EXCLUSIVO: milionário aos 25 anos com bitcoin, Jeremy Gardner diz que moeda pode chegar a US$ 300 mil

Em entrevista, o investidor afirmou ainda que quem diz que bitcoin é bolha, "provavelmente está certo"

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – É comum ouvir hoje histórias de pessoas que investiram no bitcoin logo que ele surgiu e hoje não têm mais acesso às suas chaves das carteiras ou que venderam tudo antes do atual “boom” da moeda. Mas se tem uma pessoa que acreditou nesta tecnologia desde o início é Jeremy Gardner, o empresário pioneiro na realização de um ICO (Oferta Inicial de Moedas, na sigla em inglês) e que ficou milionário com criptomoedas aos 25 anos.

Ele já largou a faculdade duas vezes e já fez diversos trabalhos sem ganhar nenhum centavo por eles. Hoje, ele é co-fundador e Sócio da Blockchain Education Network, co-fundador da Augur e Venture Partner da Blockchain Capital e sócio da Ausum Ventures. Gardner viaja o mundo para falar sobre bitcoin e blockchain.

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Recentemente ele esteve no Brasil para participar de um evento em São Paulo e deu uma entrevista exclusiva ao InfoMoney onde ele comenta porque quis fazer um ICO quando ninguém sabia direito o que era isso. Gardner acredita que esta é uma boa ferramenta para arrecadar fundos, mas também vê um momento em que muitos projetos estão fadados ao fracasso.

Sobre as moedas, o empresário apontou algumas das que ele mais acredita que têm potencial para subir. No caso do Bitcoin, Gardner diz que quem diz que isto é uma bolha, “provavelmente está certo”, apesar disso, ele vê a moeda como o ouro digital, o que aponta um potencial do bitcoin valer mais de US$ 300.000 nos próximos 5 a 10 anos.

Confira os principais trechos da entrevista:

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InfoMoney – Você foi um dos pioneiros na realização de um ICO no mundo. O que você pensou na época e por que você decidiu usar esse mecanismo para arrecadar fundos?

Jeremy Gardner – Os ICOs eram um mecanismo de angariação de fundos muito novo e bastante debatido em 2014 e 2015. Muitas pessoas, tanto dentro como fora da indústria, argumentaram que todos os ICOs eram títulos. Mesmo a sigla “ICO” parece um “IPO”, que é para listar uma segurança!

Não era algo que queríamos fazer. Queríamos arrecadar fundos de venture capitals. No entanto, rapidamente percebemos que, para criar uma plataforma de mercado de previsão verdadeiramente descentralizada, na qual o resultado das previsões não eram determinadas por uma única autoridade ou API (pontos de falha centralizados), tivemos que criar uma solução consensual descentralizada, ou oracle. A única maneira de descobrir como descentralizar o consenso em nossa aplicação foi através de um token, que permitiu que milhares de pessoas em todo o mundo se informassem sobre o resultado dos mercados de apostas.

IM – Quais são as vantagens de levantar fundos desta forma? Você acha que todos devem fazer um ICO ou existem casos em que o ICO não é uma boa opção?

JG – Os ICOs democratizam fundamentalmente a captação de recursos e têm a capacidade de consertar o modo como as empresas são estruturadas de forma a realçar os incentivos para todos os envolvidos em uma empresa, desde os fundadores até os “acionistas”, para funcionários e clientes. Quando executado corretamente, um ICO pode resolver o problema da “galinha ou o ovo” da aquisição precoce de usuários e criar efeitos de rede naturais.

Penso que os ICO hoje não são um bom mecanismo de angariação de fundos para a grande maioria das empresas. A menos que você esteja criando um novo blockchain, um protocolo ou uma aplicação verdadeiramente descentralizada, criar um cripto token fará com que seu negócio tenha muito menos chance de ter sucesso. Os ICOs podem ser um brilhante mecanismo de captação de recursos no futuro, quando os tokens forem mais fáceis de adquirir, usar e armazenar, mas agora apresentam uma enorme barreira de entrada para qualquer consumidor usando uma tecnologia que exija estes tokens.

