Analista que previu desvalorização do real agora vê recuperação

A estrategista para América Latina da RBC Capital Markets LLC projeta que o dólar será negociado ao redor de R$ 3,70 pelo resto do ano

Bloomberg

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No começo do ano, quando o cenário ainda parecia ser positivo para o Brasil, Tania Escobedo era uma das poucas pessimistas com o real. Após ter previsto corretamente a desvalorização da moeda no início deste ano, a analista acredita que o mercado pode estar pessimista demais e vê uma pequena recuperação adiante.

A estrategista para América Latina da RBC Capital Markets LLC projeta que o dólar será negociado ao redor de R$ 3,70 pelo resto do ano, após a moeda ter passado boa parte do último mês em um patamar mais desvalorizado, entre R$ 3,79 e R$ 3,95.

O nível de R$ 3,70 é “sustentável e justo”, diz ela, dadas as incertezas em relação à política econômica do próximo governo e ao cenário externo desafiador para os mercados emergentes, à medida que as tensões comerciais entre Estados Unidos e China aumentam. Seu call de recuperação da moeda brasileira até o fim do ano não é baseado em nenhuma melhora forte no cenário já que há eleições no caminho, mas sim um alívio baseado no posicionamento dos traders.

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“Ainda há um forte interesse de compra que pode impulsionar uma recuperação, desde que não haja uma reversão no sentimento geral de risco”, disse ela de Nova York.

O real enfraqueceu cerca de 12% este ano, o pior desempenho entre as principais moedas do mundo, por conta da falta de clareza política, das previsões de crescimento mais fracas e do cenário adverso para os mercados emergentes. Além disso, os candidatos favoritos do mercado para a presidência estão para trás nas últimas pesquisas de intenção de voto da eleição de outubro e a agenda econômica do governo está praticamente paralisada, pesando ainda mais sobre a lenta recuperação da economia.

Enquanto Escobedo estava entre as poucas que previram a queda do real no início deste ano — a tornando a analista mais precisa para a moeda no primeiro e segundo trimestres –, desta vez o mercado está em linha com ela. O consenso atual é que o dólar subirá para R$ 3,83 até o final do terceiro trimestre e, em seguida, voltará a R$ 3,70 até o final do ano, de acordo com pesquisas da Bloomberg.

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Alguns, como o Bank of America Merrill Lynch, são mais pessimistas. O banco, que classifica o Brasil entre os “três frágeis” mercados emergentes, juntamente com a África do Sul e a Turquia, prevê que o dólar poderia chegar a R$ 5,5 em seu pior cenário, no qual o próximo presidente teria uma agenda hostil ao mercado.

Escobedo diz que é improvável que o dólar sequer se sustente num patamar de R$ 4, já que nesse nível o real seria considerado barato por muitos investidores. Esse é um nível psicológico chave, alcançado pela última vez em 2016 em meio à turbulência política que culminou com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Overshoots podem acontecer, ela diz, mas provavelmente serão temporários, e é improvável que levem o BC a aumentar os juros.

Para o próximo ano, a RBC prevê que o dólar caia para R$ 3,63 no primeiro trimestre, chegando a R$ 3,45 no final de 2019.