 VALE ON 45,88 +0,48 1,27B 1,70B 61.817 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 37,50 -1,03 1,01B 967,92M 59.198 
 BBDC4 BRADESCO PN 46,00 -0,65 694,62M 710,22M 33.908 
 BBAS3 BRASIL ON 54,81 +0,13 686,98M 614,04M 34.574 
 ITSA4 ITAUSA PN 13,23 -1,27 422,08M 347,29M 36.852 
 KROT3 KROTON ON 10,88 -6,21 277,26M 146,40M 39.939 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 18,49 -0,54 274,72M 461,01M 36.925 
 USIM5 USIMINAS PNA 9,38 -3,00 243,60M 156,80M 21.780 
 B3SA3 B3 ON 32,32 -0,12 242,42M 401,97M 20.259 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Bolsas mundiais

Os índices dos Estados Unidos operavam em alta com expectativas de que o país chegue a um acordo com a China sobre as tarifas de importação. Chama atenção a declaração do presidente Donald Trump, de “emergência nacional” para financiar o muro na fronteira com o México.

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As bolsas europeias fecharam majoritariamente em alta de olho nas reuniões entre representantes do governo norte-americano e chinês para tentar colocar fim à guerra comercial entre os países. 

As bolsas asiáticas recuaram após a 7ª desaceleração seguida da inflação fomentar receios sobre uma possível deflação em decorrência do enfraquecimento da economia, enquanto investidores seguem à espera de resolução para a guerra comercial entre China e Estados Unidos. 

O acordo já está sendo finalizado, segundo a Agência Estado, e pode servir de base para um pacto que os presidentes Trump e Xi Jinping finalizariam em um encontro de cúpula que seria organizado para discutir a disputa comercial entre os países. Vale lembrar que o prazo para o fim da trégua acaba em 1 de março. Se não houver acordo, os Estados Unidos elevará as tarifas para a importação de produtos chineses. 

No mercado de commodities, os preços do petróleo sobem pelo quarto dia seguido e registra a maior alta semana semanal em um mês com a queda nos embarques da Arábia Saudita, que prometeu cortar sua produção, e da Venezuela, que sofre com sanções dos Estados Unidos.

Agenda econômica 

O Banco Central informou que o IBC-Br, considerado uma prévia do PIB (Produto Interno Bruto), avançou 0,21% em dezembro ante novembro, na série com ajuste sazonal, e subiu 0,18% na comparação anual, para 136,27 pontos. Este é o maior patamar para o IBC-Br com ajuste desde outubro de 2015 

A estimativa mediana do mercado era de estabilidade em dezembro nas comparações mensal e anual, segundo a Bloomberg.

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Reforma da Previdência e crise no governo

Bolsonaro e a equipe econômica do governo decidiram na tarde de ontem que a proposta de reforma da Previdência fixará uma idade mínima de 65 anos para aposentadoria de homens e 62 anos para mulheres, com um período de transição de 12 anos. 

“A proposta acabou sendo um equilíbrio do que defendia o presidente e as ambições da equipe econômica chefiada por Paulo Guedes”, dizem os analistas da Rico, Matheus Soares e Thiago Salomão, em relatório enviado a clientes. 

Depois de assinar o texto da reforma e encaminhar ao Congresso, na próxima quarta-feira (20), Bolsonaro vai fazer um pronunciamento à nação para explicar a necessidade de mudar as regras para aposentadoria no país. 

A proposta ainda deve demorar uma semana para ir ao Congresso porque precisa ser avaliada por outras instâncias dentro do governo para verificar, por exemplo, se existe alguma inconstitucionalidade no texto. É possível que até sua assinatura a reforma ainda passe por alguma pequena mudança.

O governo calcula que a reforma vai permitir uma economia de R$ 1 trilhão nos próximos dez anos. Por se tratar de uma PEC (proposta de emenda constitucional), a reforma da Previdência precisa ser votada em dois turnos na Câmara e depois no Senado, com apoio de no mínimo dois terços dos deputados e dos senadores em cada votação.

Enquanto isso, a maior crise do governo Bolsonaro segue em escalada por atritos com Gustavo Bebianno, ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Ele era presidente do PSL durante a campanha de 2018 e o partido está sendo questionado pelo uso de R$ 400 mil do fundo partidário em benefício de uma candidata pouco expressiva em Pernambuco.

“Esta crise está ligada às denúncias em relação aos gastos de campanha do PSL e a um certo protagonismo do filho do presidente que, no afã de defender o pai, interferiu levando as discussões e debates em rede social que acabam sendo de domínio público, o que não é bom”, disse o vice-presidente Hamilton Mourão.

Um dos filhos de Bolsonaro, o vereador Carlos, agravou a crise ao acusar Bebianno de mentir a respeito conversas que teria tido com o presidente sobre a denúncia. Bolsonaro colocou mais lenha na fogueira ao endossar a declaração de seu filho e a pressão para a demissão de Bebianno é crescente.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, os partidos de oposição na Câmara pressionam o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM), para colocar em pauta no plenário um pedido de convocação de Bebianno. Dois pedidos já foram protocolados: um pelo líder da bancada do PSOL, Ivan Valente, e outro pelo deputado Henrique Fontana (PT). O objetivo dos deputados é se reunir na próxima terça-feira (19) com Maia para tratar do assunto. 

Na semana que vem, a oposição vai definir outras linhas de atuação para manter acesa a crise no governo. No Senado, o líder da oposição, Randolfe Rodrigues (Rede), disse que os partidos também vão tentar convocar Bebianno para dar explicações, informa o Estadão. 

Do outro lado, líderes no Congresso saíram em defesa de Bebianno. O apoio veio também do Palácio do Planalto. “O ministro Gustavo Bebianno é uma pessoa super dedicada ao projeto, é um homem sério, responsável, correto. Acho que essas coisas são naturais em um processo que está iniciando”, disse o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM).

A maior crise enfrentada pelo governo Bolsonaro em menos de dois meses de mandato pode trazer consequências à principal pauta de interesse dos agentes econômico, a reforma da Previdência. “[O caso] Pode ter custo reputacional elevado, de tal modo que podemos ter efeito que parece ser quase automático de diminuir o poder de arbitragem na Previdência”, afirmou Rafael Cortez, da Tendências Consultoria Integrada em entrevista ao InfoMoney.

Além disso, o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir, disse ao Estadão que Bolsonaro não tem hoje uma base no Congresso para aprovar a reforma. Waldir declarou que, para garantir governabilidade a Bolsonaro, os parlamentares querem participação no governo com cargos e emendas.

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“Hoje o que tem é o apoio de alguns grupos temáticos em relação a alguns assuntos”, disse o deputado, fazendo referência às bancadas ruralista, evangélica e da segurança pública. O líder do PSL negou, no entanto, que os aliados de Bolsonaro queiram fazer uma “troca” para votar a reforma da Previdência.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.