Crescer com criatividade: líder no mercado de refeições coletivas reforça presença internacional

Primeira multinacional genuinamente brasileira no segmento de restaurante corporativo, a Sapore deve muito de seu sucesso à criatividade e ao compromisso que a empresa assumiu em termos de qualidade. Fundada em 1992 por Daniel Mendez, a empresa viu seus resultados positivos darem um salto após os Jogos Olímpicos Rio 2016, período em que a Sapore cuidou da alimentação de 25 mil atletas e integrantes de delegações de 200 países, servindo mais de 70 mil refeições por dia em três restaurantes – o principal deles com o tamanho de quase 3 campos de futebol. Somado à participação nos Jogos Paralímpicos, chegou-se a um custo de operação de R$ 160 milhões, que graças à eficiência registrada ficou abaixo da estimativa inicial – R$ 210 milhões.

Para Daniel Mendez, esse evento deixou a companhia muito mais fortalecida e “armada” para as dificuldades que vieram depois, como a crise econômica que o Brasil vem enfrentando nos últimos anos. “Passamos por duas grandes crises, mas tivemos tranquilidade e excelência para crescermos em faturamento Daniel Mendez, presidente da Sapore quase 20%, quando o restante do mercado encolhia.” Após a primeira crise, em 2008, que atingiu muitos países do mundo, a Sapore conseguiu se reerguer. Em 2012, teve seu maior crescimento, quando a receita líquida passou de R$ 900 milhões para R$ 1 bilhão, tornando- se a maior do segmento na América Latina, segundo o empresário.

Em termos de gestão, a Sapore cresceu graças a pilares construídos ao longo dos anos, como diversificação de serviços e treinamento de funcionários com inovação, para motivar e reduzir a rotatividade. Um exemplo eficaz dessa mudança e da superação de desafios foi o programa Escola Sapore, implantado em maio de 2015. Desde a Copa do Mundo, em 2014, a empresa vem investindo nesse projeto, que custou R$ 5 milhões. Utilizando a linguagem da teledramaturgia, foi criada uma novela online para transmitir os processos de qualidade e capacitar os gestores que, por sua vez, retransmitem os conceitos às equipes. Criou-se, então, um treinamento em que primeiramente os gerentes assistem a uma novela, com 60 episódios de sete minutos cada retratando cinco personagens que têm de lidar com diversas situações e apresentar procedimentos de um ambiente de restaurante.

Chamada Supertime, a novela passou a ser utilizada pelos treinadores em uma plataforma online, junto com uma cartilha e, às vezes, uma fotonovela. Só depois de o gerente assistir ao vídeo e acertar 75% das respostas em uma prova, ele pode repassar o conteúdo à equipe. Os colaboradores assistem ao vídeo em até 15 minutos, no próprio restaurante, e depois passam por provas em que têm de aplicar a mesma situação na realidade. Desde o início da novela os mesmos funcionários passaram a preparar 12% mais refeições. A rotatividade e o absenteísmo também melhoraram, reduzindo 35% e 49%, respectivamente, desde a implantação.

Hoje em dia, a empresa está ampliando seu leque de ações, não somente no segmento corporativo de restaurantes, mas também em eventos, hotelaria, casas de shows como Credicard Hall (SP), Teatro Renault (SP), Km de Vantagens Hall (RJ e Belo Horizonte-MG), além de projetos para o Lollapallooza 2018. A Sapore está expandindo ainda mais sua atuação na América Latina. Atualmente presente no Brasil, México e Colômbia, a companhia vai começar a operar na Argentina e no Paraguai até o fim do ano. E o presidente idealiza cada vez mais projetos. Já existe negociação com uma grande empresa europeia para expansão do fornecimento. “Estamos ampliando para outras divisões, como lojas de rua, distribuição e abastecimento, com intenção de estender negócios para restaurantes, bares e hotéis”, diz o empresário.

O segmento premium também é um dos focos da empresa. A Sapore possui uma fábrica em Juiz de Fora (MG) especializada em cozinha sous-vide – técnica de cozinhar em sacolas plásticas, seladas a vácuo, em baixas temperaturas, por um tempo maior que o tradicional. O objetivo do método é manter a integridade do alimento, evitando a perda de umidade e sabor. “Isso tem gerado resultados excepcionais para os restaurantes, propagando nossa gama de serviços e aprimorando ainda mais nossa expertise”, garante Mendez. O grande desafio hoje, para o presidente, é saber como lidar com o produto “cozinha industrializada” sem perder o sabor e o diferencial, conseguindo gerir o preconceito que muitas vezes essa alimentação produz nas empresas e mantendo a fidelidade dos clientes com cardápios personalizados. “Hoje temos uma fidelidade de 97% entre nossos clientes e pretendemos chegar a 100%”, conclui.

*Esta reportagem foi originalmente publicada na edição de número 65 da revista LIDE, em 01/11/2017.