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SÃO PAULO – Sair da poupança e começar a investir só traz benefícios. É seguro e você consegue obter mais rentabilidade. Entre os receios que as pessoas têm durante essa transição, um deles paira sobre a dúvida: é possível investir mesmo endividado?
Em linhas gerais, pagar as dívidas é prioridade, principalmente tipos com juros muito altos e que comprometam o fluxo de caixa, como cheque especial, rotativo do cartão de crédito e crédito pessoal com juros abusivos.
Mas é importante compreender quais tipos de dívidas estão em pauta. Isso porque há uma condição em que é possível aplicar seu dinheiro mesmo com algum débito.
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“Investir e possuir dívida ao mesmo tempo pode ser viável apenas se o endividamento cobrar taxas de juros inferiores às taxas de retorno dos investimentos e quando os prazos e valores de ambos forem proporcionais”, diz Mariana Paulon, planejadora financeira pessoal.
Outra possibilidade, segundo ela, é quando o parcelamento da dívida representar considerável alívio no fluxo de caixa para elevar o potencial de poupar no médio e longo prazo.
É verdade que geralmente a taxa de juros que se ganha com o investimento não é maior do que a que se paga em empréstimo, cartão de crédito, entre outros, segundo explica Carol Sandler, educadora financeira e criadora do canal Finanças Femininas.
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“Vale a pena [continuar investindo] se conseguir um financiamento imobiliário, com uma taxa baixíssima e inferior a dos seus investimentos, por exemplo. Se não, é como tentar encher um balde com uma peneira – a velocidade que a água vaza é sempre maior do que a que você coloca ali”, exemplifica.
Por exemplo, hipoteticamente se uma pessoa contrata um financiamento imobiliário com juros anuais de 9% mais a taxa referencial (TR) e tem seu dinheiro em uma aplicação pré-fixada de renda fixa de longo prazo que supere essa taxa ao ano, ele estará ganhando mais no investimento do que pagando de juros no financiamento. O que permite ser um “investidor endividado”.
Com a Selic em 6,5%, dificilmente um investimento feito hoje vai remunerar o investidor em mais de 9% ao ano. É uma situação que depende do momento econômico do país.
Ainda assim, se a pessoa investiu em um título pré-fixado no passado que pague 12% ou 13%, por exemplo, a matemática já é válida: é menos vantajoso sacar esse dinheiro.
Sandler acredita que as pessoas enxergam o dinheiro de forma segmentada e que isso dificulta a organização do fluxo de caixa e do planejamento financeiro. “Muita gente ainda olha para o pagamento de dívida com ‘dor’: pensa que o dinheiro que está guardado é para um objetivo, e por isso fica separado para pagar a faculdade do filho, por exemplo. E o dinheiro da dívida é um outro dinheiro, mas na verdade não existe isso. É tudo a mesma coisa”, diz.
A sua receita mensal é um pacote e cabe a você organizar o destino de cada parte dessa quantia – e redirecionar caso um imprevisto (ou uma dívida) apareça. “Se sua dívida cresce mais rápido do que os seus rendimentos vindos dos investimentos, é melhor tirar aquele dinheiro que está guardado por e quitar a dívida de vez. É cortar o problema pela raiz e depois volta a guardar dinheiro. É um ciclo, pode acontecer com qualquer pessoa”, explica a educadora financeira.
Paulon acredita que o planejamento financeiro é crucial justamente porque tem a função de encontrar o ponto de equilíbrio entre as entradas e saídas de capital no fluxo de caixa da família e os respectivos impactos no orçamento, no curto, no médio e no longo prazo.
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