IM – Este “boom” dos ICOs no mundo é bom ou você acha que é perigoso e as pessoas precisam ter mais cuidado com os casos de fraude?

JG – Eu acho que o “boom” dos ICOs é bom porque está transformando muitos empresários inteligentes (embora gananciosos), investidores e consumidores dentro da tecnologia blockchain. No entanto, a qualidade dos ICOs caiu drasticamente recentemente e muitos desses novos ICOs irão falhar. E se o ICO for bem-sucedido, ainda é provável que o token emitido falhe. Os investidores precisam ser incrivelmente cuidadosos de qualquer ICO em que invistam e não devem investir em ICOs sem credores.

IM – O que você diria ao empresário que tem medo de fazer um ICO porque não conhece a tecnologia?

JG – Um empreendedor não deve fazer um ICO se não entender a tecnologia do blockchain. A tecnologia vem primeiro, o ICO vem depois (e apenas em alguns casos de uso). A aplicação de um token a um negócio por conta da realização de um ICO é uma receita garantida de falha, a menos que eles criem um token como ativo (mas o mundo não está pronto para isso ainda).

IM – Você decidiu entrar no mundo das criptomoedas há anos, e você ganhou muito dinheiro com isso. Quanto você acha que o preço do bitcoin pode atingir e por que existe tanto potencial na moeda?

JG – Acredito que o bitcoin é o ouro digital. Ele supera o ouro em todas as qualidades que fazem do ouro uma boa valia (além da fisicalidade). Se o limite de mercado do ouro exceder os US$ 7 trilhões, eu imagino que a capitalização de mercado do bitcoin deve, pelo menos, chegar a isso. Isto faria um único bitcoin valer mais de US$ 300.000. Eu poderia imaginar isso acontecendo facilmente nos próximos 5-10 anos. O ouro digital é apenas um caso de uso para bitcoin. Se conseguisse ser mais do que isso, o valor poderia ser substancialmente mais, em teoria.

IM – Você vê outras moedas com grande potencial? Quais seriam suas apostas?

JG – Há um punhado de criptoativos que estou muito otimista: REP (token de Augur, obviamente), ETH (Ethereum), XRP (Ripple), Filecoin e 0x, entre um punhado de outros que eu gosto.

IM – Você tem outros projetos que ensina e aconselha as pessoas a abraçar as criptomoedas e as tecnologias baseadas em blockchain. Fale um pouco sobre esses projetos.

JG – A Blockchain Education Network é uma organização global sem fins lucrativos que ajuda estudantes de todas as idades a ensinar, defender e inovar neste setor emergente. Meu novo fundo, Ausum Ventures, combina investimentos tanto em criptoativos quanto em ICO, bem como em startups tradicionais. É um fundo de risco com muitos atributos de um hedge fund. O objetivo, no entanto, é investir e permitir idéias e empreendedores que busquem melhorar o mundo com a tecnologia blockchain.

IM – O que você diria para aqueles que dizem que o bitcoin é uma bolha e que a tecnologia não tem futuro?

JG – Para aqueles que dizem bitcoin é uma bolha, eles provavelmente estão certos. O preço de todos os criptoativos é impulsionado principalmente pelo sentimento neste momento. No entanto, a capitalização de mercado total de todos as criptomoedas é apenas pouco maior que US$ 200 bilhões. A bolha da Internet atingiu um pico de US$ 7,8 trilhões antes de aparecer em 2000 e produziu empresas como Amazon, eBay, Google, Netflix e PayPal.

Esta é uma tecnologia global que menos de 0,001% da população mundial ainda está exposta. Qualquer correção ou explosão de bolhas não altera o fato de que a tecnologia blockchain está aqui para ficar. Aqueles que dizem que não é verdade, precisam fazer sua lição de casa.

IM – O blockchain é o futuro da sociedade?

JG – A inteligência artificial, a Internet, a realidade virtual, etc., todos serão componentes essenciais do futuro da sociedade. Da mesma forma, blockchains se tornarão uma pedra fundamental desse futuro.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.