Brasileiros deixam 2,4 bilhões no pior “investimento” do ano; entenda

O resultado decorre de depósitos totais de R$ 181,7 bilhões e saques totais de R$ 179,3 bilhões da caderneta de poupança

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – O mês de maio foi bastante complicado para os investidores em geral, com a aversão ao risco generalizada – com a greve de caminhoneiros – derrubando as rentabilidades na Bolsa, fundos de investimentos em geral e até mesmo na renda fixa. Mesmo com a turbulência, uma aplicação não foi abalada: a poupança. Afinal, ela continua sendo o pior “investimento” do ano. 

Investimentos são feitos, em sua maior parte, para resultados de médio a longo prazo e os ativos de renda variável e mesmo a Bolsa devem se recuperar das perdas ao longo dos próximos meses, enquanto nada – de bom – deve acontecer com a rentabilidade da poupança. Apesar disso, os brasileiros deixaram, entre depósitos e saques, R$ 2,405 bilhões parados na poupança em maio. 

O resultado decorre de depósitos totais de R$ 181,7 bilhões e saques totais de R$ 179,3 bilhões, segundo dados divulgados pelo Banco Central nesta quarta-feira (6). Em um primeiro momento, essa pode parecer uma boa notícia, com mais dinheiro sendo poupado pelos brasileiros após a maior recessão da história e nível de desemprego ainda elevado.  

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No entanto, a falta de conhecimento sobre investimentos tão seguros quanto a poupança e com rentabilidade superior leva os brasileiros a optarem por uma aplicação com ganhos extremamente baixos. A alegação de boa parte desses investidores é que a caderneta de poupança é isenta de imposto de renda, o que na teoria poderia significar alguma vantagem em relação ao rendimento. Puro engano.

O InfoMoney simulou quatro comparações com aplicações conservadoras e em todas o investidor consegue ganhos superiores ao da poupança.

Veja simulação de investimentos:
Aplicação de R$ 100 mil por 24 meses Rendimento livre de impostos* Resultado livre de impostos* Rentabilidade líquida (livre de impostos)
Poupança R$ 10.919,26 R$ 110.919,26 5,30% ao ano
CDB de 120% R$ 16.019,79 R$ 116.019,79 7,70% ao ano
CDB de 110% R$ 14.572,44 R$ 114.572,44 7,03% ao ano
Tesouro Selic R$ 12.424,39 R$ 112.424,39 6,02% ao ano

*Cálculo feito no Simulador do Tesouro Direto. CDBs e Tesouro Selic têm incidência de imposto de renda, mas já foram descontados. 

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Por que a poupança rende tão pouco?
Desde maio de 2012 estão em vigor as novas regras para o cálculo do rendimento da poupança. As aplicações feitas após essa data, a rentabilidade é de 0,5% ao mês, ou 6,17% ao ano, mais o valor da TR (Taxa Referencial). Esse cálculo vale apenas quando a taxa Selic for igual ou inferior a 8,50% ao ano.

Quando a Selic estiver abaixo de 8,50%, a poupança rende 70% da Selic mais o valor da TR. Com o patamar atual da taxa básica de juros em 6,50%, a caderneta tem rentabilidade de 0,37% ao mês, ou 4,55% ao ano, o equivalente a 70% da Selic mais TR. 

Para os valores depositados antes de 3 de maio de 2012, quando entrou em vigor o novo cálculo, a rentabilidade é de 0,5% ao mês, ou 6,17% ao ano, mais TR, independente do valor da Selic vigente. 

A rentabilidade é calculada no “aniversário da poupança” mensal, ou seja, no dia de sua abertura. Quem fizer o saque da poupança no dia 2 e o aniversário for no dia 3, por exemplo, perde a rentabilidade do último mês.

Mas o que é a TR?
A Taxa Referencial surgiu no início da década de 1990, durante o Plano Collor II, com o objetivo de ajudar a controlar a inflação do país na época. Após o período de hiperinflação, a TR é usada para correção da poupança FGTS, títulos públicos e até mesmo alguns financiamentos imobiliários.

O Banco Central é responsável por calcular a TR após uma pesquisa com os principais bancos do país com base nas taxas de juros dos CDBs (Certificado de Depósito Interbancário). 

Veja o rendimento da TR nos últimos 10 anos:

Ano Taxa TR
2018* 0%
2017 0,60%
2016 2,01%
2015 1,80%
2014 0,86%
2013 0,19%
2012 0,29%
2011 1,21%
2010 0,69%
2009 0,71%

Fonte: Banco Central
*acumulado até 5 de junho

Quando vale a pena colocar o dinheiro na poupança?
A resposta mais direta é nunca. As características vistas como vantajosas da poupança podem ser divididas em quatro – e todas elas são encontradas em outras aplicações de renda fixa:

>> são isentas de imposto de renda e taxas de administração
>> têm liquidez diária
>> permite aportes de valores baixos
>> são garantidas pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito)

Do ponto de vista da isenção de impostos e taxas, há outras aplicações em renda fixa que são isentas. São os casos da LCI (Letra de Crédito Imobiliário)e da LCA (Letra de Crédito Agrícola), que também são protegidas pelo FGC.

Além dessas alternativas, existem ainda CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários), CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) e debêntures incentivadas, que também são ativos isentos de impostos e taxas, mas não têm cobertura do FGC. 

Por isso, é importante observar o rating atribuído ao título. Nas corretoras, é possível verificar a avaliação das agências de ratings. Tal qual os países são avaliados e recebem uma nota de acordo com seu risco, muitas aplicações também vêm com esse “selo” que ajuda os investidores a escolher os títulos mais seguros. 

Para quem precisa de uma reserva de emergência e possibilidade de retirada imediata do valor aplicado, existem os CDBs de liquidez diária, em que é possível sacar seu dinheiro a qualquer momento. Os CDBs pagam imposto de renda, mas sua rentabilidade costuma ficar acima da poupança mesmo após os descontos.

O Tesouro Selic também é uma possibilidade de aplicação para eventuais emergências, mas seu saque é liberado um dia útil após a solicitação do valor. Como o próprio nome diz, a rentabilidade está atrelada ao valor da Selic em sua totalidade, enquanto a poupança paga apenas 70% da taxa. Há incidência de imposto de renda, mas o valor líquido ainda é maior que da caderneta.

Os títulos são têm garantia do FGC, mas são atrelado à dívida do governo, ou seja, o investidor só não recebe se o país quebrar. Se isso acontecer, muitos bancos e cadernetas de poupança já terão desmoronado no caminho. 

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