7 possíveis candidatos à presidência em 2018 que se parecem com os de 1989, segundo o Credit Suisse

Bolsonaro é comparado a Enéas, Lula é comparado a ele mesmo, enquanto Alckmin é comparado a Covas, conforme relatório do banco suíço

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Fim de ano chega e, com ele, diversos relatórios de grandes bancos sobre o que esperar para a economia de diversos países para o próximo ano. No caso brasileiro não é diferente e, desta vez, os relatórios sobre as perspectivas econômicas também dão grande destaque para as eleições presidenciais. 

Um dos bancos a traçar esse cenário foi o Credit Suisse, que traçou um cenário sobre as eleições do ano que vem e as suas perspectivas econômicas em relatório recente.  Os economistas Nilson Teixeira, Iana Ferrão, Leonardo Fonseca e Lucas Vilela apontaram que previsibilidade sobre o resultado da eleição para presidente permanecerá baixa enquanto não forem definidos os candidatos e formadas as coligações partidárias, o que deve ocorrer até agosto de 2018. 

Os economistas do banco preveem um crescimento do PIB de 2,5% em 2018 e de 2,3% em 2019, com a retomada do consumo e dos investimentos. Contudo, apontam que a eleição para a presidência em 2018 constitui-se em um importante risco para o desempenho da economia. “Uma grande vantagem de um candidato não comprometido com a necessidade de ajuste fiscal nas pesquisas eleitorais em meados de 2018 tende a gerar uma expressiva deterioração das condições financeiras no País, com impacto negativo sobre o crescimento da economia. Essa incerteza também tende a influenciar negativamente a dinâmica dos investimentos”, avaliam.

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Conforme destaca o Credit Suisse, haverá, provavelmente, um número elevado de candidatos à Presidência em 2018, o que torna ainda mais incerto não apenas o resultado da eleição, mas também o nome daqueles que irão para o segundo turno.

E não é só o grande número de candidatos que pode tornar o cenário similar ao de 1989. Em um dos slides da apresentação, o Credit Suisse destacou algumas similaridades entre alguns candidatos que se candidataram em 1989 e outros que devem se candidatar em 2018. Vale destacar que, nesta lista, aparecem João Doria, que vem negando sua candidatura à presidência, e o apresentador global Luciano Huck, que em artigo na Folha de S. Paulo negou que vá ser candidato nas próximas eleições. Confira abaixo possíveis candidatos (e as comparações feitas pelo Credit):

1. Lula de 2018 X Lula de 1989

Em primeiro lugar, os economistas do Credit comparam o Lula de 2018 ao próprio petista, em sua versão de 1989. “Em 1989, Luiz Inácio Lula da Silva disputou as eleições com um discurso fortemente de esquerda. Em 2002, foi eleito com um discurso bem moderado”, lembram os economistas.

Contudo, ressaltam que o discurso que o pré-candidato Lula tem feito nas caravanas pelo País lembra os da campanha de 1989. Em suas falas, por exemplo, o petista tem afirmado que, se for eleito, revogará as medidas aprovadas durante o governo Temer e que tanto animaram a bolsa.

2. Geraldo Alckmin X Mário Covas 

Já Geraldo Alckmin, o provável candidato do PSDB, é comparado a Mário Covas, que também foi governador paulista. “Covas tinha governado São Paulo com um discurso de conciliação nacional e era indicação de consenso dentro do partido para disputar a Presidência da República. Alckmin, atual governador de São Paulo, também será a indicação da quase totalidade do PSDB para a disputa da Presidência”, apontam os economistas.

Segundo apontam os economistas, a campanha do tucano defenderá, provavelmente, que, como político muito experiente, será capaz de superar a polarização existente no País. Vale ressaltar que Alckmin foi vice-governador de Covas eentre 1995 e 2001. 

3. Jair Bolsonaro X Enéas Carneiro

Já o deputado Jair Bolsonaro é relacionado ao antigo candidato do PRONA, Enéas Carneiro, que faleceu em 2007. Conforme destaca o Credit Suisse, Éneas Carneiro era visto como autoritário e sua campanha defendia o restabelecimento da ordem. “Além disso, defendia supostos valores da família tradicional e questionava interesses internacionais na demarcação de reservas na Amazônia. O candidato criticava a exportação de nióbio a preço muito baixo, em vez de usá-lo para desenvolver a indústria”, afirma. Assim, algumas bandeiras de Enéas têm sido associadas também a Bolsonaro, que já manifestou que Enéas teria sido uma de suas maiores influências na política.

Em 1989, a campanha de Enéas tinha 15 segundos em cada bloco do horário eleitoral na TV e, caso Bolsonaro seja candidato pelo PEN/Patriota – que, sem formalizar aliança com outro partido, também terá pouco tempo de exposição na TV, tendo direito a apenas cinco segundos em cada bloco do horário eleitoral.  

4. João Doria X Collor

O prefeito de São Paulo tem negado que irá se candidatar e manifesta apoio constantemente a Alckmin. Contudo, ele está nos cenários destacados pelo Credit Suisse. Doria é comparado, aliás, ao ex-presidente Fernando Collor – o banco relaciona os dois ao destacar que o alagoano tinha grande capacidade de comunicação e mantinha presença constante na imprensa antes da campanha, além de ter conseguido se posicionar como político avesso
à corrupção e alguém que defendia a sociedade. Collor foi candidato em um cenário de rejeição aos políticos mais tradicionais.

“Doria apresentou um discurso sustentado em ser um gestor, e não um político. Desde que se elegeu prefeito de São Paulo, Doria também manteve uma forte presença na mídia, ressaltando as críticas ao PT”, apontam os economistas.

5. Luciano Huck e Silvio Santos

Este é mais um caso de alguém que vem negando a sua candidatura, mas que está nos cenários apontados pelo Credit. Trata-se do apresentador global Luciano Huck, que é comparado ao apresentador e dono do SBT Silvio Santos.

Em 1989, o PMB (Partido Municipalista Brasileiro) lançou a candidatura de Silvio Santos um mês antes das eleições. Apesar da forte repercussão, a candidatura foi barrada pela Justiça Eleitoral. “Do mesmo modo, Luciano Huck, também empresário e popular apresentador de TV, tem recebido, supostamente, ofertas de vários partidos para ser candidato à Presidência nas eleições de 2018”, afirma o relatório. Dentre as legendas, PPS e DEM cortejaram o apresentador. Huck tem negado candidatura, mas vale ressaltar: segundo a coluna Radar Online, da Veja, informa que, apesar de ter anunciado sua desistência, Huck ainda não descartou disputar a presidência totalmente. Segundo a coluna, o apresentador confidenciou a um tucano que, se nenhum candidato fizer frente a Lula e Jair Bolsonaro até abril, “ele larga tudo e concorre”. Os dois nomes estão na dianteira das últimas pesquisas eleitorais. 

6. Marina Silva e Fernando Gabeira

Mais conciso neste tópico, o Credit Suisse compara a candidatura de Fernando Gabeira em 1989 à de Marina Silva, apontando que os dois defendem a proteção do meio ambiente. Vale ressaltar que Marina Silva já foi do PV (Partido Verde), legenda pela qual Gabeira se candidatou à presidência em 1989. 

7. Ciro Gomes X Leonel Brizola

O Credit aponta que Ciro Gomes tem um discurso com viés aparentemente mais nacionalista, similar ao defendido por Leonel Brizola nas eleições de 1989. Além disso, assim como Ciro Gomes, Brizola também foi candidato pelo PDT. 

 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.