Criptomoeda que tem lastro no dólar pode ser um grande perigo para os investidores

Hoje a 20ª maior criptomoeda do mundo, o Tether tem chamado atenção dos investidores

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Muito se fala sobre a disputa entre as criptomoedas e os bancos – ou o dinheiro “tradicional” -, mas uma das moedas digitais que mais está chamando atenção do mercado se propõe exatamente a ser uma ponte entre esses dois mundos econômicos. O Tether tem como sua principal característica ter uma paridade de 1 para 1 com o dólar americano, mas será que isso dá certo?

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Sob a sigla USDT, o tether é um token criado no Omnilayer, uma plataforma que permite a criação de ativos usando o blockchain do bitcoin. A empresa responsável, também chamada Tether, tem sede em Hong Kong e criou este token com a ideia de dar uma maior estabilidade e segurança ao mercado de criptomoedas, mantendo sempre um lastro no dólar.

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Basicamente, o investidor abre sua conta e investe um valor, por exemplo US$ 50. A companhia vai receber este dinheiro e emitir os seus 50 tether, que serão depositados na conta do usuário. Diante disso, a ideia é que a empresa tenha em reservas este valor já recebeu dos clientes para fazer a emissão. Então, quando alguém quiser sacar seu dinheiro, a companhia deposita seus dólares de volta conforme você envia seus tokens para eles.

O objetivo principal do tether é facilitar as transações entre trocas de criptomoedas com uma taxa fixada ao dólar, permitindo que os traders aproveitem oportunidades de arbitragem com alta velocidade, sem precisarem depender de transferências bancárias, que são muito mais lentas.

Com isso, o token tem chamado cada vez mais atenção ao facilitar transações para quem está dentro do mercado de moedas digitais, podendo transferir suas quantias de forma mais rápida e com maior facilidade. Atualmente, o Tether é a 20ª maior criptomoeda em valor de mercado.

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Mas nem tudo é uma maravilha
A grande questão é que existe uma série de polêmicas envolvendo o tether, em especial o fato da empresa precisar ter uma reserva igual a quantidade de tokens emitidos. Na última semana, a Weiss Ratings, principal agência de classificação de ativos independente de instituições financeiras norte-americana, publicou um um relatório intitulado “The Danger of Tether” (O Perigo do Tether).

Nele, a agência alerta para a falta de uma auditoria clara dentro da empresa e a possibilidade de não existirem dólares suficientes para cobrir todos os tethers já emitidos. Segundo o relatório, nunca houve uma análise clara do sistema que mostrasse que a Tether Limited, empresa que emite os tokens USDT, possui os dólares equivalentes aos tokens emitidos. Atualmente são 2,2 bilhões de tether em circulação.

“O grande problema é que nunca houve uma auditoria, e as pessoas que estão por trás do Tether têm diso bastante evasivas quando questionadas. Eles afirmam que seues tokens são apoiados 100% em dólar, mas eles não apresentaram qualquer evidência para apoiar isso”, diz o relatório da Weiss.

A agência ainda levanta outras questões, como o fato do tether ser a única criptomoeda com volume de negócios que frequentemente excede o seu valor de mercado, o que significa que todo o fornecimento de tether muda de mãos regularmente, às vezes mais do que uma vez por dia.

Por fim, ainda há uma importante questão: o CEO da Tether é o mesmo da Bitfinex, uma das maiores exchanges do mundo. Ou seja, a mesma pessoa por trás do token, também tem interesses negociando criptomoedas, o que aumenta o risco de fraudes para interesses próprios. Este alerta já foi dado pelo especialista da XP Investimentos, Fernando Ulrich, em seu canal (clique aqui para ver).

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.