Credit Suisse eleva preço-alvo de ação de olho no longo prazo

Aquisições permitirá que a capacidade de abate da Minerva cresça 52%, para 26.380 cabeças por dia

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – O Credit Suisse reiterou sua avaliação outperform (acima da média do mercado, o equivalente a compra) para as ações da Minerva (BEEF3) após a companhia informar que comprará todos os ativos de carne da JBS na América Latina, exceto no Brasil, o que basicamente compreende os ativos no Uruguai, no Paraguai e na Argentina.

 O preço-alvo foi elevado de R$ 13 para R$ 15, valor 26,6% acima do fechamento de quinta-feira (8), e o Credit Suisse acredita que o investimento é para longo prazo.

 Na terça-feira (6), a JBS comunicou que, diretamente e por meio de sua controlada JBS Handels GmbH, celebrou um acordo para venda de todas as ações de suas subsidiárias detentoras das operações de carne bovina na Argentina, Paraguai e Uruguai para sociedades controladas pela Minerva – Pul Argentina, Frigomerc e Pulsa – por US$ 300 milhões.

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 A transação foi aprovada por unanimidade pelo Conselho de Administração da JBS e está condicionada a condições precedentes usuais em operações dessa natureza, incluindo a aprovação pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

 O Credit Suisse destaca que a capacidade de abate da Minerva crescerá 52%, para 26.380 cabeças por dia. Por isso, o preço-alvo foi elevado de R$ 13 para R$ 15.

 A conclusão do negócio deve acontecer em 1 de julho, quando a Minerva pagará 90% dos US$ 300 milhões em dinheiro, enquanto o restante será retido por seis meses, enquanto se espera que o processo no Cade seja concluído. “Estimamos que os múltiplos de pré-sinergias são 5.6x EV/ebitda”, afirma o analista Victor Saragiotto.

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 O analista ainda destaca a redução nos impostos sobre as exportações de carne bovina na Argentina levaram a um número crescente de vacas colocadas para reprodução em 2015 e 2016, o que deve levar a um cenário mais favorável para os consumidores a partir de 2019.

 “Como resultado, ainda esperamos um cenário desafiador para os consumidores de carne na Argentina até o final de 2018, com margens persistentemente baixas devido a baixas taxas de utilização e altos preços do gado”, avalia.

 Com a aquisição das unidades da JBS, o Credit Suisse espera que a Minerva gere um fluxo de caixa de R$ 312 milhões em 2018 e o retorno do fluxo de caixa livre deve atingir 11%, patamar considerado atraente pelo banco. “Além disso, estimamos a negociação da empresa em 5,5xEV/ebitda de 2018, cerca de 8% abaixo da média histórica”, afirma Saragiotto.

 No lado positivo para a ação, o Credit Suisse destaca que o ciclo do gado no Brasil está prestes a mudar, dando suporte para as margens na operação da Minerva no Brasil, e a oferta global de carne deve se tornar mais concorrida, uma vez que a Índia deve sair do mercado de exportação de carne bovina.

 Os riscos para o investimento incluem a alta exposição a um único produto (carne), o potencial de desinvestimento da BRF, uma forte valorização do real, e uma persistente fraqueza na demanda interna, que pode impedir taxas de utilização mais elevadas.

 O Credit Suisse defende que a recomendação da compra das ações é um investimento de longo prazo, uma vez que a rentabilidade das plantas argentinas estão abaixo de seu potencial.

 Além disso, existe a possibilidade positiva da reabertura das outras quatro plantas na Argentina e de potenciais ganhos de sinergias, o que poderia aumentar as margens de ebitda em 2,50 pontos percentuais.