Stone x PagSeguro: o que Warren Buffett viu na próxima maquininha brasileira a abrir capital nos EUA

Diferentemente da empresa das moderninhas, a Stone já nasce com uma proposta de negócio diferente do "arroz com feijão" do mercado

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – Nesta semana, a empresa brasileira de maquininhas Stone tornou-se assunto mundial ao entrar no radar do megainvestidor Warren Buffett com a iminência de sua oferta pública inicial de ações (IPO) na bolsa de Nasdaq, nos Estados Unidos. A companhia de André Street espera captar US$ 1,1 bilhão na estreia, que também já conta com participação garantida das já acionistas T. Rowe Price e Madrone.

A notícia se espalha em meio a uma enxurrada de novidades no mercado de pagamentos brasileiro e crescimento acelerado da concorrente PagSeguro, cujas ações são listadas na bolsa de Nova York. O papel da dona da Moderninha inclusive se beneficia da novidade e já saltou 10% desde a demonstração de interesse da Berkshire nos papéis da concorrente.

O que é que a Stone tem

Dadas as circunstâncias brasileiras, principalmente o cenário de incerteza eleitoral, o mercado se pergunta de onde veio o interesse da Berkshire Hathaway, uma das firmas de investimento mais prestigiadas do mundo, em adquirir cerca de um terço das ações classe A da companhia – e possivelmente fazer dela a maior posição de Buffett em uma empresa brasileira.

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A resposta pode estar onde, segundo fontes do mercado, a maior parte das brasileiras de meios de pagamento talvez tenha errado: inovação verdadeira.

Para uma fonte do setor, a Stone foi a primeira empresa dentre as novas entrantes no mercado de adquirência brasileiro a realmente trazer ferramentas diferenciadas aos clientes. Em geral, as demais companhias da indústria começaram trazendo pura e simplesmente um preço mais baixo pelo “arroz com feijão”, para só agora estar começando a se igualar aos players tradicionais em tecnologia.

Um exemplo de inovação trazida pela Stone é a customização completa. Para cada ramo do varejo, a solução traz serviços diferentes nas frentes de onboarding, integração com a plataforma de loja, conciliação, monitoramento e disponibilização de dados. Tudo isso é moldável conforme o uso, e todas as taxas, inclusive o aluguel, também são negociadas de acordo com o modelo de vendas do cliente.

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Outro diferencial vendido pela empresa é o atendimento no pós-venda. Comerciantes clientes da Stone podem entrar em contato com a credenciadora através de atendimento online, via Messenger ou e-mail, além do telefone. A rapidez na substituição de máquinas com defeito também é elogiada por usuários.

A viabilidade desse modelo personalizado se apoia no formato pulverizado de vendas da companhia, que hoje processa 5,4% das transações de cartões no Brasil. Colocar vendedores “nas ruas” para distribuir maquininhas ativamente foi a grande sacada. Já há quase 200 hubs de vendas da empresa no país.

PagSeguro

Em termos de inovação, o executivo do setor, que já trabalhou em empresas como Rede e Cielo, é especialmente crítico à PagSeguro, apesar de seus méritos.

“No fundo o que a PagSeguro fez? Pegou a sucata do nada do que ninguém queria mais de jeito nenhum e criou a Minizinha. O que é a Minizinha? Ela é 2G [quando outras maquininhas já eram 4G], não funciona, é uma desgraça”, detona o especialista.

“Mas eles venderam que agora o cliente é livre, porque pode comprar seu equipamento”, diz, admitindo que a companhia foi capaz de acabar com o medo de pequenos comerciantes de terem suas próprias maquininhas de pagamento. “Dez anos atrás, você ia na padaria para comprar pão e leite – você saía com o dinheiro contado. Hoje, o ticket médio de uma padaria, com o cartão, é 50 reais”, compara. “Este movimento, que a PagSeguro está trazendo, é o que eu quero. Na hora que você põe o cartão, a ineficiência acaba”, diz.

Ainda sobre o negócio da empresa do Grupo Folha, o especialista afirma que a chegada da Moderninha Pro já traz tecnologias equiparáveis à evolução do restante do mercado, e a mais jovem Smart, anunciada nesta semana, é um verdadeiro diferencial. “Você está vendendo uma maquininha inteligente a 69 reais [em 12 vezes], que é bem barato”, destaca.

Com acesso a um sistema operacional móvel, usuários da Moderninha Smart trazem justamente o que a Stone busca em seu core business: gestão de negócio. Isso a preços e formatos mais acessíveis que os trazidos pela LIO, da Cielo. Além disso, a possibilidade de tomar empréstimos diretamente através da maquininha traz uma conveniência que, provavelmente, muitas empresas ainda irão buscar.

Entre a solução que traz gestão personalizada de fábrica e aquela cuja customização parte do próprio usuário, o mercado vai escolher sua preferência. O que está certo é uma coisa: a guerra das maquininhas está cada vez mais séria.

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney