“Tenho muitos argumentos para mostrar a supremacia da análise técnica”, diz Márcio Noronha

 O Para da análise técnica Márcio Noronha esteve no domingo (10) no Master Trader Brasil

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – “Nunca tive a oportunidade de debater com um analista fundamentalista, mas eu teria muitos argumentos para mostrar a supremacia da análise técnica sobre a análise fundamentalista”, disse em uma provocação despretensiosa o cultuado analista técnico Márcio Noronha, no domingo (10), durante o Master Trader Brasil. 

“Com análise fundamentalista você pode quebrar, mas se for um analista técnico você só quebra se for burro e não seguir as regras. Se seguir as regras você não quebra”, atestou Noronha relembrando a crise do subprime dos Estados Unidos, que eclodiu em 2008 e sugou todo o mundo junto. 

A crise que quase ninguém pode prever e que era considerada impensável estava “escrita” nos gráficos. “Quem conhecia o básico de analise técnica teria zerado as posições compradas no topo e teria evitado prejuízos fantásticos”, disse Noronha.

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Sobre o momento atual, em que o Ibovespa acumula queda de mais de 5% em junho após o tombo de quase 11% em maio, Noronha afirma que os gráficos indicam um repique no índice para 78 mil pontos. E depois? “Não sei”, respondeu o analista provocando risos da plateia.

“Análise técnica não é capaz de prever o futuro, mas é capaz de te colocar na direção certa, fazer você operar na direção certa do mercado. Prever o futuro é impossível”, conta Noronha.

O analista, que já quebrou duas vezes e chegou a desistir temporariamente do mercado financeiro e ir plantar alface, conta que o segredo para ter reconstruído seu patrimônio está na disciplina e na adoção de estratégias assertivas. 

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“Para operar primeiro tem que se educar, tem que aprender análise técnica”, mas nem só de estratégias vive o trader. Noronha conta que é preciso cuidar também do lado emocional. “Sem controle emocional você não vai chegar a lugar nenhum. Se você não tiver disciplina, principalmente para o momento do prejuízo, não vai a lugar algum”, disse o analista visto como o “Papa da análise técnica”.

Para ajudar quem ainda não alcançou a excelência nos gráficos, Noronha deu algumas dicas sobre suas estratégias. A primeira delas, a simetria, foi adaptada do livro “The Adam Theory of Markets or What Matters Is Profit”, lançado em 1987 por Welles Wilder. “Não obtive resultados satisfatórios no início, mas fiz umas alterações e descobri minha ‘pedra filosofal’, que é a simetria adaptada por mim”, conta. 

Segundo ele, a estratégia é simples: Noronha não se baseia no resultado do Ibovespa para saber se o mercado subiu ou caiu no pregão. Ele pega todas as ações negociadas no dia e checa quantas caíram e quantas subiram, independente dos pesos no Ibovespa, até mesmo porque ele olha todos os ativos e não apenas aqueles que compõem o índice.

“O segredo é justamente excluir o peso. Na verdade o índice distorce muito, porque umas 15 ações pesam mais que 50% do Ibovespa e elas iludem, podem te levar a fazer uma leitura errada do mercado”, explica.

The trend is your friend: o mantra repetido por quase todos os traders, embora um senso comum, é uma realidade. “Quando você começa a aprender análise técnica eles falam que ‘a tendencia é sua amiga, opere a favor da tendência’. Eu sabia isso desde o início e nunca dei muita relevância. Hoje isso mudou e eu procuro operar sempre a favor da tendência”, conta.

Além da simetria, Noronha observa suporte, resistência e volume dos negócios (OBV). Ele conta também que fica de fora da maior parte dos negócios. “Eu deixo de operar algumas ações, só faço aquelas que são ‘perfeitas'”, explica Noronha, revelando que seu índice de acerto é de 50%, sendo que o valor dos lucros superam os prejuízos. “Sendo disciplinado, você consegue ganhar mais do que perder: 99% de uma operação é disciplina: você pode saber tudo, mas se não tiver disciplina, não vai ganhar nada”, finaliza.

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