Fundos brasileiros estão comprando ações da Vale

A avaliação de grandes gestoras como Mauá Capital, Quantitas e Apex é que a desvalorização das ações foi exagerada

Diego Lazzaris Borges

(divulgação)

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SÃO PAULO – As ações da Vale (VALE3) enfrentam um dia de forte queda nesta segunda-feira (28), primeiro pregão após a tragédia na barragem da mineradora em Brumadinho (MG). Às 17h14, os papéis despencavam 22,76% e eram cotados a R$ 43,37.

Mas, se boa parte do mercado está querendo vender a qualquer preço, alguns grandes investidores enxergam nessa queda uma oportunidade de compra. É o caso das gestoras Mauá Capital e Quantitas. A avaliação é que a desvalorização das ações foi exagerada.

Na conta feita por Wagner Salaverry, sócio da Quantitas, para justificar a perda de R$ 70 bilhões em valor de mercado registrada hoje, o fluxo de caixa da Vale teria de ser cerca de R$ 15 bilhões menor daqui para a frente. “Ainda que haja muita incerteza sobre o que vai acontecer com a empresa e qual será o tamanho das indenizações e dos custos de reconstrução e reparação ambiental, parece um valor alto demais”, diz Salaverry. 

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Renato Ometto, sócio da Mauá, acrescenta que a situação financeira da empresa é sólida: o endividamento foi reduzido e a geração de caixa é robusta. “A Vale tem recursos para sair dessa enrascada”, diz. “Depois de mais de 20% de queda, não faz sentido vender. Prefiro esperar para ver quanto a companhia vale de fato.”

A avaliação do mercado é de que a baixa das ações está sendo puxada por fundos que só aplicam em empresas reconhecidas por adotarem práticas sustentáveis – e são obrigados a vender quando algum critério é descumprido. “A situação precisa se estabilizar para conseguirmos fazer conta”, diz Ometto. O fundo Mauá Capital Ações tem cerca de 8% do patrimônio em papéis da Vale. O fundo da Quantitas tem cerca de 9%.

Outros fundos estão avaliando a compra de ações da mineradora. “Começamos a calcular e, com esse preço atual, acho que é para comprar”, diz o gestor Fábio Spinola, da Apex Capital.

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Para Spinola, os principais questionamentos do mercado devem ser se o regulador vai pedir mais Capex (investimento) para a operação das barragens e se haverá mais entraves nesse tipo de operação. Além disso é preciso calcular as indenizações às famílias. “É cedo para falar o que vai acontecer, porque depende das autoridades. Mas acho que o papel foi muito penalizado”, diz. O fundo não tinha posição nas ações da mineradora no dia do acidente.

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Outro gestor que avalia a compra de Vale é Henrique Bredda, do Alaska Black – um dos fundos de ações mais rentáveis dos últimos anos, conhecido pela sua gestão arrojada. Os fundos da casa já têm entre 8% e 10% do patrimônio em ações da mineradora. 

 “Provavelmente manteremos [a posição]. Passando o calor desses primeiros dias, reavaliaremos. É provável que a gente aumente a posição, mas não é certeza”, disse Bredda.

Segundo ele, a decisão de aumentar a exposição aos papeis da mineradora será tomada após uma avaliação mais detalhada sobre os impactos do acidente.

“Depende de quanto a ação vai cair, e também precisamos entender um pouco mais o tamanho dos danos dessa tragédia. Por isso precisaremos de um tempo para estudar um pouco mais esse assunto, e também pra ver onde o preço da ação vai se estabilizar”, afirmou.

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Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip