Contra o retrocesso: empresário lidera movimento com agenda liberal na economia

Movimento Brasil 200 quer influir nas eleições deste ano em nome de uma agenda liberal

Equipe InfoMoney

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O empresário Flávio Rocha está indignado com o rumo que as eleições de 2018 estão tomando. Para ele, o País estava até seis meses atrás no caminho de seguir países como Argentina, Chile e Peru, que rejeitaram governos de tendência socialista e partiram para reformas liberais e antiestatizantes. O curso eleitoral, no entanto, ficou bem mais incerto recentemente. O presidente da Riachuelo transformou esse sentimento em ação e liderou a formação de um movimento que, em menos de apenas três semanas, conseguiu reunir 170 mil apoiadores no Facebook e tem lotado auditórios pelo País. O movimento batizado de Brasil 200 já teve manifestações em 18 Estados e conseguiu a adesão de nomes influentes do empresariado, como Alberto Saraiva (Habib’s), Edgard Corona (Grupo Bio Ritmo), Sonia Hess (Dudalina) e o publicitário Roberto Justus, além de integrantes de entidades como o Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV).

O nome escolhido é uma referência aos 200 anos da Independência, que coincidirá em 2022 com o fim do mandato do próximo presidente. O movimento foi apresentado inicialmente em Nova York, em janeiro, durante a maior feira de varejo do mundo, a NRF (National Retail Federation), e teve lançamento em Natal (RN), em fevereiro. Rocha diz que a agenda está repleta e sua programação de apresentações incluía cidades como Cuiabá, Fortaleza, Salvador e Belo Horizonte.

É quase consenso que as eleições de 2018 devem estar entre as mais imprevisíveis da história política recente. Um dos fenômenos que têm marcado o pleito é justamente o surgimento de movimentos que são independentes de partidos e pregam renovação na política nacional. O Brasil 200 se soma a iniciativas como o RenovaBR, o Agora! e a Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (Raps). “O Brasil 200 foi uma descoberta em termos de formato. Está se revelando um verdadeiro fenômeno de comunicação e das mídias sociais. Acho que isso se deve ao fato de ele não ter vinculação com nenhuma campanha. Isso abre portas para uma interlocução aberta com todos os projetos políticos, com todos os partidos, em busca de preencher uma inexplicável lacuna, um inexplicável vácuo no cenário político hoje”, diz Rocha.

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O vácuo a que se refere é a da falta de um candidato que reproduza, como aconteceu em 2016, a grande rejeição à esquerda e à visão estatizante e intervencionista. “Seria um liberal na economia para combater esse estatismo destrutivo, e um conservador nos costumes. Dentro do cenário que está aí não se apresenta esse que é um candidato óbvio. Seria realmente um contraponto a esse ciclo que nós queremos encerrar, de triste memória.” Entre os princípios do movimento estão a diminuição do Estado, o combate à corrupção, um mandato presidencial de cinco anos sem reeleição e o voto eletrônico com comprovante em papel e auditoria externa.

Ainda que a fase inicial do Brasil 200 tenha sido liderada por pesos-pesados do mundo corporativo, Rocha enfatiza que esse não é um movimento empresarial. “Pelo contrário, é um movimento dos que produzem, dos que puxam a carruagem, que se rebelam contra esses que se apropriaram do Estado em benefício próprio. É dos 98% da população que produzem, suam a camisa, investem, trabalhadores e empregados que se rebelam contra uma aristocracia burocrática que não representa nem 2% da população economicamente ativa do Brasil, mas que se apropriou do Estado.” O empresário não tem mais palavras para descrever o temor sobre a volta à agenda de governos passados: “Eles se valem de um mecanismo sórdido de dividir para governar. É a tática do nós contra eles. Patrão contra empregado, rico contra pobre, negro contra branco, Nordeste contra o Sudeste, MST contra o produtor rural. Tentam acirrar os conflitos, no velho processo do nós contra eles. O conflito que nós enxergamos não é nenhum desses.”

*Esta reportagem foi originalmente publicada na edição de número 68 da revista LIDE, em 19/03/2018.