Brasileiros pouparam R$ 7,3 bilhões neste ano – e colocaram no lugar errado

A diferença dos ganhos entre a poupança e o CDB que paga 123% do CDI em três anos é de quase R$ 10 mil em três anos

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – Uma das maiores dificuldades de quem está começando a poupar uma parte da renda para investir é justamente conseguir guardar o dinheiro e não se levar pelas tentações do consumo. Mesmo com o orçamento apertado, os brasileiros conseguiram acumular R$ 7,3 bilhões na caderneta de poupança no primeiro semestre do ano. O valor é referente à captação líquida da poupança divulgado pelo Banco Central.

De janeiro a junho, os depósitos superaram os saques em caderneta de poupança em R$ 7,3 bilhões, no melhor resultado para o período desde 2014. Com o maior número de depósitos, o estoque total subiu para R$ 740,639 bilhões no mês passado. O estoque total inclui, além do saldo de depósitos e saques, os rendimentos dos valores das cadernetas.

Em um primeiro momento, essa pode parecer uma boa notícia, com mais reais sendo poupados pelos brasileiros após a maior recessão da história e nível de desemprego ainda elevado. No entanto, a falta de conhecimento sobre investimentos tão seguros quanto a poupança e com rentabilidade superior leva os brasileiros a optarem por uma aplicação com ganhos extremamente baixos. 

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A alegação de boa parte desses investidores é que a caderneta de poupança é isenta de imposto de renda, o que na teoria poderia significar alguma vantagem em relação ao rendimento. Puro engano. O InfoMoney simulou seis comparações com aplicações conservadoras e em todas o investidor consegue ganhos superiores ao da poupança.

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Investimentos
Poupança R$ 16.760,64 R$ 116.760,64
CDB Pine – JUL/2021
123% do CDI
R$ 26.595,59 R$ 126.595,59
Tesouro Selic R$ 19.984,09 R$ 119.984,09
LCA Banco ABN
JUL/2021
93% do CDI
R$ 22.861,83 R$ 122.861,83
LCI BTG Pactual
JUL/2021
96% do CDI
R$ 23.667,67 R$ 123.667,67

Cálculo feito no simulador do Tesouro Direto em 30 de julho
* Valores com impostos já descontados

Em todos os investimentos simulados, mesmo quando há incidência de imposto de renda, a poupança perde em rentabilidade. A diferença dos ganhos entre a poupança e o CDB que paga 123% do CDI em três anos é de quase R$ 10 mil. 

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É importante lembrar que as simulações têm como objetivo apenas mostrar quanto o montante poderia render em determinada aplicação, mas em nenhuma hipótese é aconselhado aplicar todo o seu patrimônio em um só investimento.

O ideal é que uma carteira de investimentos com valor elevado seja acompanhada por um especialista em finanças e seja bastante pulverizada – não apenas entre produtos diferentes, mas também entre variadas classes de ativos: renda fixa, variável, proteção cambial, exposição ao mercado imobiliário, etc – sempre levando em consideração o perfil de risco do cliente.

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Por que a poupança rende tão pouco?

Desde maio de 2012 estão em vigor as novas regras para o cálculo do rendimento da poupança. Nas aplicações feitas após essa data, a rentabilidade é de 0,5% ao mês, ou 6,17% ao ano, mais o valor da TR (Taxa Referencial). Esse cálculo vale apenas quando a taxa Selic for igual ou inferior a 8,50% ao ano.

Quando a Selic estiver abaixo de 8,50%, a poupança rende 70% da Selic mais o valor da TR. Com o patamar atual da taxa básica de juros em 6,50%, a caderneta tem rentabilidade de 0,37% ao mês, ou 4,55% ao ano, o equivalente a 70% da Selic mais TR. 

Para os valores depositados antes de 3 de maio de 2012, quando entrou em vigor o novo cálculo, a rentabilidade é de 0,5% ao mês, ou 6,17% ao ano, mais TR, independente do valor da Selic vigente. 

A rentabilidade é calculada no “aniversário da poupança” mensal, ou seja, no dia de sua abertura. Quem fizer o saque da poupança no dia 2 e o aniversário for no dia 3, por exemplo, perde a rentabilidade do último mês.

Quando vale a pena colocar o dinheiro na poupança?

A resposta mais direta é nunca. As características vistas como vantajosas da poupança podem ser divididas em quatro – e todas elas são encontradas em outras aplicações de renda fixa:

>> são isentas de imposto de renda e taxas de administração
>> têm liquidez diária
>> permite aportes de valores baixos
>> são garantidas pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito)

Do ponto de vista da isenção de impostos e taxas, há outras aplicações em renda fixa que são isentas. São os casos da LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e da LCA (Letra de Crédito Agrícola), que também são protegidas pelo FGC.

Além dessas alternativas, existem ainda CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários), CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) e debêntures incentivadas, que também são ativos isentos de impostos e taxas, mas não têm cobertura do FGC. 

Por isso, é importante observar o rating atribuído ao título. Nas corretoras, é possível verificar a avaliação das agências de ratings. Tal qual os países são avaliados e recebem uma nota de acordo com seu risco, muitas aplicações também vêm com esse “selo” que ajuda os investidores a escolher os títulos mais seguros. 

Para quem precisa de uma reserva de emergência e possibilidade de retirada imediata do valor aplicado, existem os CDBs de liquidez diária, em que é possível sacar seu dinheiro a qualquer momento. Os CDBs pagam imposto de renda, mas sua rentabilidade costuma ficar acima da poupança mesmo após os descontos.

O Tesouro Selic também é uma possibilidade de aplicação para eventuais emergências, mas seu saque é liberado um dia útil após a solicitação do valor. Como o próprio nome diz, a rentabilidade está atrelada ao valor da Selic em sua totalidade, enquanto a poupança paga apenas 70% da taxa. Há incidência de imposto de renda, mas o valor líquido ainda é maior que da caderneta.

Os títulos são têm garantia do FGC, mas são atrelado à dívida do governo, ou seja, o investidor só não recebe se o país quebrar. Se isso acontecer, muitos bancos e cadernetas de poupança já terão desmoronado no caminho. 

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