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SÃO PAULO – O Ibovespa ignorou o movimento positivo em Wall Street e fechou em queda nesta sexta-feira (15) em movimento de ajuste da euforia da véspera com o otimismo com alguns pontos da proposta de reforma da Previdência escolhidos por Jair Bolsonaro, que agradaram o mercado financeiro e foi vista como robusta.
O Ibovespa fechou com queda de 0,50%, aos 97.525 pontos, após chegar a 97.083 pontos na mínima do dia. O volume financeiro ficou em R$ 14,780 bilhões. Apesar das perdas de hoje, o índice conseguiu fechar a semana com ganhos acumulados de 2,29%, favorecido pela disparada de quinta com a reforma da Previdência.
Enquanto isso, o contrato de dólar futuro com vencimento em março teve queda de 0,55%, a R$ 3,706, ao passo que o dólar comercial fechou com perdas de 0,97%, cotado a R$ 3,7037 na venda. Com isso, a moeda encerra a semana com recuo de 0,86%.
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No mercado de juros, os contratos futuros com vencimento em janeiro de 2021 caíram 1 ponto-base, para 6,96%, enquanto os contratos para janeiro de 2023 recuaram 3 pontos-base, a 8,03%.
O tom otimista com a reforma, que deve ser encaminhada ao Congresso dentro de uma semana, perde espaço para o clima de tensão crescente no governo que traz cautela antes do fim de semana.
Vale lembrar que as denúncias envolvendo Gustavo Bebianno, ministro da Secretaria-Geral da Presidência continuam a gerar atrito na cúpula do governo e a oposição já prepara um enfrentamento para não deixar a temperatura esfriar.
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Destaques de ações
As maiores baixas, dentre as ações que compõem o índice Bovespa, foram:
Cód. | Ativo | Cot R$ | % Dia | % Ano | Vol1 |
---|---|---|---|---|---|
KROT3 | KROTON ON | 10,88 | -6,21 | +22,66 | 277,26M |
ESTC3 | ESTACIO PARTON | 29,87 | -5,20 | +25,72 | 228,72M |
MGLU3 | MAGAZ LUIZA ON | 163,97 | -3,94 | -9,15 | 163,38M |
VVAR3 | VIAVAREJO ON | 5,28 | -3,12 | +20,27 | 51,39M |
CIEL3 | CIELO ON | 10,96 | -3,01 | +23,28 | 135,29M |
As maiores altas, dentre os papéis que compõem o índice Bovespa, foram:
Cód. | Ativo | Cot R$ | % Dia | % Ano | Vol1 |
---|---|---|---|---|---|
MRFG3 | MARFRIG ON | 5,80 | +3,94 | +6,23 | 24,06M |
NATU3 | NATURA ON | 46,70 | +2,91 | +4,35 | 87,20M |
JBSS3 | JBS ON | 14,82 | +2,21 | +27,87 | 103,11M |
TIMP3 | TIM PART S/AON | 11,95 | +1,96 | +2,16 | 187,80M |
UGPA3 | ULTRAPAR ON | 57,05 | +1,84 | +7,24 | 114,05M |
As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:
Código | Ativo | Cot R$ | Var % | Vol1 | Vol 30d1 | Neg |
---|---|---|---|---|---|---|
PETR4 | PETROBRAS PN N2 | 26,84 | -0,41 | 1,72B | 1,42B | 59.699 |
VALE3 | VALE ON | 45,88 | +0,48 | 1,27B | 1,70B | 61.817 |
ITUB4 | ITAUUNIBANCOPN | 37,50 | -1,03 | 1,01B | 967,92M | 59.198 |
BBDC4 | BRADESCO PN | 46,00 | -0,65 | 694,62M | 710,22M | 33.908 |
BBAS3 | BRASIL ON | 54,81 | +0,13 | 686,98M | 614,04M | 34.574 |
ITSA4 | ITAUSA PN | 13,23 | -1,27 | 422,08M | 347,29M | 36.852 |
KROT3 | KROTON ON | 10,88 | -6,21 | 277,26M | 146,40M | 39.939 |
ABEV3 | AMBEV S/A ON | 18,49 | -0,54 | 274,72M | 461,01M | 36.925 |
USIM5 | USIMINAS PNA | 9,38 | -3,00 | 243,60M | 156,80M | 21.780 |
B3SA3 | B3 ON | 32,32 | -0,12 | 242,42M | 401,97M | 20.259 |
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) IBOVESPA
Bolsas mundiais
Os índices dos Estados Unidos operavam em alta com expectativas de que o país chegue a um acordo com a China sobre as tarifas de importação. Chama atenção a declaração do presidente Donald Trump, de “emergência nacional” para financiar o muro na fronteira com o México.
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As bolsas europeias fecharam majoritariamente em alta de olho nas reuniões entre representantes do governo norte-americano e chinês para tentar colocar fim à guerra comercial entre os países.
As bolsas asiáticas recuaram após a 7ª desaceleração seguida da inflação fomentar receios sobre uma possível deflação em decorrência do enfraquecimento da economia, enquanto investidores seguem à espera de resolução para a guerra comercial entre China e Estados Unidos.
