Case de investimento em Vale mudou radicalmente, diz gestor de ações

 "A empresa vinha gerando caixa e dava retorno para o acionista. A demanda da China por minério ainda era robusta e a companhia vinha se desalavancando. Agora tudo mudou", diz Alexandre Silvério, CIO da  AZ Quest

Diego Lazzaris Borges

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SÃO PAULO – Os papéis da Vale fazem parte da carteira de dezenas de fundos de ações e os últimos dias têm sido marcados por muitas reuniões entre gestores a analistas. O objetivo é avaliar o que será feito após o desastre com a barragem da empresa na cidade de Brumadinho (MG).

Um dos fundos que tem ações da mineradora é o AZ Quest FIA. Alexandre Silvério, CIO e responsável pela gestão, diz que ainda é cedo para afirmar qual o real impacto que o desastre terá sobre a companhia. “O case de investimento de Vale mudou radicalmente de sexta-feira (25) para agora. Cabe a nós reavaliarmos à luz das informações que temos hoje, e de acordo com nossos mandatos”, afirmou.

Até antes do acidente, o consenso entre os grandes investidores era que a tese de investimento em Vale era muito clara. “A empresa vinha gerando caixa e dava retorno para o acionista  – os dividendos esperados para este ano eram os maiores da história. A demanda da China por minério ainda era robusta e a companhia vinha se desalavancando. Isso valia até o acidente. Agora tudo mudou”, disse.

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A posição do fundo, que chegou a 14% do patrimônio em outubro do ano passado, já havia diminuído consideravelmente nos últimos meses – era de 7,5% no dia 24 de janeiro, véspera da tragédia. “Nós já estávamos underweight (com exposição menor que a média)”, disse  Silvério.

Segundo ele, o motivo da diminuição havia sido o surgimento de outras oportunidades no mercado doméstico – mesmo que a Vale tivesse bons fundamentos até o desastre, a equipe da Az Quest enxergava mais possibilidade de lucro em outras empresas.

“Optamos por diminuir a exposição ao longo destes últimos meses. Agora, estamos debatendo com toda a equipe e avaliando os próximos passos”, disse Silvério.

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Repercussão

Depois do rompimento da barragem, diversas casas de análise passaram a revisar a recomendação para os papéis da companhia. Foi o caso do Jefferies, Macquarie, HSBC e do BMO, que reduziram a recomendação de compra para o equivalente à manutenção. Os papéis estão sob revisão de recomendação pelo Bank of America Merrill Lynch. 

A agência de classificação de risco Standard & Poor’s colocou a Vale em CreditWatch com implicações negativas, dizendo que a empresa poderia enfrentar multas e a possível perda de sua licença para operar na região afetada pelo rompimento da barragem.

Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip