Diferença entre Selic e juros cobrados de consumidor chega a quase 2.000%; veja taxas

A Selic foi reduzida em 0,25 ponto percentual e recuou de 6,75% ao ano para 6,50% aa

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, conforme já era esperado pelo mercado financeiro, cortou a taxa básica de juros mais uma vez, renovando seu menor patamar histórico. A Selic foi reduzida em 0,25 ponto percentual e recuou de 6,75% ao ano para 6,50% aa.

Diante do novo patamar, alguns bancos já anunciaram taxas menores também em suas linhas de crédito, mas as reduções dificilmente acompanham o mesmo ritmo da Selic, especialmente porque as taxas cobradas dos consumidores sempre foram muito acima da taxa básica de juros. A taxa do rotativo do cartão de crédito, por exemplo, já superou facilmente os 400% em outros momentos da economia brasileira.

A discrepância é tão grande que, mesmo com as reduções esperadas para todos os tipos de linhas de crédito, a taxa média que deve ser cobrada das pessoas físicas será 1.960% acima do patamar de 6,50% da Selic, atingindo 133,70%, segundo projeções da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).

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Veja a estimativa feita pela Anefac dos efeitos do corte da Selic nas operações de crédito mais comuns: 

Linha de crédito Taxas cobradas com Selic em 6,75%

no mês / no ano

Taxas cobradas com Selic em 6,50%

no mês / no ano

Variação

no mês / no ano

Juros do comércio 5,44% / 88,83% 5,42% / 88,40% -0,37% / -0,48%
Cartão de crédito 12,67% / 318,50% 12,65% / 317,61% -0,16% / -0,28%
Cheque especial 12,18% / 297,18% 12,16% / 296,33% -0,16% / -0,29%
CDC – financiamento de veículos 1,97% / 26,38% 1,95% / 26,08% -1,02% / -1,13%
Empréstimo pessoal em bancos 4,22% / 64,22% 4,20% / 63,84% -0,47% / -0,59%
Empréstimo pessoal em financeiras 7,50% / 138,18% 7,48% / 137,65% -0,27% / -0,38%
Taxa média para pessoa física 7,33% / 133,70% 7,31% / 133,18% -0,27% / -0,39%

Fonte: Anefac

De acordo com o assessor de investimentos Pier Mattei, sócio da Monte Bravo, a margem elevada entre os juros básicos e as taxas cobradas pelos bancos em linhas de crédito – o spread – ajudam a entender como os grandes bancos conseguiram manter lucros vultuosos mesmo na pior recessão da história do país, período conhecimento também como os últimos dois anos. 

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Mattei acredita que as taxas cobradas no crédito ao consumidor caiam ao longo dos próximos anos – se mantida a Selic em níveis baixos – quando a inadimplência recuar. “A inadimplência ainda é alta e os bancos estão receosos com isso. Como consequência disso, eles ainda estão restritivos ao crédito e a concessão está mais lenta”, explica. 

Segundo dados do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) e CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), o número de brasileiros com contas atrasados ou algum tipo de restrição ao crédito voltou a subir em fevereiro, após um período de ligeira estabilidade.  

No mês passado, 61,7 milhões de pessoas estavam inadimplentes, ou seja, 40,5% dos brasileiros entre 18 e 95 anos estavam popularmente com o “nome sujo”.

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