O acordo já está sendo finalizado, segundo a Agência Estado, e pode servir de base para um pacto que os presidentes Trump e Xi Jinping finalizariam em um encontro de cúpula que seria organizado para discutir a disputa comercial entre os países. Vale lembrar que o prazo para o fim da trégua acaba em 1 de março. Se não houver acordo, os Estados Unidos elevará as tarifas para a importação de produtos chineses.
No mercado de commodities, os preços do petróleo sobem pelo quarto dia seguido e registra a maior alta semana semanal em um mês com a queda nos embarques da Arábia Saudita, que prometeu cortar sua produção, e da Venezuela, que sofre com sanções dos Estados Unidos.
Agenda econômica
O Banco Central informou que o IBC-Br, considerado uma prévia do PIB (Produto Interno Bruto), avançou 0,21% em dezembro ante novembro, na série com ajuste sazonal, e subiu 0,18% na comparação anual, para 136,27 pontos. Este é o maior patamar para o IBC-Br com ajuste desde outubro de 2015
A estimativa mediana do mercado era de estabilidade em dezembro nas comparações mensal e anual, segundo a Bloomberg.
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Reforma da Previdência e crise no governo
Bolsonaro e a equipe econômica do governo decidiram na tarde de ontem que a proposta de reforma da Previdência fixará uma idade mínima de 65 anos para aposentadoria de homens e 62 anos para mulheres, com um período de transição de 12 anos.
“A proposta acabou sendo um equilíbrio do que defendia o presidente e as ambições da equipe econômica chefiada por Paulo Guedes”, dizem os analistas da Rico, Matheus Soares e Thiago Salomão, em relatório enviado a clientes.
Depois de assinar o texto da reforma e encaminhar ao Congresso, na próxima quarta-feira (20), Bolsonaro vai fazer um pronunciamento à nação para explicar a necessidade de mudar as regras para aposentadoria no país.
A proposta ainda deve demorar uma semana para ir ao Congresso porque precisa ser avaliada por outras instâncias dentro do governo para verificar, por exemplo, se existe alguma inconstitucionalidade no texto. É possível que até sua assinatura a reforma ainda passe por alguma pequena mudança.
O governo calcula que a reforma vai permitir uma economia de R$ 1 trilhão nos próximos dez anos. Por se tratar de uma PEC (proposta de emenda constitucional), a reforma da Previdência precisa ser votada em dois turnos na Câmara e depois no Senado, com apoio de no mínimo dois terços dos deputados e dos senadores em cada votação.
Enquanto isso, a maior crise do governo Bolsonaro segue em escalada por atritos com Gustavo Bebianno, ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Ele era presidente do PSL durante a campanha de 2018 e o partido está sendo questionado pelo uso de R$ 400 mil do fundo partidário em benefício de uma candidata pouco expressiva em Pernambuco.
“Esta crise está ligada às denúncias em relação aos gastos de campanha do PSL e a um certo protagonismo do filho do presidente que, no afã de defender o pai, interferiu levando as discussões e debates em rede social que acabam sendo de domínio público, o que não é bom”, disse o vice-presidente Hamilton Mourão.
Um dos filhos de Bolsonaro, o vereador Carlos, agravou a crise ao acusar Bebianno de mentir a respeito conversas que teria tido com o presidente sobre a denúncia. Bolsonaro colocou mais lenha na fogueira ao endossar a declaração de seu filho e a pressão para a demissão de Bebianno é crescente.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, os partidos de oposição na Câmara pressionam o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM), para colocar em pauta no plenário um pedido de convocação de Bebianno. Dois pedidos já foram protocolados: um pelo líder da bancada do PSOL, Ivan Valente, e outro pelo deputado Henrique Fontana (PT). O objetivo dos deputados é se reunir na próxima terça-feira (19) com Maia para tratar do assunto.
Na semana que vem, a oposição vai definir outras linhas de atuação para manter acesa a crise no governo. No Senado, o líder da oposição, Randolfe Rodrigues (Rede), disse que os partidos também vão tentar convocar Bebianno para dar explicações, informa o Estadão.
Do outro lado, líderes no Congresso saíram em defesa de Bebianno. O apoio veio também do Palácio do Planalto. “O ministro Gustavo Bebianno é uma pessoa super dedicada ao projeto, é um homem sério, responsável, correto. Acho que essas coisas são naturais em um processo que está iniciando”, disse o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM).
A maior crise enfrentada pelo governo Bolsonaro em menos de dois meses de mandato pode trazer consequências à principal pauta de interesse dos agentes econômico, a reforma da Previdência. “[O caso] Pode ter custo reputacional elevado, de tal modo que podemos ter efeito que parece ser quase automático de diminuir o poder de arbitragem na Previdência”, afirmou Rafael Cortez, da Tendências Consultoria Integrada em entrevista ao InfoMoney.
Além disso, o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir, disse ao Estadão que Bolsonaro não tem hoje uma base no Congresso para aprovar a reforma. Waldir declarou que, para garantir governabilidade a Bolsonaro, os parlamentares querem participação no governo com cargos e emendas.
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“Hoje o que tem é o apoio de alguns grupos temáticos em relação a alguns assuntos”, disse o deputado, fazendo referência às bancadas ruralista, evangélica e da segurança pública. O líder do PSL negou, no entanto, que os aliados de Bolsonaro queiram fazer uma “troca” para votar a reforma da Previdência.